Naquele dia, apenas ficou observando, com um olhar distraído... pelo menos, o olhar era distraído, até ver o cavalo de Juan tropeçar. Mais uma passada e ele caiu para a frente, indo ao chão. Seus olhos espantados viram Juan livrar-se da sela, enquanto o animal caía pesadamente ao solo. Imediatamente, Sheila deu meia-volta com Arriba, para correr para junto do companheiro caído. Juan já estava de pé e andando quando ela o alcançou. - Está bem, Juan ? - indagou, ansiosa. - Si - respondeu, distante, enquanto exortava o cavalo caído a se levantar. Depois de dar chutes e agitar as pernas, o cavalo apavorado finalmente se levantou, mostrando O branco dos olhos, sacudindo a cabeça nervosamente. O animal ficava mudando de posição, poupando a perna direita dianteira. - Está ferido - disse ela, mas Juan já tinha percebido, e corria a mão exploratória sobre a perna, falando baixo e carinhosamente com o cavalo, em espanhol, para acalmá-lo. - Está muito ruim? - É... - Juan hesitou, franzindo a testa e concentrando-se para encontrar a palavra inglesa certa - uma torção feia, acho. Sheila soltou um profundo suspiro de alívio. - Que bom. Por um momento temi que... Não terminou a frase. - Terei que levá-lo de volta ao curral, señora - disse ele, e a expressão era de quem pedia desculpas pelo passeio ter que acabar tão cedo. - Tudo bem, Juan, compre... Também não terminou essa frase. O pensamento atingiu-a como um raio. Essa era justamente a oportunidade pela qual estava esperando, o momento exato para fugir. O cavalo de Juan estava manco. Era impossível para ele deter Sheila, ou sair em seu encalço. Sem se dar chance de pensar uma segunda vez, girou a égua, dirigindo-a para a trilha inclinada que conduzia para fora do desfiladeiro. Seus olhos estavam cheios de lágrimas, e ela não tinha a menor idéia de por que tinham brotado. - Señora! - chamou Juan, surpreendido. Ela enfiara as esporas nos flancos da égua, mas ainda segurava com firmeza o freio. A ruana saltou para o lado, saltitando e empinando, sem saber a qual das ordens obedecer. - Señora! Não vá! Não, señora! Seu queixo tremia enquanto olhava por sobre o ombro. Podia enxergar o ar de medo desesperado no rosto de Juan, que corria na sua direção. Debruçou-se para a frente na sela, deixando o freio livre para Arriba, enquanto chicoteava as ancas da égua com as pontas das rédeas. - Volte! Mas os gritos de Juan já se desvaneciam. A égua disparava encosta acima, os cascos fazendo voar pedaços de rochas e poeira. Sheila olhou para trás uma vez, quase no topo, e viu Juan correndo pelo prado para dar o alarme. Cruzando a garganta, Sheila guiou a égua para descer a montanha, depois deixou-a à vontade. Havia uma pequena trilha ladeada de árvores, que descia sinuosa e tortuosamente. Sheila agarrou-se bem ao pescoço da égua, baixando a cabeça e desviando-se dos galhos que tentavam derrubá-la da sela. Os troncos espalhados pelo caminho reduziram, velocidade a um meio galope, a égua fazendo mudanças fluidas de direção a cada curva da trilha. Parecia que a descida não acabava nunca. Quando o solo ficou plano, a égua passou a trotar, bufando forte, as narinas bem dilatadas para aspirar o ar. O impulso natural de Sheila foi chicotear o animal para fazê-lo galopar, sabendo que Ráfaga logo viria atrás dela. O bom senso não deixou que o fizesse. Ainda havia um longo caminho a percorrer para se atingir qualquer tipo de civilização. Era preciso conservar as forças da égua. Quando permitiu a Arriba que cavalgasse a passo, sentiu um vigor reconfortante nas largas passadas da ruana. No vale da montanha, Sheila virou para o sul, tomando o caminho menos acidentado. Para o leste, havia mais montanhas para se atravessar, o que significaria uma velocidade menor e o esgotamento da égua. O vale se estendia para o norte, mas, ao que lhe constava, a terra era irregular e estéril, e escassamente povoada. O sul era a escolha certa. Havia vilas e cidades, campos de mineração e de corte de madeira. Além disso, o terreno do vale era relativamente plano. Daria à égua rápida uma chance de usar a velocidade para se distanciar de qualquer perseguidor. Olhando por cima do ombro, Sheila não pôde ver ou ouvir ninguém a segui-la. A imagem de Ráfaga lhe veio à mente, e seu coração se apertou de saudade. Sacudiu a cabeça para afastar a imagem.
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A Caricia Do Vento
RomantikConta a história de Sheila e Ráfaga, Sheila uma linda mulher de pais ricos se vê em uma grande decepção com seu marido Bred, após ser abusada em plena lua de mel ,e por fim saber as reais intenções de Bred acaba sendo sequestrada por Ráfaga e seus c...