Capítulo 22

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- Estou certo de que seu pai saberá achar para mim um emprego condizente com minha condição de genro. Brad sorriu, complacente. - Alguma coisa que pague muito bem, mas que não lhe ocupe muito tempo - concluiu ela, dilatando os olhos, num ar de falsa inocência. - É isso aí, exatamente. - Ele abriu um sorriso. - Mas isso fica para mais tarde. Agora, vamos nos mudar para Acapulco, para passar uns dias preguiçosos na praia. - Brad enfiou o dedo na alça do sutiã e arrancou-o da mão dela. - Não precisa disso - declarou, tirando-o do seu alcance. - Devolva o meu sutiã - disse Sheila, recusando-se a tentar puxá-lo da mão dele. - Hoje vamos fazer uma viagem de carro longa e chata. - Jogou o sutiã dentro da mala e fechou-a. - Vouquerer uma diversãozinha, de vez em quando. E sei que minha mulherzinha também. Sheila afastou-se, estremecendo, do toque abrasivo dos dedos dele. A mão ficou pairando no ar, enquanto ele lhe lançava um olhar demorado e tranqüilo. - Não há necessidade de bancar a tímida. Estamos casados. Volte aqui. Não tenho tempo de ser paciente com você agora como fui ontem à noite. - Você foi paciente ontem à noite? Ela respirou com dificuldade. - Mais paciente do que estou sendo agora. De qualquer modo, você gosta é da técnica do homem das cavernas. - Fechou a mão sobre o seio, acariciou-o brevemente, antes que Sheila se afastasse. Brad soltou uma risada. - Pode vestir a blusa, agora. Vou fazer as malas enquanto você pega as coisas no banheiro. Entorpecida com a revelação do verdadeiro Brad Townsend, Sheila obedeceu. Quando saiu do banheiro, Brad já estava pronto para ir embora. Segurou-a pelo cotovelo, foi andando depressa pelo corredor, na direção da saída. - Não vamos comer alguma coisa, ou pelo menos tomar café? - falou Sheila, tentando diminuir o passo, enquanto ele a empurrava para a porta. Ele olhou desdenhosamente à sua volta. - Não, quero sair deste lugar. Vamos parar mais tarde em algum canto. Não havia ninguém no pequeno estacionamento do hotel. Sheila sentou-se no banco do lado do motorista, enquanto Brad arrumava as malas no banco de trás do Thunderbird azul. Ao sentar-se ao volante, debruçou-se para beijá-la. Sheila virou a cabeça no último instante, e ele beijou-lhe o canto da boca, apenas. - Ainda tem vergonha de fazer carinho em público? - debochou ele. - Vamos ver se conseguimos livrá-la de algumas das suas inibições durante a viagem. - Piscou o olho e deu partida ao carro. Enquanto Brad guiava pelas ruas de Juárez, Sheila se encolhia o mais perto possível da porta. Cansada e desanimada, sentia-se encurralada pelo destino. A seda cor de creme da sua blusa era fria deencontro à pele nua, um lembrete físico do tipo do homem que era Brad. Os arredores de Juárez, com as suas favelas esquálidas, logo ficaram para trás. Um grupo de operários que consertavam um pequeno trecho da auto estrada forçou Brad a diminuir temporariamente a velocidade. Logo a seguir, recomeçaram a correr. A cada giro do volante, dentro de Sheila crescia a certeza de que havia cometido um erro terrível. Trataria de arranjar uma anulação, um divórcio, qual quer coisa que pusesse fim a esse casamento de farsa. Tendo tomado a decisão, uma exaustão que era a um só tempo física e mental começou a dominá-la. Logo adormecia, embalada pelo ritmo constante do motor e o girar das rodas. Foi um sono pesado, sem sonhos. Horas e quilômetros se passaram antes que o desconforto do banco do carro começassem a incomodá-la, forçando-a a acordar. O pescoço estava duro e doído, e a cabeça sacudia-se contra o encosto. Esfregando o pescoço, Sheila abriu os olhos devagarzinho. Com dificuldade, fixou o olhar na paisagem. Lembrava a do oeste do Texas em muitos aspectos, mas a imponência das montanhas da Sierra Madre à sua frente confirmava que estavam no México. Não estavam mais viajando na auto-estrada. Uma trilha de chão batido irregular se estendia diante deles, em meio à vegetação rasteira, esburacada, que provocava solavancos. Sheila olhou confusa para Brad. - Onde estamos? - A garganta ressequida tornava-lhe a voz rouca. A linha do queixo dele estava rígida e irada. Nem tirou os olhos da trilha para olhar para ela. - Devíamos estar num atalho das montanhas até a costa oeste, mas não creio que o mexicano burro que mefalou nele soubesse o que dizia. - Seria impossível você ter tomado a estrada errada - comentou Sheila com um sarcasmo seco.

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