Capítulo 6

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- Eu a amo. - Deu-lhe um beijo profundo e demorado para reforçar as palavras. - Um ano - gemeu Brad quando ergueu a cabeça. - Não posso esperar um ano.Sheila esfregou a testa contra o seu queixo num gesto felino e soltou um suspiro. - Eu sei. - Relutante, procurou soltar-se do seu braço. - E você não pode mais se demorar aqui, caso contrário vai perder o emprego. Ele afastou os braços que a envolviam, dando-lhe um leve beijo. - Se a recepção não estiver muito movimentada, ligo para você à noite. - Estarei em casa - prometeu Sheila. - E é melhor que esteja sozinha - rosnou ele, numa ameaça simulada. - Vou pensar no seu caso. Sorriu e afastou-se sem beijá-lo de novo. Isso serviria apenas para prolongar um momento que já se estendera demais. Enquanto Sheila se sentava ao volante do seu Thunderbird e ligava o motor, Brad ainda permanecia onde ela o deixara. Ergueu a mão num aceno de despedida quando ela manobrou e saiu da vaga. Sheila retribuiu o aceno, sentindo-se muito satisfeita. Rodando pela rua, pegou-se cantarolando a melodia de uma triste canção de amor. A letra melancólica era sobre um amor que não dera em nada. Sheila agarrou o volante, irritada, culpando a música por fazê-la recordar a discussão, e não sua conclusão satisfatória. Dinheiro. Que coisa estúpida para provocar briga, pensou. Sheila se perguntava se as pessoas pobres eram naturalmente mais orgulhosas, ou se Brad simplesmente tinha obsessão por ele. Por alguns minutos, durante a briga, pensara que era paranóico, e sentira uma pontada de incerteza. As janelas do carro estavam abertas, e Sheila sacudiu a cabeça, deixando o vento brincar-lhe no rosto. Tudo ia dar certo. Tinha confiança absoluta nisso. Brad era um diamante bruto, precisando de um pouco de polimento para se encaixar no seu mundo. Só isso. Tão logo ela o conseguisse, iriam formar um par muito bonito. Com o dinheiro dela e os contatos de seus pais, o céu seria o único limite para o futuro deles. Alegre, luminoso, sem nuvens.  Ao cruzar a porta da frente, os saltos das suas sandálias enterraram-se no carpete espesso cor de creme. Pelo padrão geral, a casa tipo estância dos seus pais era quase uma mansão, mas, para Sheila, era simplesmente o seu lar. Uma empregada apareceu silenciosamente no saguão. Sheila entregou à mulher a bolsa e a cara pasta de couro contendo os livros e papéis escolares. - Quer levar isso para o meu quarto, Rose! - pediu, esperando o gesto afirmativo antes mesmo que fossedado. - Minha mãe está em casa? - A Sra. Rogers está na sala de estar. - Obrigada. O carpete espesso abafou os passos de Sheila enquanto ela se dirigia para o amplo corredor que dava para o quarto dos pais e a sala de estar adiante. Diante da porta, bateu uma vez, depois entrou. - É você, meu bem? - perguntou a mãe, do quarto de dormir. - Depende do "bem" a quem você se está referindo... eu ou o papai - riu-se Sheila. - Estava me referindo ao seu pai. - Constance Rogers apareceu na porta de ligação, apertando o cinto do robe longo, cor de areia do deserto. - Vamos dar um jantar político hoje à noite, e eu lhe pedi para voltar cedo para casa. Mas você é igualmente bem-vinda, Sheila, embora eu estivesse esperando que viesse para casa mais cedo.Constance Rogers era uma versão mais velha e mais elegante da filha. O cabelo louro exibia um penteadomais curto e sofisticado, com o tom clareado pela invasão de fios brancos. O corpo também era esguio e firme, mas sem a pujança das curvas de Sheila. - Demorei-me um pouco depois da última aula - explicou Sheila. Os olhos astutos, cor de amêndoa, correram-na de alto a baixo, sem deixar escapar nada. - Precisa retocar o batom. Além disso, foi se encontrar com Brad antes de vir para casa - concluiu a mãe, com um toque de aborrecimento na voz. Sheila adiantou-se mais para dentro do quarto, evitando momentaneamente o olhar astuto da mãe.

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