- Não posso impedir - foi a resposta seca. Sheila correu os olhos pelo vale antes de desmontar, surda aos apelos que Laredo fazia em seu favor. Omeigo Juan apareceu ao seu lado, o chapéu na mão, os olhos escuros cheios de dor. - Señora... - começou ele. Sheila olhou para ele, vendo o sentimento de culpa na sua expressão. Permitiu aos seus sentidos entorpecidos uma ligeira sensação. - Não é culpa sua - tranqüilizou-o, serenamente. - Sinto muito quanto a Arriba. Não cuidei muito bem dela. - Señora, por favor, eu... Porém Sheila se afastou, ignorando-o. A voz era gélida ao se dirigir a Ráfaga. - Creio que devo ir para o meio do vale, não é? Para que todos possam me ver? As feições dele estavam igualmente frias, quando concordou: - Sim. Deu um passo, e foi interceptada por Laredo. - Juro que nunca acreditei que Ráfaga fosse deixar isso acontecer, Sheila - declarou com voz rouca. - Se acreditasse, teria derrubado o rifle das mãos dele antes que abatesse o animal que você montava. O seu queixo estava majestosamente erguido. - Agora é tarde demais para pensar nisso. Por favor, saia do meu caminho. O ar juvenil das feições de Laredo foi substituído por uma severidade perturbadora. Depois de hesitar por uma fração de segundo, afastou-se para o lado. Estendeu a mão para pegá-la pelo braço. dizendo com voz tensa: - Eu a acompanho. Sheila retirou o braço, recusando o gesto de nojo dele com frio orgulho. - Vou sozinha. Ladeada por Ráfaga e Laredo, caminhou até o meio do vale, perto dos dois postes. Viu os olhos curiosos que a Observavam, e sentiu a indagação silenciosamente que todos se faziam, de quanto tempo duraria o seu autocontrole. Essa sensação fortaleceu o seu orgulho. Esperavam que ela se encolhesse de terror, esse bando de criminosos e marginais. Aquilo tornou Sheila ainda mais resolvida a não ser um objeto de divertimento e escárnio para eles. Quando Ráfaga se adiantou para declarar o motivo pelo qual seria punida, Sheila concentrou nele a atenção. Falou naquele tom de voz baixo que se ouvia claramente no silêncio, despido de qualquer emoção. Embora não pudesse compreender as palavras, sentia a eloqüência do discurso. Quando acabou, houve um murmúrio discreto de vozes, ao invés do silêncio de concordância que se seguira à explicação do castigo de Juan Ortega. Sheila permitiu-se um lampejo de esperança: quem sabe Ráfaga os dissuadira da punição por tentativa defuga. Uma mulher falou vivamente, a voz sobressaindo dos murmúrios indecisos. Sheila se virou, e viu Elena. Os olhos escuros e malévolos expressavam toda a sua antipatia por Sheila. A voz maligna da morena estava cheia de condenação ao exigir ferozmente o castigo de Sheila. As palavras maliciosas ainda ecoavam no ar quando Juan se adiantou para defender Sheila. Laredo ficou ao seu lado, assinalando com a sua presença que concordava com tudo o que Juan dizia. Ela sentiu um aperto no coração ao ver seus dois defensores mas não se permitiu demonstrar emoção. A súplica veemente de Juan parecia ter levado o povo para o lado de Sheila, até que mais alguém se manifestou. Levou um momento até que Sheila localizasse a voz debochada em espanhol. Ficou gelada ao ver Juan Ortega. O rosto estava contorcido por um ar de vingança, os lábios se entreabriram num sorriso feroz, revelando os dentes amarelados e quebrados. Tinha os ombros encolhidos para indicar a dor que ainda sentia pelo açoitamento. O rosto apresentava uma palidez doentia, revelando que sua recuperação ainda não fora total. O olhar levemente dilatado de Sheila desviou-se para Ráfaga, que ouvia, impassível, a denúncia de JuanOrtega. A seguir, para Laredo, que se virara, com um ar derrotado nos olhos azuis. Ela olhou fixamente nos olhos dele. - O que ele está dizendo? - sussurrou, mal movendo os lábios. Laredo se aproximou dela, sem olhá-la, enquanto respondia à pergunta. - Está dizendo a eles que não importa qual tenha sido o seu motivo para sair daqui, nem quais as circunstâncias que o cercam. Está lembrando a eles que foi açoitado por desobedecer a uma ordem... uma ordem que esquecera na sua fraqueza, quando você o convidou a entrar e exibiu para ele a sua feminilidade. Se o motivo
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A Caricia Do Vento
Roman d'amourConta a história de Sheila e Ráfaga, Sheila uma linda mulher de pais ricos se vê em uma grande decepção com seu marido Bred, após ser abusada em plena lua de mel ,e por fim saber as reais intenções de Bred acaba sendo sequestrada por Ráfaga e seus c...