- Não sei por que não, se o resgate for pago. Ele deu de ombros e recomeçou a andar. Não era uma resposta lá muito satisfatória, e Sheila soltou um suspiro desanimado. Muito distante, soou um lamento solitário. Ela parou, prestando atenção para ver se ouvia o som de novo. - O que foi isso? - murmurou. Laredo lançou um olhar para o sul. - Um trem... a ferrovia Chihuahua Pacífico, que vem do lado mexicano de Presídio, Texas, atravessa as Sierras e o Copper Canyon até a costa do Pacífico. Dependendo do vento, a gente pode ouvir o seu apito ecoando pelas montanhas. - A quanto tempo fica daqui? - indagou ela, uma nota ansiosa na voz. - Voando não sei, talvez não longe, mas são cem milhas de terreno árduo, se tentasse chegar lá a pé. Não conseguiria, Sheila - comentou secamente. Ela apertou os lábios. Recusou-se a admitir que passara pela sua cabeça a idéia de chegar lá, caso lhe aparecesse uma oportunidade de fugir. Laredo parou. - Vamos mudar de assunto - sugeriu, tentando tornar mais leve a tensa atmosfera. - Diga-me, há outras como você em casa? - Sou filha única - retrucou Sheila -, o que é bom para vocês, já que meus pais pagariam qualquer coisa para me ter de volta. Laredo ignorou o sarcasmo. - Tenho um irmão mais moço.. É um atleta nato... basquete, corridas. Quando estava no penúltimo ano daescola secundária, fez parte da lista dos melhores atletas como jogador de meio de campo. O treinador achava que tinha praticamente garantida uma bolsa de estudos para a universidade, quando se formasse. - Laredo ficou pensativo. - Será que a conseguiu! - Sente falta de sua família, não é? - comentou Sheila meigamente, sentindo de repente uma afinidade com ele. Por um momento sentiu que ele começava a se retrair, preparando-se para negar a afirmativa dela. A seguir, sorriu, um brilho malicioso movendo-se nos seus olhos azuis. - Sabe do que sinto falta? - Pareceu rir baixinho de si mesmo. - De um sundae de caramelo quente, com montes de creme batido, castanhas e uma cereja em cima. Chego a sonhar com isso de noite; às vezes, sinto um desejo tão grande que acho que vou ficar maluco se não tomar um. Sheila sorriu. - Um caso violento de paixão por doces. - É - concordou Laredo, os olhos brilhantes fitos nos dela. - E piorou depois que você chegou. - Como se tivesse percebido subitamente o que dissera, virou-se, deixando o espaço entre eles ficar maior. Agora caminhavam por entre os cavalos, e Laredo passou a mão pela anca de um cavalo de pelo castanho. - Quer dizer que é filha única? Sheila hesitou, depois deixou que ele mudasse de assunto. - É isso aí. Mimada e paparicada, uma fedelhinha rica, como Brad costumava dizer. O nome dele lhe escapou antes que pudesse impedir. - Falando carinhosamente, é claro - sorriu Laredo. - Não. - Notou o brilho da sua aliança, ao olhar para baixo. - Falando invejosamente, acho. - Isso faz parte do motivo pelo qual você não está exatamente chorando a morte dele? - indagou, olhando para o perfil dela. - Brad na verdade se interessava muito mais pelo meu dinheiro do que por mim. Gostava da sensação de poder que ele lhe oferecia - respondeu Sheila, inexpressivamente. - Por que está me contando isso? Quando Sheila ergueu os olhos, ele a fitava com um toque de ceticismo no olhar. Uma brisa fez esvoaçar os cabelos dela, e ela os afastou do rosto. - Não sei. Talvez porque você me tenha falado da sua família. Ou talvez porque eu tivesse que admiti-lo em voz alta, e ouvir as palavras - respondeu devagar. - Talvez queira que você seja meu amigo. - Por quê! - insistiu Laredo. - Porque eu o faço lembrar-se de sundaes de caramelo quente, suponho. - Tentou brincar com ele, para que abandonasse o ar interrogador. - E importa o porquê! - Talvez. - Olhou-a dos pés à cabeça. - Talvez você esteja querendo me dominar.
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A Caricia Do Vento
RomanceConta a história de Sheila e Ráfaga, Sheila uma linda mulher de pais ricos se vê em uma grande decepção com seu marido Bred, após ser abusada em plena lua de mel ,e por fim saber as reais intenções de Bred acaba sendo sequestrada por Ráfaga e seus c...