- Como? - A boca se retorceu num arremedo de sorriso. - O sistema judicial do México não é como o dos Estados Unidos. É o velho Código Napoleônico, pelo qual você é culpado até provar o contrário. Você fica na cadeia até ser julgado, o que pode demorar um bocado. Mantém os criminosos longe das mães. - Então é por isso que você está aqui, escondendo-se nas montanhas, porque é procurado pela polícia - concluiu Sheila. Sentia-se bastante indiferente quanto ao fato de ele ter matado alguém, independentemente das circunstâncias. - Como fugiu? Ele parou para acender um cigarro e ofereceu um a Sheila, que o aceitou, esperando que a nicotina do tabaco acalmasse seus nervos à flor da pele. Ele soltou uma fina baforada e ficou vendo a fumaça dissolver-se no ar. - Houve uma incursão, em assalto bem organizado, à cadeia onde estava preso. Tudo aconteceu tão depressa que nem vi o que estava se passando - lembrou-se ele, distraído. - As portas das celas foram abertas. Todo mundo corria em todas as direções, tentando fugir. Mas notei esse invasor mexicano, absolutamente frio e controlado. Tinha três prisioneiros americanos com ele, e parecia que ele os guiava para longe da confusão. Imaginei que ele sabia o que estava fazendo e para onde estava indo... coisas que eu não sabia... e daí segui atrás dele. - Ráfaga - disse Sheila, identificando o líder. - É - concordou Laredo, examinando a ponta do cigarro. - Alguém o contratara para arrancar os três prisioneiros americanos da cadeia e fazê-los cruzar a fronteira de volta para os Estados Unidos. Eu fui de carona, só isso. - Mas por que não voltou para os Estados Unidos com os outros! - indagou ela, franzindo o cenho. - Por que ficou aqui com ele! - Os outros haviam sido apenas acusados de pequenos delitos com relação a drogas. Eu, de assassinato -lembrou-lhe. - Teria sido extraditado para o México para ser julgado. Além disso, matei um guarda durante a nossa fuga; assim, mesmo que me tivesse safado da outra acusação, me pegariam na segunda. O governo americano poderia ter feito vista grossa se eu tivesse cometido um delito de pouca importância, mas, para o bem das relações internacionais, teriam que procurar um assassino. Minha família seria avisada. Haveria manchetes nos jornais locais. Agora eles não sabem onde estou, ou o que fiz, ou se estou vivo. É melhor eu ficar do lado de cá da fronteira. - Mas a sua família não foi avisada quando foi preso pela primeira vez! - indagou Sheila. - Fui para a cadeia sob nome falso, e com passaporte falso. - Laredo tragou o cigarro e sacudiu a cabeça, soltando uma nuvem de fumaça. - A polícia mexicana descobriu quem eu sou realmente, mas o nome errado ainda consta da lista do Cônsul americano. Assim, a minha família não sabe. - Como pode ter certeza? - Há meios - respondeu, voltando a se refugiar na frase misteriosa que indicava a existência de contactos. Sheila recomeçou a andar, a esmo, por entre os cavalos que pastavam. - Há quanto tempo está com Ráfaga? - Quase três anos. - Ele parece passar um bocado de tempo com você, mais do que com os outros - comentou despreocupadamente. - Imagino que se possa dizer que virei o seu braço esquerdo - disse Laredo, sorrindo preguiçosamente. - Braço esquerdo? - Olhou para ele, curiosamente. - E quem é o braço direito? - Ninguém. Ele não confia em ninguém para ficar à sua direita. Laredo parou para esmagar a ponta do cigarro com a bota. Um frio correu pela espinha de Sheila. Jogou o próprio cigarro, fumado pela metade, na grama alta sob seus pés. - O que vai acontecer comigo, Laredo? - Não sei o que quer dizer. Ergueu os olhos para fitá-lo cautelosamente. - Já entraram em contato com os meus pais? Uma máscara desenhou-se sobre as feições vagamente juvenis, tornando-as duras e dissimuladas. - Não posso lhe responder, Sra. Townsend - replicou Laredo, formalmente. - Pelo amor de Deus, me chame de Sheila! - declarou, agitada. - Não quero que me lembrem Brad! - Não foi minha intenção, Sheila - retrucou Laredo, descontraindo-se ligeiramente. - Quando o resgate for pago, serei solta? - indagou, aproveitando-se do vestígio de compaixão na voz dele.
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A Caricia Do Vento
Любовные романыConta a história de Sheila e Ráfaga, Sheila uma linda mulher de pais ricos se vê em uma grande decepção com seu marido Bred, após ser abusada em plena lua de mel ,e por fim saber as reais intenções de Bred acaba sendo sequestrada por Ráfaga e seus c...