Ainda não acredito que todo esse plano bem bolado seja coisa da minha mulher. Não é que ela não seja capaz, só não vejo motivos pra ela se envolver em algo do tipo por conta própria. Ela deve, deve não, está tentando defender a minha filha por ter levado ela no meio disso.
Desde a hora que falei com ela mais cedo, não tiro da minha cabeça a vontade de dar uma boa surra nas duas, na Izabella por não pensar nos irmãos menores caso alguma coisa acontecesse com a Nataly e na maluca com quem eu casei pelo mesmo motivo. Deu mais raiva ainda por saber que mais uma vez a Nataly foi "distração", e que distração, fiquei mais puto de raiva ainda por ver a foto que a Izabella enviou, e vi minha mulher com aquele pedaço de pano que um dia foi uma saia de alguma criança... tá ok, exagerei nesse ponto, nem uma criança, vestiria aquilo.
Mal cheguei na casa dos meus pais e saí despejando sobre o ombro dos dois tudo o que eu faria com as duas sem juízo, mas então elas chegaram sem me avisar e eu não vi meu pai sair pra ir buscá-las, e daí senti mais raiva, que só passou quando as duas entraram rindo de alguma coisa vindo pela entrada da cozinha, e claro o riso parou assim que elas me ouviram reclamando, vi minha mulher furiosa comigo por duvidar que ela possa ter arquitetado tudo sozinha, ela é boa em números, pesquisas e dança - principalmente em dança - e sinceramente formular um roubo desse porte sem erro, é muito fora do comum, ela não pode se tornar uma bandida se o melhor dela é não querer se envolver com isso, ela é tudo o que há de melhor no mundo que eu possa querer e isso ela não pode mudar. Não aceito essa mudança nunca.
Depois do jantar, meu genro subiu com a minha filha - meu genro, que esquisito isso, o Aron. Assim é bem melhor, espero que ele arranque alguma confissão da Izabella, não quero ter que fazer isso, vamos discutir. E logo depois da sobremesa fui junto com a minha mãe, olhar o que elas trouxeram e foi aí que tive certeza que a minha filha, meteu a minha mulher nisso. Reconheci que eram as pedras que o Salin nos mostrou a uns quatro meses mais ou menos, lembro que a Nataly queria uma âmbar* de tamanho médio pra fazer algo pra nossa menina e a vadia com quem o Salin tem dormido disse que aquela também era pra ela, mas que dependendo do que eu fizesse com aquela puta na cama ela poderia pensar em vender. Lembro que minha mulher quis matar a vagabunda na mesma hora, só não fez, bom, não sei bem o porquê. Isso não vem ao caso agora, ela retirou essa pedra em questão e mostrou pra minha mãe o desenho do pingente que ela quer dar pra Letícia.
E uma outra que tinha um tom azulado pro nosso pequeno encrenqueiro. E essa era só pra ser lapidada. E eu nem sequer conhecia tal pedra, dumortierita*.
Pelo que entendi hoje, a questão não era o valor das pedras e sim o que cada uma significa e trás para quem usa. Minha mãe disse que faria as jóias, e então ela separou dois diamantes e disse que era pra D. Helga fazer algo para a Izabella, e outro pro Izaac. Um tinha uma leve coloração de verde e o outro era levemente azul, cores que meus filhos gostam.
Não sei como ainda tenho tanto por me apaixonar por ela, acho que se fosse qualquer outra no lugar dela, iria escolher as pedras de diamante para os próprios filhos.
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Hoje meus filhos completam um ano de vida, bom, essa data não trás boas recordações no total, afinal, nesse mesmo dia senti meu mundo cair, senti de verdade o medo da perda, minha esposa entrou em estado crítico no hospital e não saiu dele junto com meus filhos. Isso me doía, eu dei o melhor de mim alimentando cada um deles com leite doadado por outras mulheres, ficava boa parte do dia no hospital com eles e só podia ver a única mulher que me fez amar de verdade alguém por cinco minutos. Não saber se ela me entendia, era o que mais me preocupava. E se quando ela acordasse, não lembrasse que tinha casado comigo? E se ela nem sequer acordasse...? Isso me trazia dores agoniantes, nunca me vi chorar como naqueles dias... minha melhor parte, aquela que me acalma não me respondia, não me olhava, e tinha vezes que parecia não respirar... foram meses dormindo em qualquer lugar da casa, nosso quarto me fazia sentir o cheiro e o gosto dela... quis quebrar o piano, queria matar qualquer um que me olhasse com pesar, pensei em tudo e sempre sem deixar de procurar o culpado, que foi achado pela Izabella e eliminado por ela também. Nunca vi tanto ódio explícito no rosto da minha mulher como naquele dia, eu senti medo dela naquele momento em que ela batia sem dó ou piedade na cara da Gizely, que ela esteja segura no inferno...
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Rox Drinking (REPOSTADO)
RandomUma garota, uma dança e todos os homens desejando possui-la. Um advogado em ascensão apaixonado pela filha do chefe. Duas melhores amigas e uma prima maluca ajudam Nataly Macklay a embarcar na maior loucura de sua vida. Durante o dia ela é a admini...