Os seus pensamentos teimavam em voltar para as mesmas perguntas quanto tempo demoraria até que entrassem em contacto com os seus pais e exigissem o resgate! Quanto tempo demoraria até eles levantarem o dinheiro e pagarem? E, a mais perturbadora de todas: será que a soltariam quando recebessem o dinheiro? O sol se pôs e a escuridão chegou. Enfiando-se sob o cobertor do catre duro, torceu para que o sono chegasse logo para ajudá-la a esquecer as perguntas sem resposta. Laredo deixou a casa de adobe logo que Sheila se deitou. Um murmúrio baixo de vozes continuava a vir da sala, a intimidade sugerida pelos tons suaves e pontuada por momentos de profundo silêncio. Sheila tentou concentrar-se nos ruídos noturnos lá fora, mas se pegou fazendo força para ouvir o casal na sala. Passos trouxeram as vozes mais para perto, para o dormitório adjacente ao de Sheila. Um calor de embaraço subiu-lhe pelo corpo ao ruído de roupas sendo tiradas às pressas. A carícia cadenciada na voz suave de Elena foi silenciada abruptamente, e Sheila fechou os olhos ante a imagem da boca masculina dominadora fechando-se sobre a da morena. A parede que separava os dois quartos não era espessa o bastante para abafar o ranger do catre ou os gemidos suspirosos de êxtase dos lábios femininos. Sheila tapou os ouvidos com as mãos, tentando bloquear o som dos dois fazendo amor. Com persistência nauseante, ele ficava martelando os seus ouvidos. Minutos intermináveis prolongavam-se, repugnantemente, sem sinal de nenhum dos dois estar satisfeito. Sheila gemeu ante a idéia repelente de que os ruídos poderiam continuar a noite toda, a intervalos, enquanto Ráfaga provava a sua potência na cama. Um grito de nojo já lhe subia à garganta quando se fez silêncio. Sheila apertou a mão contra o estômago revolto e esperou para ver se a tempestade da paixão deles tinha passado, ou se fora apenas uma calmaria. O catre rangeu de novo e ela engoliu de pressa o bolo nauseante que parecia engasgá-la. Mas o recomeço esperado não ocorreu. Houve o ruído de alguém se vestindo, seguido por um comentário sussurrado e carinhoso de Elena. A seguir, Sheila escutou os passos leves da mulher, que saía discretamente do quarto, e depois da casa. Estremecendo de repulsa, Sheila se perguntou quantas noites teria que passar ouvindo o acasalamento bestial deles. Fitou o teto, odiando violentamente todos os homens e seus desejos carnais. Não se podia confiar em nenhum deles. Eram animais insensíveis e egoístas, que ligavam apenas para as suas necessidades físicas. O amor era uma armadilha, concebida pelo homem para escravizar a mulher à sua vontade. Sheila jurou jamais deixar-se prender nela. O silêncio encheu a casa. Uma onda de inquietação tomou conta de Sheila, forçando-a a movimentar-se. Jogando o cobertor para os pés do catre estreito, levantou-se e foi, sem fazer barulho, para o corredor. Sentiu-se aprisionada na sala. A lua cheia deixava entrar seus raios prateados pelas janelas, ensombrando os cantos da sala e restringindo o caminhar inquieto de Sheila à área iluminada. Sua nuca se arrepiou, em advertência, e Sheila virou-se bruscamente para o corredor. Ráfaga estava parado na entrada, reflexos prateados nos cabelos de ébano. Nu da cintura para cima, o tórax castanho-dourado brilhava ao luar, as calças escuras ajustadas aos quadris e coxas esguias, enquanto realçavam o comprimento das pernas. Paralisada, Sheila fitou as feições atraentes dele. Ele ergueu uma sobrancelha indagadoramente: - Señora? Ela ficou ali parada, fitando-o, sabendo que estava perguntando por que ela não conseguia dormir. Mas,vendo-o daquele jeito, semi-vestido, Sheila podia apenas recordar que minutos antes ele estivera deitado com uma mulher, realizando com ela os atos mais íntimos. Franzindo de leve o cenho, ele inclinou a cabeça para o lado, observando-a, alerta. Um desejo sufocante de escapar dominou Sheila. Não tinha certeza do tipo de ameaça que ele representava. Sabia, apenas que tinha que fugir dele, e se dirigiu para a porta. - Sheila! O uso do seu nome era uma ordem para que parasse. Ela correu mais depressa, chegando até a porta e começando a escancará-la. A mão dele fechou-a violentamente antes de agarrar-lhe o braço e virá-la para si. - Solte-me! - Debatia-se desesperadamente. - Porco! Animal! Ela notou o tom dominador da voz baixa, mas não lhe deu atenção. Chutando-lhe as canelas com os pés descalços, retorcia-se como um animal enfurecido, para soltar-se dele. Como que pressentindo que Sheila estava no
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Caricia Do Vento
Roman d'amourConta a história de Sheila e Ráfaga, Sheila uma linda mulher de pais ricos se vê em uma grande decepção com seu marido Bred, após ser abusada em plena lua de mel ,e por fim saber as reais intenções de Bred acaba sendo sequestrada por Ráfaga e seus c...