Sheila acariciou o pescoço úmido da ruana. Seguiram em frente, alternadamente a meio galope, a trote e a passo, Sheila não tinha idéia de quantos quilômetros tinham viajado, nem quanto tempo se passara. O sol começara a se pôr a oeste. Restavam apenas algumas horas de luz do dia. Foi então que alguma coisa alertou Sheila. Virou-se para ver meia dúzia de cavalos e cavaleiros galopando diagonalmente na sua direção. Reconheceu Ráfaga instantaneamente. Por uma fração de segundo pode apenas fitá-los, incapaz de reagir. Esporeou os flancos do animal, e este disparou. Em duas grandes passadas, a égua estava galopando. Adiante, Sheila enxergou uma extensão de terra longa e muito plana. Se pudesse chegar até lá, sabia que a égua velocíssima deixaria os outros cavaleiros para trás. Mas Ráfaga também devia tê-la enxergado, e deduzido a mesma coisa. Não subestimava a velocidade da montaria de Sheila. Vinham cavalgando à tola num ângulo para interceptá-la antes que chegasse à área plana. Era tarde demais para desejar tê-los visto um minuto mais cedo. inclinando-se para a frente na sela, enterrou o rosto na crina esvoaçante do animal. Sentiu o animal distender-se, como se compreendesse a necessidade desesperada da sua amazona de uma maior velocidade. Cada músculo da égua dava o máximo de si, tentando vencer a corrida para a liberdade. Sheila inclinou a cabeça para o lado, olhando por entre a crina clara para distinguir a distância a que se achavam seus perseguidores. Enxergou-os, ainda um tanto longe, o ângulo aumentando. - Vamos conseguir, Arriba! - gritou, exultante. - Vamos conseguir! Não havia possibilidade de Ráfaga interceptá-la antes de chegarem ao terreno plano. Ela sentiu uma pontada de dor no peito. Por um segundo, teve vontade de que ele a alcançasse. Queria que a levasse de volta ao desfiladeiro. Mas não diminuiu a velocidade da égua naquele momento de fraqueza. Quando ela e Arriba cruzaram a linha invisível que lhes dava a vitória, Sheila viu Ráfaga frear o cavalo, admitindo a derrota. Viu de relance os movimentos bruscos do baio, ao parar de chofre. A seguir desviou rapidamente o olhar. Continuou abaixada na sela, encolhida sobre o pescoço da égua, mas suas mãos não mais exortavam o animal a dar o máximo de si. Mesmo assim, a ruana não diminuiu a velocidade. Simultaneamente, uma explosão rasgou os ares, e a égua cambaleou, interrompendo o galope. A ruana tentou recuperar-se, esforçando-se para manter o equilíbrio. Atordoada, Sheila tentou ajudar, puxando as rédeas para erguer a cabeça da égua e firmar-lhe as pernas. Mas era tarde demais. A égua caía ao chão. Sheila mal teve tempo de soltar os pés dos estribos e pular da sela. Voou pelo ar. Depois, tudo escureceu. Quando abriu os olhos, deparou com a fisionomia carrancuda de Ráfaga. Por um instante de atordoamento,Sheila não soube onde estava, ou o que acontecera. Tentou se mexer, e sentiu uma forte dor na cabeça. - Foi uma idiota em tentar fugir - rosnou ele, apertando os lábios. Sheila fechou os olhos. - Eu sei - concordou, com um pequeno soluço. Sentiu lágrimas nos olhos. Não sabia se queria chorar porque tinha falhado na tentativa de fuga, ou porque estava contente por ele tê-la alcançado. Era uma idiota por muitos motivos. - Está sentindo dor? - perguntou rudemente. - Estou - gemeu Sheila, os pulmões estourando com o esforço. - Onde? - perguntou, sem compaixão na voz, apenas raiva. - Minha cabeça. - Tentou erguer a mão trêmula para tocar o local e descobriu um milhão de outros locais que doíam. - Em toda parte - arquejou. - Fique imóvel - ordenou Ráfaga. A despeito da raiva, o seu toque era surpreendentemente suave enquanto as mãos procuravam ferimentos específicos. Sheila ficou confortada por isso. O entorpecimento estava começando a desaparecer. Excetuando a dor na cabeça, achava que não estava seriamente ferida em mais nenhum lugar, era só uma pisadura grande devido à queda. Ráfaga chegou à mesma conclusão. - Não há nada quebrado. - Arriba... - Sheila ia perguntar pelo estado da égua valente, mas Ráfaga já estava ajudando-a a pôr-se de pé, sustentando-a pelos ombros.
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A Caricia Do Vento
Любовные романыConta a história de Sheila e Ráfaga, Sheila uma linda mulher de pais ricos se vê em uma grande decepção com seu marido Bred, após ser abusada em plena lua de mel ,e por fim saber as reais intenções de Bred acaba sendo sequestrada por Ráfaga e seus c...