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Estava um calor insuportável, parecia um forno. Tentei me mexer e jogar a coberta de lado, mas percebi que o calor vinha do corpo colado no meu. Metade de Douglas estava em cima de mim, sua cabeça descansava em meu peito, uma perna embolada com a minha, um braço a minha volta prendendo-me como se tivesse medo que eu fugisse. Ele estava em um sono profundo, calmo, seu rosto parecia ainda mais como de um anjo. Um anjo insaciável. Lentamente tentei tirar seu braço de cima de mim, mas isso só o fez me apertar mais. Suspirei e escorreguei lentamente, com sucesso, para fora de seu corpo. Andei na ponta do pé até o banheiro, fiz xixi, lavei o rosto e coloquei um roupão. Eu precisava comer, meu estômago parecia um motor velho, de tanto que roncava. Desci para a cozinha e peguei uma jarra de suco, um pacote de pão integral (sim, eu mexi na cozinha até achar), um copo de requeijão e uma faca. Sentei de frente para a ilha da cozinha e preparei meu sanduíche e coloquei o suco no copo. Quando estava quase mordendo meu pão escutei meu celular tocando. Bufei e fui pra sala procurá-lo, encontrei a bolsa e peguei o celular.

Era o Hector, droga. Eu me esqueci, tinha combinado de sair com ele.

- Oi.

- Você é a primeira garota a me dar um bolo.

Ele fala sério. To ferrada.

- Me desculpe, eu esqueci, tive que resolver umas coisas. Me perdoe, eu posso almoçar com você amanhã?

- Claro linda, sem problemas. Foi até bom, eu encontrei uma velha amiga e acabei jantando com ela.

- Pera, só um instante.

Afastei o celular do ouvido e olhei a hora, duas da manhã.

- De duas uma: Ou você acabou de transar com ela e está me ligando pra se gabar ou ela não te quis e você ta ligando pra sua amiga maravilhosa que tanto ama pra chorar.

Ele soltou uma gargalhada.

- Como eu disse, você é a primeira a me dar um bolo, a gente só jantou, conversamos, eu a deixei em casa e voltei para o hotel.

- Espera, vou até me sentar.

Sentei-me de volta na ilha e tomei um gole do suco.

- Hector Botelho terminando a noite deixando uma mulher em casa e sem sexo. Essa é nova.

- Ela é minha amiga, não a vejo como uma mulher pra sexo.

- Cara, você ta bem? Ta doente? Quer que eu passe aí pra cuidar de você?

Sorri.

- Eu até aceitaria sua oferta, mas certamente não poderia te dar atenção, estou morto de cansado.

- Eu não me importaria, até deixaria você dormir no meu colo.

- Oh maravilha, com esses colchões que você tem eu durmo como um bebê.

- Vai se ferrar.

- Foi um elogio, doidinha.

- Muito obrigada baby, agora vá dormir. Eu estava prestes a comer quando você me ligou.

- Fazendo uma boquinha a essa hora, acordou com fome? Aliás, que problemas foram esses pra você esquecer do seu amigo aqui?

- Problemas que não dizem respeito a você.

- Sei, tava transando ne? Safada.

- Quer ficar sem os dentes? Porque eu estou louca pra arrancar cada um se você não fechar essa boca grande.

- Não está mais aqui quem falou.

- Boa noite baby.

Falei sorrindo.

Profundo Desejo - Em Busca Do PrazerOnde histórias criam vida. Descubra agora