Capítulo 123

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- Logo o bebê vai fazer crescer a sua barriga. - Dirigiu a mão para a barriga dela, espalmando os dedos sobre ela, acendendo um fogo dentro de Sheila. - Quando isso acontecer, olharei para você e sentirei a mesma onda de desejo, querida. Nunca vou parar de querê-la ou de amá-la. - A voz ficou mais profunda e rouca, quando enfiou a mão sob sua blusa, para amoldar-se aos seios fartos. - Pense nas horas incontáveis que vou passar vendo o nosso filho mamar no seu seio. Entende agora a felicidade que senti quando me dei conta de que você estava grávida! - Sim. - Ela riu com uma alegria ofegante, lágrimas brilhando nos seus olhos. - Sim, entendo. - E vai consentir que o padre nos case? - Sim - concordou Sheila. As sobrancelhas morenas juntaram-se, num sintoma de preocupação. - Lamento não lhe poder oferecer a legalidade de uma cerimônia civil, mas meu nome é conhecido demais para... - Eu sei. Não me importo - insistiu. Ráfaga inspirou fundo, um lampejo de dor nos olhos.- Não tenho o direito de lhe pedir que compartilhe dessa vida comigo. Posso oferecer-lhe tão pouco, e você me dá tanto! - Só o que quero é o seu amor. Já tive todo o resto. Não significaria coisa alguma sem você. Sei disso. Precisa me acreditar. - Só sei que não posso deixá-la partir - declarou ele, apertando-a rudemente contra si, enquanto baixava a boca para atender ao convite dos seus lábios. Três dias mais tarde, a luz dourada da aurora se espalhava pelo céu. As mãos de Ráfaga seguravam com ternura o rosto de Sheila. Seu olhar escuro se dirigiu para além dela, para Laredo, já montado e segurando as rédeas do cavalo. - Está na hora de ir, amada - disse-lhe, suavemente. - Por favor, Ráfaga, venha agora com a gente. Sheila lhe pedia para mudar de idéia. - Não. - Sacudiu a cabeça, sorrindo, para diminuir a dureza do seu tom de voz. - É uma viagem longa. Vai precisar descansar pelo menos um dia, quando chegar lá, e não posso me arriscar a ficar tanto tempo num lugar onde possa ser reconhecido... a não ser - zombou Ráfaga - que você queira ir me visitar na cadeia. - Não, claro que não. Sheila baixou a cabeça, mas detestava ter que se separar dele, mesmo que fosse por alguns dias. - Partirei amanhã. - Ergueu o seu queixo com o polegar. - Da próxima vez que me vir, estaremos diante do padre. - Deu-lhe um beijo breve e forte antes de guiá-la com firmeza até o baio, e ajudá-la a montar. Apoiou a mão na sua coxa, enquanto, olhava para Laredo. - Lembre-se - disse-lhe vivamente -, vá directamente ao padre Ramírez. Não fale com mais ninguém. Ele me conhece e arranjará um lugar seguro para vocês ficarem. Laredo balançou a cabeça, concordando, e entregou as rédeas do baio a Sheila. - Cuidarei dela, Ráfaga. Seus olhos ficaram marejados de lágrimas, quando Sheila baixou o olhar para Ráfaga. A boca deste se estreitara severamente, mas no olhar escuro ardia a luz do seu amor. Os lábios da boca se abriram para protestar de novo que não queria ir sem ele. Ele bateu com força na anca do baio. O cavalo saltou para a frente, alarmado. Sheila travou a sua saída por um momento, depois exortou-o a seguir em frente. Dali a segundos, Laredo estava cavalgando ao seu lado. Passando pelo lago formado pelo riacho, tomaram a trilha estreita e rochosa que subia a face norte do desfiladeiro. Subiram em fila inclinada, Sheila na frente, pelo caminho longo e sinuoso através de um corredor de árvores e pedras. Logo que o sol apareceu no alto da cordilheira oriental, a manhã se encheu de luz. O baio subia com esforço a última encosta íngreme da trilha quando Sheila ouviu um tiro de rifle. Freou o cavalo bruscamente no topo e viu a cabeça de Laredo girar na direcção do ruído. Ele esporeou o cavalo até o topo e desmontou, ignorando Sheila enquanto corria para um mirante rochoso. - O que foi? - perguntou ela juntando-se a ele. No ar puro da montanha ecoavam gritos confusos de alarme. - Meu Deus, é uma patrulha - murmurou Laredo. Um bando de cavaleiros fardados galopava pelo prado em direcção às casas de adobe. O esconderijo do desfiladeiro fora descoberto. O seu coração subiu-lhe à garganta. Ráfaga estava lá. Dando meia-volta, Sheila correu para o baio. Mas Laredo estava lá, agarrando um dos arreios para detê-la. - Que diabo, aonde pensa que vai? - exclamou, segurando a cabeça inquieta do baio.

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