As mãos fortes e esguias moveram-se para esfregar-lhe o queixo, depois o pescoço. Quando ele olhou para a cama onde ela jazia, Sheila viu a dor que brilhava nos seus olhos cor de ébano. Ela sumiu imediatamente, quando viu que a moça acordara. - Como se sente? - perguntou suavemente. Sheila moveu-se ligeiramente e sentiu mil agulhas se enterrarem nas suas costas. - Dói - falou, com voz tensa, para sufocar o arquejo de dor. - Vai doer durante algum tempo - disse-lhe Ráfaga. - Tem que agradecer a Laredo o fato de que as marcas vão sarar sem deixar cicatrizes na sua linda pele. - Hesitou. - Não o odeie pelo que fez. - Não o odeio - tranqüilizou-o Sheila. - Que bom! A sua boca se curvou ligeiramente, quase num sorriso. - Ráfaga. - Olhou atentamente para ele, em silêncio, depois perguntou: - Teria me chicoteado se Laredo se tivesse recusado? Fitou as mãos, a testa vincada por uma ruga sombria. - Não, não poderia. Sheila sorriu meigamente. - Acho que teria. Ele levantou bruscamente a cabeça ao ouvir as palavras, um brilho frio de desafio nos olhos, porque o estava chamando de mentiroso numa questão dessas. - Acho que teria - repetiu -, ao invés de entregar o chicote para alguém como Juan Ortega. - Talvez - disse ele, laconicamente, e começou a se levantar. Ela deslizou a mão pela cama, buscando detê-lo. Ráfaga viu o movimento e parou. O olhar velado dirigiu-se indagadoramente para o seu rosto. - Hoje de manhã - começou Sheila, sem jeito -, odiava você, e todas as pessoas ligadas a você. Agora, não odeio ninguém. Muito menos você. Podia ter acrescentado, mas o coração ainda não estava pronto para fazer uma confissão integral. Esperou, torcendo para que ele dissesse alguma coisa que lhe permitisse revelar tudo o que sentia. A frieza abandonou a expressão dele. Seus olhos eram como um veludo preto e macio, ao fitá-la. O coração da moça bateu mais depressa. Ele parecia mais atraente e bonito do que nunca... forte, másculo e cheio de vida. Mas, quando Ráfaga respondeu, não disse nada que exortasse Sheila a revelar a verdadeira profundidade dos seus sentimentos. - Precisa comer. Vou mandar Consuelo preparar alguma coisa para você. Capítulo 20 Durante os dias que se seguiram à recuperação, Sheila descobriu um novo Ráfaga. O antigo homem dominador e autocrático que conhecia desaparecera. Em seu lugar, surgira um amante comovedoramente meigo, cheio de consideração e bondade, embora continuasse completamente másculo. Sheila não acreditava ser possível apaixonar-se ainda mais por Ráfaga, mas isso acontecera. - É tão lindo - suspirou, maravilhada. - O quê? - quis saber Ráfaga. Sheila virou-se, sobressaltada, sem se dar conta de que falara em voz alta. Ele corria para ela de um modo que lhe tirava o fôlego, cálido e íntimo, como se existissem apenas os dois caminhando devagar por entre a grama alta do prado verde, conduzindo os seus cavalos. - O dia - mentiu, ruborizando-se de leve. - Está cansada. - Os olhos escuros examinaram o leve rubor. - Acho que exageramos na caminhada. Vamos,deixemos os cavalos pastarem. - Segurou-a pelo cotovelo, guiando-a para um pequeno morro. - Vamos descansar um pouco. Sem discutir, Sheila soltou as rédeas, e o cavalo baio imediatamente baixou a cabeça para pastar. O gado e os cavalos pastavam a curta distância. Onde estivessem cavalos e gado, podia-se ter certeza de encontrar Pablo, o filho de Juan, próximo a eles. Sheila procurou-o com o olhar, e encontrou-o sentado numa pedra, à sombra. Acenou para ele, e este acenou timidamente para retribuir o cumprimento. - Pablo é um menino muito responsável, - comentou Ráfaga, seguindo a direcção do olhar de Sheila.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Caricia Do Vento
RomanceConta a história de Sheila e Ráfaga, Sheila uma linda mulher de pais ricos se vê em uma grande decepção com seu marido Bred, após ser abusada em plena lua de mel ,e por fim saber as reais intenções de Bred acaba sendo sequestrada por Ráfaga e seus c...