- Não vou - declarou ela. - Se quiser que sejam limpos, vai ter que mandar Laredo ou outra pessoa fazê-lo, porque eu não vou. - Vai, sim - disse ele, e, debruçando-se sobre ela, agarrou-a com força pelo pulso. O cobertor escorregou para um nível perigosamente baixo. Com uma das mãos segura por ele e apoiada no outro braço, Sheila se deu conta de que estava numa posição indefesa. Havia um brilho malicioso e vivo nos olhos escuros que a fitavam. Sheila sabia que, se continuasse a desobedecer-lhe, ele não iria pensar duas vezes antes de retirá-la de sob a proteção do cobertor, revelando a sua nudez para Laredo. - Está bem - concordou Sheila, de mau humor. - Mas não posso fazer nada enquanto você segurar o meu braço deste jeito. Tem que soltá-lo, a não ser que pretenda quebrá-lo. Ele riu baixinho, com uma satisfação arrogante, e soltou-lhe o braço. Enrolando bem o cobertor à sua volta, Sheila deslizou devagarzinho para o lado da cama onde ele estava. Quando ele lhe ofereceu o pano molhado, ela o arrancou das suas mãos. Ele retorceu a boca ante esse gesto e virou-se para se sentar na beira da cama, oferecendo-lhe os ombros para que ela cuidasse deles. De joelhos, com a coberta mantida sobre os seios, Sheila fitou a espessura dos cabelos cor de ébano e a pele ouro-bronzeada que cobria os ombros e as costas musculosos. Se tivesse uma faca nas mãos, ao invés de um pedaço de pano, tê-la-ia enfiado na espinha dele. - Os arranhões, señora. A sua voz arrastada, com sotaque, lembrou a Sheila o que devia fazer, deixando-a com a impressão de que ele estava lendo seus pensamentos. O toque dela foi deliberadamente bruto quando começou a limpar o sangue seco da carne rija. Sentiu os músculos dele se contraírem ante a brutalidade, mas Ráfaga não se retraiu nem emitiu o mais leve som, nem mesmo uma respiração mais forte, para demonstrar que ela lhe estava causando dor. O seu controle não diminuiu a crueldade do toque dela. Quando os arranhões ficaram expostos, Sheila descobriu que eram piores do que pensava. Ela não ferira apenas a pele. As unhas tinham ido mais fundo, abrindo sulcos na carne. Estavam vermelhos e irritados,extremamente doloridos. O olhar se dirigiu para Laredo, que estivera observando o trabalho. A expressão no rosto dele corroborava o julgamento dela. - Tem álcool aí para desinfetá-los? - perguntou Sheila, sem permitir que a emoção lhe transparecesse na voz. Disse a si mesma que pouco lhe importava ter ferido Ráfaga. Ele merecia. Mas sentiu uma onda de compaixão, e consolou-se dizendo com seus botões que pelo menos aquilo provava que não era tão bárbara quanto seus raptores. Laredo fez que sim com a cabeça. - Vou buscar. Demorou apenas alguns segundos, e voltou com uma garrafa de bebida, com dois terços cheios do liquido.Desarrolhando-a, entregou-a a Sheila, pegando o pano molhado e sujo que ela segurava. Ela hesitou, lançando um olhar para a linha austera do maxilar de Ráfaga, a arrogância friamente aristocrática do seu perfil. - Vai doer - disse desnecessariamente. - Quem sabe prefere aplicá-lo em gotas, para prolongar a tortura - replicou ele, com voz macia e irônica. A compaixão sumiu numa explosão de mau gênio. Sem avisar, Sheila virou a garrafa, lavando os arranhõescom o álcool, mas não sentiu nenhuma satisfação quando ele se crispou ao receber o liquido ardente nas lesões. Imediatamente, Ráfaga se levantou e foi até a cômoda pegar uma camisa. Sheila ficou pensando se não seria melhor ele colocar uma atadura nas feridas, mas não seria ela quem iria sugeri-lo. Calada, devolveu a garrafa para Laredo. - Aprendeu a cozinhar, señora? - Ráfaga vestiu a camisa, tomando cuidado com os ombros. Lançou um olhar indiferente para ela. - Não. - Não a comida deles, com os utensílios toscos deles... Sheila qualificou a negativa mentalmente - Acho que vão ter que preparar vocês mesmos o desjejum, ou ficar com fome até a hora do almoço. A essa altura Elena provavelmente já se terá acalmado, e voltará para prepará-lo - comentou serenamente. - Elena não voltará - Ráfaga informou, depois virou-se para Laredo. - Providencie para que a mulher de Juan venha diariamente preparar as nossas refeições. Diga-lhe que venha depois de ter feito a comida da sua própria família, e que pode trazer consigo o filhinho, se quiser. - Um leve sorriso apareceu nos seus lábios enquanto olhava para Laredo. - Juan sempre nos contou que ela é a melhor cozinheira de Chihuahua. Vamos confirmar, não é!
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Caricia Do Vento
Любовные романыConta a história de Sheila e Ráfaga, Sheila uma linda mulher de pais ricos se vê em uma grande decepção com seu marido Bred, após ser abusada em plena lua de mel ,e por fim saber as reais intenções de Bred acaba sendo sequestrada por Ráfaga e seus c...