- Ordens - falou, e esta palavra foi a sua única explicação. Os nós dos dedos que seguravam a toalha branquearam nitidamente quando Laredo fez um cumprimento breve e zombeteiro de cabeça, antes de sair porta afora. Sheila olhou, carrancuda, para o rosto bronzeado que ocultava os pensamentos de Ráfaga, tremores de raiva primitiva percorrendo-a toda. - Muito bem, seu bisbilhoteiro, está pronto! - indagou, sarcasticamente. Apertando os lábios, Sheila virou-se e saiu pela porta que Laredo deixara aberta. Ráfaga ia dois passos atrás, deixando que ela achasse a trilha para o lago formado pelo riacho, sem a ajuda dele. Junto ao lago, ele se dirigiu para a mesma árvore em que se encostara da outra vez, e apoiou um ombro contra ela. A respiração dela era difícil, devido à raiva que sentia. Não tinha a menor vontade de vestir roupas molhadas de novo quando acabasse de tomar banho. Dando-lhe as costas, Sheila começou a soltar o nó que prendia a blusa. - Tem alguma tara que o deixa excitado vendo uma mulher se despir e tomar banho? - perguntou com voz rouca de frustração. - Ou apenas tem prazer em me humilhar? Arrancou a blusa e jogou-a ao chão. As suas omoplatas muito brancas sentiram o toque do olhar dele, que lhe descia pelas costas até a cintura fina. Seus dedos tremiam ao abrir o zíper das calças. - Você é um monstro sádico por me fazer passar por tudo isso. - A voz lhe tremia. - Devia ser esquartejado e pendurado para servir de comida aos urubus. Gostaria que pudesse entender o que estou dizendo para saber que o acho um selvagem...vulgar e abominável e desprezível e... Sheila esgotou o vocabulário para descrever o seu ódio. Abriu o zíper e tirou as calças, sentindo um rubor de vergonha pela sua nudez. Um segundo de pois, mergulhava no lago. Subiu à tona quase que imediatamente, a temperatura gelada da água tirando-lhe o fôlego. Afastando dos olhos as mechas de cabelo molhadas, Sheila voltou a olhar para a árvore. Ráfaga estava sentado na base dela, o chapéu marrom manchado puxado sobre os olhos. Ela podia sentir o olhar dele perturbadoramente intenso enquanto se dirigia para a margem para apanhar o sabonete que estava na grama, perto da água. Quando acabou o banho, saiu atrevidamente da água, sem procurar cobrir-se com as mãos. Apanhando a toalha, começou a secar-se rapidamente, sentindo o calor do embaraço e recusando-se a ceder a ele. - Dê uma boa olhada. - Sentia uma vontade enorme de jogar-lhe a toalha no rosto. - Talvez ajude a estimulá-lo para a visita noturna de Elena. Ao ouvir o nome da amante, Ráfaga se pôs de pé, um brilho divertido nos olhos, mas não se acercou dela. Lutando contra um súbito ataque de nervosismo, Sheila vestiu as calças, semi-virada para ele. O tecido sedoso da blusa grudou-se à sua pele úmida. Enquanto ele se movia na direção dela, Sheila sentiu sua falsa serenidade abandoná-la. Os dedos pareciam ter dificuldade em dar um nó na fazenda. Antes que conseguisse dá-lo, ele estava calmamente afastando as mãos dela e juntando a frente da blusa com dedos firmes. Enquanto dava o nó, os dedos roçaram as amplas curvas dos seios. Sheila crispou-se ante o toque dele. Os vincos dos lados da boca do homem aprofundaram-se zombeteiramente. - Eu lá posso evitar - murmurou Sheila tensamente, o seu ar de bravata atenuado pela proximidade dele - se o seu toque me faz sentir vontade de me lavar de novo! A carne dela vibrava com o contacto. Indiferente ao tom de voz ácido, Ráfaga examinava as chamas amarelas que lhe iluminavam os olhos. Ficaram parados, em silêncio, o ar crepitando entre eles, com Sheila quase a desafiá-lo a tocá-la de novo. Ansiava por empurrá-lo para dentro da água gelada. Ele pareceu ler-lhe os pensamentos, porque seu olhar escuro dardejou para a superfície espelhada do lago, depois para o rosto dela, o brilho divertido aparecendo de novo nas profundezas negras dos seus olhos. A irritação fervilhava quase à superfície quando se dirigiram de volta à solitária casa de adobe afastada das outras. Sheila ia na frente, sentindo Ráfaga logo atrás, a despeito do silêncio animal das suas passadas. Controlou o seu génio. Sabia que ele era perigoso. Os passeios à tarde com Laredo tornaram-se uma rotina. Ela os esperava com tanta ansiedade quanto uma criança espera receber um doce. Eles lhe ofereciam uma trégua do tédio sufocante da casa, e da presença perturbadora de Ráfaga. Nunca antes na vida Sheila ficara tão ociosa.
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A Caricia Do Vento
RomanceConta a história de Sheila e Ráfaga, Sheila uma linda mulher de pais ricos se vê em uma grande decepção com seu marido Bred, após ser abusada em plena lua de mel ,e por fim saber as reais intenções de Bred acaba sendo sequestrada por Ráfaga e seus c...