39. Lar doce lar

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Um mês se passou depois do episódio naquela cidade do fim do mundo. Dessa vez, não tive pesadelos quanto ao fato de ter matado alguém, aquele velho mereceu. Tenho tido dias maravilhosos, naquela noite depois que voltamos do pequeno acerto de contas com a vadia, o Tony me fez "dormir" no quarto andar e me fez gritar o nome dele quase a noite toda de tanto prazer, algumas noites vamos dormir lá, em outras ficamos no quarto ao lado do quarto das crianças, em outras eu danço pra ele, no quarto particular que ele mandou montar igual ao que tínhamos na outra casa. Não vou me preocupar com mais nada por bastante tempo, ainda tenho muitas discussões com ele pela frente, afinal somos uma família e ele ainda me esconde coisas e agora o Aron também tem adquirido esse hábito. Não sei o que os dois fizeram juntos, sinto que não é algo que eu vá aprovar quando descobrir, eles sempre mudam de assunto quando estou por perto. Tenho lá minhas dúvidas e tenho quase certeza que isso tem haver com nossos negócios, pelo menos é o que eu espero, não vejo outro motivo para segredos e tenho medo que meu marido volte a viajar como antes para sair torturando alguns devedores. Houve uma vez, enquanto eramos noivos de fachada que ele voltou machucado, não me disse quem ou o que havia acontecido. Parei de perguntar com o tempo.

Sou a mulher mais feliz do que um dia poderia imaginar ser, tenho pais amorosos, sogros generosos, um marido excelente, dois amigos e sócios que também são filhos do homem que eu amo, uma família que me apóia e que sabe sobre tudo o que faço de errado o que inclui a Luiza e o Gabriel e meus filhos, eles são a maior de todas as minhas alegrias. Sou a dona do meu lar, claro que não sei dar ordens, ainda conto com as dicas da minha sogra, minha mãe tem tido flashes da memória perdida no acidente e isso vem me deixando apreensiva. Ela fica assustada com cada nova lembrança e as vezes chora por ter perdido os pais de maneira tão trágica por causa do ódio do então futuro sogro.

Sempre passo boa parte da manhã no jardim com o Gabriel e meus pequenos, ele vai começar a estudar em breve e enquanto suas aulas não começam, ele fica mais amigo do Matt e da Ícia, como ele mesmo diz. Não sei de onde ele tirou esse diminutivo pro nome da minha filha, no entanto ela adora, parece saber que ele chama por ela e sorri sem dente pra ele. Meu pequeno Matheus é igual ao pai, homem de poucos sorrisos, até agora somente a Luly o faz rir de qualquer coisa, ela tem vindo pouco menos aqui, a gravidez tem deixado ela louca, então sempre vou visitá-la, agora que ela mora no mesmo condomínio é ainda melhor, sempre peço a ajuda de uma das meninas e vou andando, e logo atrás sempre vem o Brian e outro segurança que se chama Leonardo. Um belo exemplar da beleza negra. Além do Regis que passou a ser meu segurança também.

Depois dos últimos acontecimentos, fico praticamente o dia todo em casa, cuidando dos filhos que tanto amo. Foram três meses que perdi da vida deles por estar em coma, não quero perder mais nada. Minha sogra já voltou pra Itália e de lá ela comanda os próprios negócios. Quando o Izaac precisa de alguma ajuda ele traz pra casa, assim posso trabalhar enquanto os gêmeos dormem. É engraçado o quanto são quietinhos, e quando se agitam muito os levo até a sala de música e toco piano até que durmam. Isso é muito bom, pois as vezes preciso me concentrar em algumas das contas da construtora do Zac. Não houve mais desfalques, no entanto é sempre bom ficar de olho em tudo e nisso sou muito boa, contas. Semana passada, sem a Izabella saber, o Tony trouxe uma cópia de alguns relatórios mensais da empresa dela, ele estava desconfiando do novo administrador, venho trabalhando nesses relatórios pra ele, se ela descobrir vai me matar achando que fiz por conta própria. Pra minha sorte ela viajou com o Aron por causa de um carregamento de armas e isso me facilitou. Realmente as contas não batem, parecem que os relatórios são cópias com poucas modificações, sei o quanto a Izabella vende em um mês das peças exclusivas da marca de roupas e acessórios femininos que ela tem. E vai ser preciso olhar o computador do atual administrador, pra isso ela precisa autorizar. Outro problema sobre isso é que eu teria que olhar lá e isso eu não sei se ela autorizaria. Administrar não é pra qualquer um, e os erros estão nos últimos três meses, os quais ela ficou mais afastada por causa do trabalho com as armas e assim como pode ser o administrador, pode ser o contador ou qualquer outra pessoa que tenha acesso as planilhas e cálculos. Vou aproveitar que uma das meninas não vai ter aula extra hoje e vou fazer uma pequena surpresa pro meu marido, afinal ele tem trabalhado muito. Pedi pras duas ficarem de olho neles, tomei um banho, coloquei uma camiseta de sada branca e saia de couro preto, meus Loubouton's, uso brinco de argolas em ouro branco, os dois cordões que nunca tiro - o que ganhei do meu pai e o com a ancora que ganhei do Tony, já me acostumei a usar a aliança de casamento, ela oculpa boa parte do meu anelar - e minha bolsa com documentos, coloquei as cópias nela, chave do carro e celular. Pego um blaser e pronto, hora de sair. Liguei pro André e ele me disse que o Tony não teria nem uma reunião antes das 4pm, então vou e volto antes que meus pequenos acordem. Tirei bastante leite do peito e deixei em mamadeiras, já pensando na possibilidades de que eles possam acordar antes da minha volta. Aviso a Judith de que vou sair e não pretendo demorar, vou pra garragem e entro no meu novo brinquedinho veloz, um Audi R8 Spyder grafite. É tão bom poder dirigir o próprio carro, me sinto livre de fato. Não é que eu não goste de ter um segurança por perto, só que é ruim não poder ouvir suas próprias músicas enquanto dirige o seu próprio carro.

Rox Drinking (REPOSTADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora