A Bela E A Fera No Internato

73°

Ali on:
Então, nós já voltamos pra escola faz mais ou menos um mês. Bom, especificando, já estamos no final de agosto. Daqui à duas semanas é o casamento da Bre e do Pirata. Eu e as meninas estamos ajudando no possível, como eles só começaram a organizar DOIS meses antes, os fins de semanas tem sido tensos... Pois é, para você que se iludiu achando que eles já estavam com algumas coisas prontas quando contaram: Não, eles tinham acabado de marcar a data na igreja. É sério, essa coisa de deixar tudo pra última hora é de família. Sem falar que tá um porre ajudar a organizar a festa, ajudar a escolher o vestido de noiva, escolher meu vestido de madrinha e ir nos ensaios, sendo que a gente tá na porra do fim do trimestre.

Bom, hoje é sábado e vocês não tem noção da guerra que foi contra a Brenna, pra explicar que não ia poder ir com as gurias hoje.

Aí vocês devem tá se perguntando (ou não): Por que tu não vai, porra?!

E eu respondo: Tenho um compromisso com o Leonardo.

Aliás, esse fim de semana, é a prova de que milagres existem. Porque o Léo conseguiu me convencer a não ir com elas, pra ir no jogo dele. Se bem que, é minha responsabilidade ir nesse jogo como namorada dele. Afinal, é a final e é super importante pra ele. A propósito, tá tudo perfeito entre a gente. Tá, quase perfeito. O Léo tem reclamado bastante da gente quase não ter tempo junto, por causa dessa merda (sim, já to nesse nível de rancor desse casamento) de casamento. Na verdade, todos os meninos tão assim e as brigas entre casais nas nossas rodinhas, estão frequentes. De acordo com a Brenna, ela e o Pirata quase não tão se vendo e quando se vêem, 37% do tempo é discutindo.

O único que tá de boa é o Caíque, que já pegou metade da Integral (🙄), mas nessa última semana quase não tá passando tempo com a gente. O Math falou que ele tá saindo com uma guria -que ele já pegou-, mas que ninguém sabe quem é porque ela é quietinha. Na moral? O Caíque ficou uns dias falando que tinha achado a Laura muito "gatinha" (PS: palavras dele), e se for ela, eu dou maior apoio, porque ela é uma das poucas que prestam e que são legais daqui. Porém, ia ser um milagre.

Outro milagre, também proporcionado pela São Paulo Integral Education!

Léo: Tu tá pensando em que? -perguntou passando a mão em minha coxa.
Ali: Que se pá, a mina do Caíque é a Laura. Ía dar maior apoio. -dei de ombros.
Léo: Ía ser legal o Caíque com uma mina direita, porém, mina direita não é a vibe dele. -rimos.
Ali: Minha alma num corpo com pau, também não era minha vibe. E olha agora. -rimos novamente.- Onde que vai ser esse jogo, porra? -perguntei ansiosa.

Já fazia uns trinta minutos que nós estávamos dentro do carro e não chegávamos nunca na escola que seria o jogo.

Léo: Aqui ó. -respondeu apontando para um ginásio cercado por adolescentes.

Ele parou o carro um pouco mais a frente (na única vaga que tinha) e nós voltamos ao ginásio. Assim que entramos o Leonardo foi para o vestiário, já que ele tava um "pouquinho" atrasado. Como eu tava sozinha, não foi muito difícil achar um lugar na arquibancada, já que é fácil achar alguns cantos abandonados. Aliás, tinha dois lugares num canto na terceira fileira da arquibancada. Nunca me senti tão feliz por não ter que subir tanto, levando em conta que até então, os únicos livres que eu tinha visto eram nas últimas fileiras.

Me sentei no espaço mais próximo à parede. Ainda faltavam 15 minutos para o jogo começar, então peguei o celular. Fiquei olhando o feed do Facebook por um tempo, confesso que não é uma das minhas redes sociais favoritas, na verdade, fazia dias que eu não entrava. Alguns, poucos, minutos depois um cabelo loiro num corpo bem formado, vestindo uma regata branca e um short preto, de Adidas e boné, se sentou ao meu lado. Não tinha visto o rosto, mas sabia que conhecia. Fiquei fitando a guria ao meu lado. Ela tava com a cabeça baixa, o que dificultava minha visão de seu rosto, já que o cabelo o escondia. Eu não posso simplesmente segurar o rosto dela e virar pra mim, mas era a vontade que eu tinha. Faltavam cinco minutos pro jogo começar, quando eu desisti de ficar esperando ela levantar o rosto e voltei a mexer no celular. Segundos depois, pelo canto dos olhos, vi que ela FINALMENTE levantou o rosto.

Chefe é chefe, né pai? Eu sabia que conhecia.

Ali: Laura? -chamei-a ao identifica-la.

Ela me olhou imediatamente e deu um sorriso tímido, parecendo não saber o que dizer.

Laura: Oi... Alícia.. -me cumprimentou timidamente, mas não parecia ser de má vontade.
Ali: Nossa, -soltei um riso rápido.- não precisa me chamar de Alícia, Ali tá de boa. -ela sorriu e assentiu.- Mas o que tá fazendo aqui? Algum dos meninos te chamou, -falei em um tom malicioso, quase sem querer.- ou tu gosta de futebol mesmo? Por que se for isso, acho que esse jogo não é muita coisa. -rimos.
Laura: Na verdade, nenhum dos dois. Eu vim por causa do meu irmão mesmo. -revirou os olhos.

Franzi o cenho tentando lembrar de quem ser o "irmão da Laura".

Laura: Lasanha. -respondeu a pergunta que eu nem cheguei a fazer, com tédio.

Automaticamente um "O" se formou em minha boca. Como pode duas pessoas tão diferentes serem irmãos? A Laura é tão certinha, quietinha e pá, o Lasanha tão problemático e causador, sei lá.

A palavra certa seria drogado, mas eu não tenho condições -nem moral- de chamar alguém de drogado.

Eu e o Matheus somos parecidos em quase tudo. O Léo e a Leeh tem temperamentos parecidos ("parecidos" o caralho, parecido é o meu. Os dois são iguais). O Iam e o Modinha (apelido carinhoso que eu e as gurias demos ao Brayan), são tipo gêmeos de idades diferentes, pensa que o Modinha é o xerox do Iam.

Laura: Eu sei que é estranho. -suspirou.- Eu não suporto ele, e não em sentido de irmãos, não. A gente já tentou se matar de verdade. -deu de ombros.
Ali: U.A.U. -ela deu uma risada abafada.

Assim que eu terminei de soletrar o que se passava na minha cabeça, o diretor da escola rival começou a falar e o jogo começou.