Capítulo 126

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- Como... como me encontraram? A sua voz tremia, soando rouca e baixa, enquanto retirava a mão da dele. Novamente ele lhe deu aquele leve sorriso de polidez, e nada mais. - Como já disse, nós a temos procurado desde que achamos o seu marido, señora. A princípio, houve muitos boatos de que estava sendo mantida presa pelos homens que atiraram nele. Depois, mais nada, como se asmontanhas a tivessem engolido. Faz algumas semanas, uma patrulha de rotina estava nas proximidades e ouviu um disparo. Quando foram investigar, acreditaram ter visto uma mulher loura com um pequeno grupo de cavaleiros. Desde então, temos gente vasculhando a área. Foi assim que localizamos o desfiladeiro - explicou. - Entendo - murmurou ela, depois estremeceu intimamente ao ver que fora a sua tentativa idiota de fugir que levara a isso. O olhar do oficial mexicano desviou-se brevemente para a trilha inclinada que levava para fora do desfiladeiro, antes de voltar a sua atenção penetrante para Sheila. - É uma pena que o homem tenha conseguido escapar quando a senhora veio para junto de nós. Era o chefedo bando, não era? - Era. Sheila hesitou apenas um segundo antes de confirmar o fato, mas foi o bastante para intensificar o olhar do Oficial. - O nome dele? - indagou. - Não sei o nome dele - respondeu depressa. Desta feita, foi depressa demais. Uma sobrancelha morena arqueou-se imediatamente. - Esse não é o bando de Ráfaga? Sheila rapidamente se questionou, em dúvida se devia mentir ou dizer a verdade, mas havia chances demais de pegarem-na na mentira. - É, era assim que o chamavam, mas não sei o nome dele - admitiu, com voz tensa. - Ouvi que se referiram a ele como Ráfaga, nada mais. - Diz o nome dele de maneira estranha, señora. - A boca do oficial se curvou ligeiramente, um brilho de especulação nos olhos castanhos. - Acha, capitão! Sheila retesou-se instantaneamente, fingindo indiferença. - Passou muito tempo aqui, señora. - Parecia escolher as palavras com cuidado, sem libertá-la do seu olhar penetrante. - No entanto, não foi pedido um resgate, nem a senhora foi vendida. É uma mulher muito bonita. Não creio que esse criminoso, Ráfaga, tenha ficado cego aos seus encantos. - Sheila sentiu-se empalidecer. - Acho que, talvez, a tenha mantido como mulher. Talvez depois de tanto tempo, a señora não fosse mais uma prisioneira. inspirando vivamente, Sheila não pôde deixar o olhar se desviar do astuto oficial. Mas o instinto de sobrevivência ainda era forte. - Depois de tudo por que passei, como tem coragem de dizer isso? - perguntou, com falsa indignação. - Desculpe, señora - respondeu, sem sinceridade, ante o seu revoltado desafio -, mas deve se dar conta de como nós vimos isso. - Lembra-se da patrulha que me viu faz algumas semanas? - Cruzando os braços, Sheila estendeu as mãos para as costas, para segurar a bainha da blusa. - Estava tentando fugir. Veja como Ráfaga me castigou. - Sheila deu as costas ao oficial, erguendo a blusa para revelar as marcas deixadas pelo chicote. Virou-se para olhá-lo de novo, com um ar gelado de desafio. - Tem mais perguntas sobre se eu era ou não uma prisioneira contra a minha vontade! Ele inclinou a cabeça, numa saudação respeitosa. - Minhas desculpas, señora. - Mas a desconfiança ainda espreitava nos seus olhos. Estava aceitando o que via, por enquanto, mas Sheila pressentia que mais tarde ele a questionaria. - Se a señora já se recuperou, cavalgaremos até as casas onde meus homens reuniram os prisioneiros. ' Sheila fez um gesto lacónico de concordância, e aceitou a ainda para montar no cavalo, cônscia do seu olhar levemente zombeteiro. Não podia ler os pensamentos dele, mas sabia que se estava perguntando se ela teria sido a amante de um homem, ou de vários. Mas ela fingiu não notar, sorrindo serenamente quando ele lhe entregou as rédeas do cavalo castanho. Da parte dela, ele não receberia nenhuma informação sobre Ráfaga.

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