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Eu me sentia exausta, como se um trator tivesse passado em cima de mim umas cinco vezes. Alguns dias se passaram depois da minha conversa com Douglas, eu estava trabalhando normalmente, cheia de coisas pra fazer, um dos motivos do cansaço. Outro motivo claro, era ver Douglas todos os dias e não falar um "A" com ele. Neste momento eu estava criando um cenário aquático, simplificando, um navio no fundo do mar. A tarde eu teria uma reunião com outros designers gráficos, precisávamos entrar em um acordo sobre os próximos projetos, a última animação que fizemos, antes da viagem para o Rio, havia sido publicada no YouTube e em nosso site. Era um curta, mas era meu maior orgulho. Hector me ligou avisando que voltaria para o Rio no dia seguinte e que queria se despedir de mim, então, marcamos de sair essa noite. Seria bom relaxar.

No meu horário de almoço fui para onde sempre vou. Subway. A fila estava pequena e assim que chegou minha vez, fiz o pedido. Sentei-me do lado da janela grande, eu queria olhar o movimento do lado de fora. Hoje estava um calor de matar, pessoas passavam com carrinhos de picolé, outros com caixas de isopor cheias de água penduradas no pescoço. A vida dessas pessoas que trabalham em semáforos deve ser tão exaustiva.

Depois do meu almoço, voltei para meu trabalho, que apesar de tudo era maravilhoso, eu tinha minha própria sala, ar condicionado, privacidade, não podia reclamar. A reunião a tarde foi bem aproveitada, discutimos nossas opiniões e entramos em um acordo. Quando meu horário acabou, arrumei minhas coisas e saí da sala. No elevador encontrei Gabriela e Douglas, Diego evitava ficar perto de Gabriela, já que os dois estavam em guerra.

- Boa noite. - falei.

- Oi Jena. - Gabriela disse sorrindo, retribuí. 

Já Douglas apenas acenou com a cabeça, mas não tirava os olhos de mim, desviei meu olhar e esperei o elevador chegar ao térreo.

- Aceita uma carona Jena?

Ele disse próximo, neguei com a cabeça sem olhá-lo. Assim que as portas de metal se abriram eu caminhei apressada para a saída. Por sorte ele ia para a garagem pegar seu carro, mudei meu caminho indo para uma parada de ônibus mais distante, tudo para evitar Douglas. Ainda não estava pronta para atuar nosso relacionamento chefe e funcionária apenas, meu coração ainda não estava acostumado a presença dele, sempre acelerava. Não sei porque diabos ele complicava as coisas, ele deveria simplesmente se afastar como os outros fizeram. Meu celular vibrou no bolso, tirei para ver e suspirei ao ler o nome de Douglas na tela.

- Oi.

Falei com a voz baixa.

- Converse comigo Jena, por favor. Precisa me ouvir.

- Já conversamos, você mesmo disse que não sente nada por mim, o que mais temos pra falar? Estou nos ajudando ficando afastada.

- Eu não quero ficar afastado, entenda.

- E eu não quero sair mais machucada.

Ele suspirou.

- Podemos nos ver? Só hoje?

- Eu tenho que ir pra faculdade.

- Falte hoje, por favor. 

Como resistir se ele não permitia? Como tentar esquecer se ele mesmo me lembrava?

- Vou até seu apartamento. - falei e ele concordou.

- Vou estar esperando minha linda. Até logo.

Guardei o celular e esperei o ônibus que passava próximo a casa dele.

***
Em frente de seu prédio respirei profundamente. Era a hora. Entrei e subi pelo elevador. Fazia algum tempo que não vinha aqui, estava tudo do mesmo jeito, tudo muito luxuoso, bonito, assim como Douglas. Ele estava sentado no sofá de costas para mim.

Profundo Desejo - Em Busca Do PrazerOnde histórias criam vida. Descubra agora