O coração se lembrou de quem ele era, o chefe de um bando de renegados. Mantinha-a presa, usava-a comosua mulher sem se importar com a sua vontade. Mas Sheila sabia de tudo isso. Sabia há bastante tempo, e não fazia diferença. O coração nunca era lógico ou sensato. A mão dele afastava a gola da blusa da moça, enquanto seus lábios duros buscavam o local mais sensível do ombro. Um tremor delicioso percorreu-lhe a pele quando ele o encontrou. A luta interior entre o que era sensato e o que era realidade acabou. Desta feita o amor venceu, quando Sheila arqueou a espinha para dar-lhe maior acesso às partes que explorava. Não demorou e ele a tomou nos braços e a levou para o quarto. Desta vez, deitada nua ao seu lado, Sheila entregou-se totalmente. Na doçura da entrega, encontrou a realização do amor. No dia seguinte pensaria nas consequências do seu envolvimento emocional. Naquela hora curtia loucamente o fogo apaixonado da posse. Mas a razão chegou nas asas do medo. O último bastião de defesa fora rompido, e o coração de Sheila não mais lhe pertencia. Vivia apavorada de que ele descobrisse o quanto estava fascinada por ele. Não havia futuro para o seu amor. Sheila sabia que tinha que fugir de Ráfaga enquanto ainda lhe restava uma chance de esquecê-lo. Ráfaga tocou-lhe o braço, e Sheila deu um pulo, os olhos arregalados virando para ele, para ver se ele podia adivinhar o que ela estivera pensando. Uma sobrancelha escura arqueara-se zombeteiramente ao ver como ela recuara tão violentamente ao toque. - Disse que queria cavalgar esta tarde. Juan trouxe os cavalos - disse-lhe, numa voz divertida e seca.- Que bom! - retrucou tensamente. Sheila tremia muito. Enfiou as mãos trémulas no fundo do bolso da calça Levi's para ocultá-las do olhar atento de Ráfaga. Passou ao largo dele, com cuidado, evitando o contacto desnecessário. Estava vivendo com os nervos à flor da pele. Aquilo não podia durar muito. A égua ruana relinchou, ante a aproximação de Sheila, jogando o focinho malhado para a frente, para que a maciez de veludo fosse acariciada. Sheila fez-lhe a vontade, os músculos tensos ao redor dos lábios relaxando-se num sorriso. - Alô para você também, Arriba - murmurou, vendo a égua empinar as orelhas ao ouvir o seu nome. - Pronta para uma corrida, não é? Juan debruçou-se na sela para entregar as rédeas a Sheila. Segurando-se no arção, ela botou o pé no estribo e montou sozinha, antes que Ráfaga pudesse oferecer-lhe qualquer ajuda. Ele tomou as rédeas do baio das mãos de Juan e caminhou até o flanco do animal, para montar. A mão se fechou sobre o arção da sela. Olhando por sobre a patilha, Ráfaga viu Laredo vindo em sua direção, em largas passadas, e esperou. Sheila notou a urgência no caminhar de Laredo e escutou, curiosa, o diálogo em voz baixa, em espanhol, entre os dois. Depois de um aceno impaciente de cabeça, Ráfaga saltou da sela, amarrando o baio ao poste mais próximo, antes de lançar um olhar para Sheila. - Preciso fazer uma coisa - disse-lhe. - Passeie com Juan. Depois me encontrarei com vocês. - Claro - murmurou Sheila. O sorriso que lançou a Juan era trêmulo. Seu estômago parecia cheio de nós.Vamos? - Si - concordou ele, com um amplo sorriso, e virou o cavalo na direção do prado onde os cavalos e a pequena quantidade de gado pastavam. Sheila estalou a língua para Arriba, e a égua ruana se pôs a caminho, ansiosa. Cônscia dos olhos escuros que observavam a sua partida, manteve o rosto rigidamente voltado para a frente, recusando-se a olhar para trás, embora soubesse que era o que Ráfaga estava esperando. Juan cavalgava a passo com o cavalo, e Sheila não fez nenhuma tentativa de apressar o ritmo. - A señora está preocupada com alguma coisa, não? A voz, de sotaque muito forte, estava cheia de interesse ao olhar para o rosto angustiado dela. - Não. Não, claro que não. Repetiu a segunda negativa mais enfaticamente, , deu uma leve esporeada para incitar a ruana a meio galope prado afora. Vacas irritadas saíam do caminho. Um bezerro saiu correndo, a cauda levantada bem alto no ar. A égua de pernas longas dava passadas compridas; mesmo a meio galope, começou a se distanciar da montaria mais lenta e robusta de Juan. Sheila olhou por cima do ombro, sabendo que ele logo forçaria o cavalo a galopar, se ela se distanciasse muito. Noutras épocas mais despreocupadas, Sheila teria zombado dele por causa da lentidão do seu cavalo.
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A Caricia Do Vento
RomansaConta a história de Sheila e Ráfaga, Sheila uma linda mulher de pais ricos se vê em uma grande decepção com seu marido Bred, após ser abusada em plena lua de mel ,e por fim saber as reais intenções de Bred acaba sendo sequestrada por Ráfaga e seus c...