Capítulo 7

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- Ou você é cega ou incrivelmente ingénua. - Eu... A frase ficou interrompida quando uma voz masculina impaciente chamou: - Brad! Ele não tentou disfarçar o aborrecimento pela interrupção. - O que é, Tom? - perguntou com cara feia para o intruso, o mesmo colega de trabalho que o havia advertido. - Não posso ficar tapando buraco para você a noite inteira - disse o outro. - É melhor aparecer antes que seja despedido. - Já estou indo - concordou Brad, com um suspiro irritado. - É bom mesmo - alfinetou o outro. Sheila ficou contente com a interrupção. Não podia suportar os comentários sarcásticos de Brad, nem suas acusações injustas contra seus pais. Sentia-se desolada, e queria apenas ir embora e pensar em tudo aquilo. - Vá, Brad - murmurou, desanimada. - Já está mesmo na hora de eu ir embora. - Não vá, Sheila. Ele a segurou com firmeza e colocou a mão no outro ombro, para virá-la de novo para si. Ela continuou a evitar o olhar dele. - Não há por que ficar. Não há mais nada a dizer. - Sheila. - Ele pareceu procurar desesperadamente um motivo, depois deu uma breve risada. - Acho que acabamos de ter a nossa primeira briga de verdade. - Sem dúvida, não fui eu que a comecei. Não conseguia descobrir onde estava a graça que Brad parecia sentir na descoberta. - É horrível, não é? - disse ele. Soltando-lhe o braço, começou a alisar-lhe a face numa carícia apaziguadora, mas Sheila recuou, incapaz de fazer a mesma transição rápida da raiva para o afeto. - Não era meu desejo que brigássemos desse jeito - murmurou Brad, em tom de desculpa. - Perdi a cabeça, só isso. - Foi o bastante - respondeu ela, secamente. - Sheila, olhe para mim. - Como ela não obedeceu, segurou-a pelo queixo e forçou-a a ceder. As suas feições belas e douradas suplicavam o perdão. - O que posso fazer para que compreenda como me sinto? - Já fez - assegurou-lhe Sheila. - Deixou bem claro que não acredita que eu o ame realmente e que acha que meus pais estão conspirando contra você. - Não, não é nada disso. Não entende? - Brad fitou, ansioso, os olhos desconfiados dela. - Você é a única coisa na minha vida que tem significado para mim, Sheila. Tenho medo de perdê-la. - Eu... Uma ruga de preocupação franziu a testa dele, desaparecendo sob a mecha de cabelos louros. A sua sinceridade se projetou para, invisivelmente, tocar em Sheila. - Brad - sussurrou ela, correspondendo ao apelo. Um lampejo divertido, nascido do auto-desprezo, perpassou pelos seus aveludados olhos castanhos. - Não compreende, não é? Acha que estou errado, pensando desse jeito. - Ninguém pode me tirar de você - disse ela, com um meio sorriso nos lábios. - Já lhe pedi para ser minha mulher, Sheila - começou ele. - E eu já aceitei - lembrou-lhe ela. - É - concordou Brad. - Mas nada tenho para lhe oferecer, exceto o meu amor. Estou lhe pedindo para abandonar tudo em troca de nada. O polegar lhe acariciava a clavícula em círculos rítmicos. Sheila sentiu a magia do seu toque começar a surtir efeito. - Não é uma troca tão ruim, querido - sorriu ela. - O amor não pode colocar um tecto sobre as nossas cabeças, nem comida nas nossas bocas - lembrou ele. - Isso custa dinheiro, coisa que não tenho. - Psiu! - Sheila apertou-lhe os lábios com dedos silenciadores. - Não quero escutar essa palavra de novo. Brad beijou-lhe as pontas dos dedos, depois segurou-os de leve nas mãos. - Não quero repetir, mas o dinheiro é um dos fatos imutáveis da vida. Não pode ser evitado simplesmente porque é desagradável. - Não me importo. - Sheila soltou os dedos da mão dele e afastou-lhe carinhosamente os cabelos da testa. - Diga que me ama, Brad.

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