46. O pequeno Gabriel

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Izabella

Dois meses se passaram depois da minha volta. Ver o Aron com outra me mata, o que me acalma nesses últimos dias é o meu pequeno monstrinho Gabriel. Ele é o único que me ama do jeito que eu sou além do meu pai. Aqueles dois pestinhas vão fazer um ano em breve, o que acho mais engraçado é a Letícia, quando eu chamo ela de monstrinha, pestinha ou qualquer outra coisa ela ri. O Matheus só me olha de um jeito diferente, como se me reconhecesse. Ver a Nataly mãe, me dá vontade de querer cuidar do Gabriel assim, e é o que eu tenho feito, quando não viajo pra cuidar dos meus negócios.

Semana passada viagei com meu pai. Ele queria que eu desse uma surra num metido a machão. Nunca espanquei alguém como fiz com ele. Quanto mais eu batia, mais queria bater. Minha raiva só aumentava quando lembrava do Aron na cozinha com a Kate no colo. E piorava quando sentia o perfume dele, porque ele estava ali, junto ao meu pai observando eu fazer o meu trabalho. Quase matei o infeliz. Quando ele quase não respirava meu pai me tirou de cima dele. Quase acertei um soco no velho. Agora estou aqui olhando meu Macbook e observando uma obra de arte que vai ser exposta no Museu do Luvre, não é algo que me agrade roubar. Mas seria uma boa distração. Lembro do primeiro roubo em que a Nataly foi junto. Aquela semana de treino a lá "Panteras" foi divertida. Ela bem que poderia ir comigo nessa, não sei se toparia agora que é mãe. Na verdade nem sei se meu pai deixaria que ela fosse. Mas preciso de alguém com quem contar e em quem descontar minhas frustrações, não sei o que é sexo desde que tentei romper o contrato que me prendia ao Aron, e de certa forma rompi. Não consigo desejar outro homem, ele acabou com isso.

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Hoje o Gabriel pediu que eu o levasse e fosse buscar na escola. Ele vai pra um passeio no parque de diversão daqui da cidade, nunca ri tanto de alguém como estou rindo dele. Louco por aventura e emoção, me disse que não vê a hora dos priminhos poderem ir junto com ele nessas aventuras. Imagino a monstrinha fazendo birra pra não descer da roda gigante. Vi meu pai rodopiando com ela nos braços outro dia e jogando a coitada pro alto. Ele fazia isso comigo também, sempre que posso revejo esses vídeos. Ele me ensinou a nunca ter medo de nada e eu não tinha até conhecer o Aron e me apaixonar.

Quando fui buscar o Gabriel na escola achei que ele estava meio tristonho, deve ter ficado muito cansado, acabou dormindo no carro. Quando o tirei da cadeirinha senti que ele estava mais quente que o normal. Liguei pra Luiza perguntado qual remédio ele podia tomar pra baixar a febre, não sou mãe, mas sei que nem toda criança pode tomar qualquer coisa. Até a Nataly ficou bastante preocupada quando verificamos a temperatura e a monstrinha que adora meu pequeno pareceu sentir que ele não estava bem. Ficou deitadinha ao lado dele enquanto ele dormia. Não sei muito o que fazer, por isso decidi passar a noite aqui com ele. A Luiza viajou a trabalho e só volta amanhã de manhã. Ela tá preocupada também, porque disse que ele nunca fica assim tão cabisbaixo e tristonho, já tentei achar o pai dele, mas aquele cretino não me atende. Já são quase 10pm e meu monstrinho favorito parece inquieto. Descobri que ser mãe é nunca dormir quando o filho não está bem, desde que chegamos essa tarde, a Nataly tem cuidado dele também e assim como a Luiza, acha que não é nada normal ele estar assim, a febre tem oscilado entre trinta e oito e trinta e nove graus e meio. Já demos antitermicos e ele só me parece piorar, tenho medo que isso se agrave. Fico verificando a temperatura de hora em hora e isso me deixa nervosa. Porque nas últimas duas horas não baixou, e sei que se continuar nessa altura, ele pode ter uma convulsão.

Quer saber, posso parecer louca, mas prefiro ser uma louca que fez o certo. Vou levar ele pro hospital, lá sim ele vai ter um tratamento mais adequado e assim eu vou me sentir melhor. E é claro que liguei pro pediatra que cuida dele. Um senhor bastante simpático que já veio aqui mais cedo e me falou que qualquer coisa poderia ligar, que não me importasse com a hora e assim estou fazendo, não posso correr risco algum com meu pequeno.

Rox Drinking (REPOSTADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora