Ele agarrou um punhado de seus cabelos e forçou-lhe a cabeça para trás, derramando à força um pouco dolíquido por entre os seus lábios. Queimou-lhe a garganta como fogo. Tossindo e sufocando, Sheila afastou a garrafa da boca, e Laredo não voltou a forçá-la. Quando a ardência diminuiu, Sheila pôde respirar sem sentir que seus pulmões estavam em fogo. A dose de álcool detivera a sua histeria e reduzira os soluços a uns sons secos e ásperos. Pousou a cabeça exausta no ombro de Laredo, agradecida pelo apoio do braço que a envolvia. Os cílios molhados pelas lágrimas se abriram devagar, o olhar atraído para a frieza inflexível dos olhos de Ráfaga. Sheila teve que suportar o seu olhar gélido por apenas um segundo, antes que a porta se abrisse e desviasse a sua atenção. Desta feita, Sheila teve razão para estremecer. Dois homens vinham arrastando e carregando um terceiro para dentro da sala. Uma onda de nojo tomou conta dela ao vê-lo. Estava sem camisa, o tórax robusto e nu, exposto. A despeito da sua gordura, Sheila sabia que seus músculos não eram flácidos. Uma atadura improvisada envolvia a cintura larga, O tecido manchado com o seu próprio sangue. Agora Ráfaga não podia duvidar dela, pensou Sheila, olhando para ele com amargura. Suas feições contraíam-se em linhas cruéis e implacáveis, friamente distantes. A luz do lampião refletiu o brilho de algo metálico em sua mão. Sheila baixou o olhar e viu uma faca, a faca de Juan, aquela que usara para esfaqueá-lo. Ráfaga deu um passo vagaroso e ameaçador na direção do homem seguro pelos outros. A expressão dos seus olhos encheu o coração dela de um terror gelado. Ráfaga ia matá-lo. Ela o sabia. Sheila até mesmo queria ver Ortega morrer; no entanto, parte dela recuava ante o que estava acontecendo. Quando Ráfaga deu o segundo passo, o assassino de Brad deve ter-se dado conta da sua intenção, e começou a balbuciar em espanhol. Quase choramingava. Sheila olhou para Ráfaga, esperando ver o desprezo estampado nas suas feições duras. Estava parado, imóvel, os ombros rígidos. Um músculo se contraía no seu maxilar. Houve uma mudança sutil na atmosfera da sala. Sheila sentiu que a atenção dos demais presentes se desviava para ela. Levantou os olhos para o rosto de Laredo, que olhava para ela, examinando-lhe as feições com uma expressão mista de ceticismo e severidade. Ela sentiu um arrepio gelado descer-lhe pela espinha. - O que foi? - indagou, desconfiada. - O que ele está dizendo a meu respeito? Sheila exigiu uma tradução. Laredo olhou-a por um minuto, antes de responder. - Disse que estava de guarda do lado de fora e você veio até a porta, fazendo sinal para que ele entrasse. Sabia que não devia, mas era de noite e pensou que podia haver algum problema. Sheila começou a sacudir a cabeça, afastando-se do braço que lhe envolvia os ombros. - Não! - negou com veemência. - Disse que você começou a falar com ele - continuou Laredo. - Não entendia o que você dizia, mas achava que queria deixar o desfiladeiro e estava pedindo a ajuda dele. Como ele recusasse, você se aproximou e deixou o cobertor cair ao chão. Depois abraçou-o, e foi então que ele perdeu a cabeça. Foi aí que você pegou a faca e o feriu. Disse que foi enganado, e que você teria fugido se não lhe tivesse batido. - Não é verdade! - protestou violentamente. - Ele jura pela Santíssima Virgem - replicou Laredo, secamente. - Não é verdade! - Sheila virou-se para Ráfaga. inconscientemente, cruzou o espaço que os separava - Não é verdade! - repetiu. Era imperativo que Ráfaga acreditasse nela. Mas estava tão distante como uma estátua de bronze a fitá-la com olhos sem visão. Sabia que tanto ele quanto Laredo estavam se lembrando da vez em que tentara obter a ajuda de Laredo para fugir. Agarrando a coberta com uma das mãos, Sheila acercou-se mais dele, curvando o braço à volta dos músculos da cintura dele. - Nem uma só palavra do que ele disse é verdade! - A voz estava rouca de emoção. - Ele veio até o nosso quarto enquanto eu dormia. Tentou me possuir à força. Por que você acha que lhe pedi para me abraçar e me beijar? Algo faiscou nos olhos dele, uma luz ardente que aqueceu Sheila. O braço instintivamente envolveu as costas dela para puxá-la para junto do seu corpo musculoso. O cobertor escorregou de um dos ombros, e a mão pousou na nudez da sua pele numa meia carícia. Foi então que Juan, o seu atacante, falou de novo, e Sheila sentiu o calor indo embora do toque de Ráfaga. - O que foi que ele disse! - indagou, colando-se mais ao corpo de Ráfaga e tentando romper a barreira que ele subitamente erguera.
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A Caricia Do Vento
RomantizmConta a história de Sheila e Ráfaga, Sheila uma linda mulher de pais ricos se vê em uma grande decepção com seu marido Bred, após ser abusada em plena lua de mel ,e por fim saber as reais intenções de Bred acaba sendo sequestrada por Ráfaga e seus c...