- Não se preocupe. Não vou correr nenhum risco. Debruçou-se para o banco de trás e abriu a sua Surrada mala de viagem. Sheila olhou por cima do ombro para ver o que estava fazendo. Arregalou os olhos, surpresa, ao ver o revólver de cano curto sendo retirado de sob uma pilha de roupas. - O que vai fazer com isso? Brad ignorou a pergunta. Verificou se a arma estava carregada antes de enfiá-la na cintura e abotoar o paletó. Ao abrir a porta, ordenou: - Fique no carro. O olhar dela voltou-se rapidamente para o bando de cavaleiros que se aproximava do carro serenamente. Quando Brad saltou, um dos cavaleiros separou-se dos demais e adiantou-se. - Alô! - cumprimentou Brad, caminhando até o capo levantado. - Buenos dias, señor - retrucou o homem. Parou o cavalo e desmontou, o corpo robusto envolto num poncho sujo, de listras vivas. - Fala inglês! - indagou Brad. - No hablo inglês - respondeu, sacudindo tristemente a cabeça. - Olhe - Brad inspirou fundo e soltou um suspiro irritado -, meu carro enguiçou. - Fez sinal ao homem para que viesse para a frente do carro. - Está vendo! A mangueira do radiador rebentou. O outro fez um comentário em espanhol que parecia adequadamente solidário aos problemas de Brad. Dava de ombros, demonstrando a sua impotência para ajudar, enquanto se afastava do capo. Os outros cavaleiros se haviam agrupado junto ao cavalo do homem, observando o que se passava. Sheila contou oito homens, nove com o que falava com Brad. Não podia reprimir a sensação estranha que lhe dava calafrios na espinha. Era como se alguma parte primitiva dela tivesse farejado o perigo. Ignorando a ordem de Brad, saltou do carro. - O carro não vai andar até que seja consertado. O que preciso é de... - Brad se interrompeu ao ouvir o barulho da porta do carro se fechando e olhou feio para Sheila. - Volte para o carro. O olhar dela não se desviava dos cavaleiros. - Vou ficar aqui. Era um grupo heterogêneo de homens. A poeira cobria as suas roupas, uma variedade de ponchos e calças.Os cavalos eram pequenos e mirrados, insignificantes se comparados com os cavalos fortemente musculosos comuns no Estado natal de Sheila. Combinando a pantomima com uma tentativa de linguagem de sinais, Brad se esforçava para comunicar-se com o mexicano. Sheila o observava com o canto dos olhos. - Tem alguma cidade ou aldeia aqui por perto onde possa consertar o carro! - Brad dizia as palavras devagar, fazendo mímica quando podia. - Tenho que achar alguém para consertar o carro... para que volte a funcionar. Comprendez? O homem escutou e observou atentamente, mas, no final, sacudiu a cabeça pesaroso e levantou as mãos espalmadas. - No entiendo, señor. Brad murmurou baixinho para Sheila: - Por que esses malditos mexicanos não aprendem a falar inglês! - Recomeçou tudo. - Há alguém por aquique possa consertar o carro! O olhar de Sheila percorreu, desconfiado, o grupo de cavaleiros, fixando-se sempre num único homem, embora, superficialmente, nada houvesse nele que o distinguisse dos demais. Usando um chapéu de cowboy de aba larga, coberto de pó, estava largado na sela, a mão enluvada pousada no arção dianteiro. No entanto, Sheila sentiu uma vigilância animal por trás da pose indolente. Como nos demais, havia uma sombra escura nas faces e queixo, que indicava que não se barbeara recentemente. Dava-lhe uma aparência desleixada e vagamente não respeitável. Mas esse homem não tinha o rosto largo e chato que indicava a origem mexicano-índia dos demais. As feições eram angulares e magras. E os olhos vítreos que a fitavam eram duros e frios. - Que merda! Deve haver algum mecânico por aqui! - explodiu Brad, perdendo a paciência pela sua incapacidade de comunicar-se com o mexicano. - Mecânico? Si, si. O homem sacudiu a cabeça, compreendendo repentinamente, soltou um palavrório em espanhol enquanto apontava para a direção de onde tinham vindo.
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A Caricia Do Vento
RomanceConta a história de Sheila e Ráfaga, Sheila uma linda mulher de pais ricos se vê em uma grande decepção com seu marido Bred, após ser abusada em plena lua de mel ,e por fim saber as reais intenções de Bred acaba sendo sequestrada por Ráfaga e seus c...