Rox Drinking (REPOSTADO)

42. Mak

Poderia ser diferente, naquela manhã três dias depois da saída do Antony, Nataly brincava com seus filhos no jardim dos fundos da casa, sua mãe olhava tudo com carinho e quando seu pai aproximou-se da única filha do casal houve um lampejo de lembranças e um grande choque de realidade tomou conta de Elizabeth. Ela via-se de frente ao homem que sempre amou, que mudou de nome e de rosto mas sem nunca perder a própria essência e com isso chorou. Aproximou-se do marido, filha e netos com os olhos chorosos, ele estava ali na sua frente e vivo. O homem que ela pensava ter morrido, estava ali e brincava com os netos, ela ao mesmo tempo que quis mata-lo queria ama-lo muito mais. Não contava que seu genro aproximava-se pelo outro lado sem ser visto e disparou de uma vez só o que lembrara. Não gritou, falava alto o bastante para ser ouvida não somente pelos dois como também pelo genro que ficou furioso por ter sido enganado pela mulher. Como ela pôde ser capaz de esconder dele que sabia onde o velho Mak estava a todos esses anos? Quem ela pensava que era pra agir assim? - Antony Dellaveccio estava tão puto que queria matar a mulher naquele exato instante, não o fez por uma única razão, quando ele achou que ela o tinha traído antes e não deixou que se explicasse quase perdeu não somente a mulher mas também os filhos e a nova chance de ser um bom pai. Não, dessa vez ele ouviria antes e decidiria depois. Deu meia volta e subiu ao quarto do casal, procurou qualquer indício que ela escondia isso antes e então lembrou da noite que acordou sobressaltado e encontrou sua mulher e seu sogro na cozinha, ambos com olhos vermelhos de choro. Foi ali que ela soube, ele dessa vez ouviria.

Antony

Tomei um bom banho, fiz a barba, vesti roupas confortáveis e me joguei na cama. O cansaço da viagem e de tudo o que fiz dominava meu corpo. Agora entendo o porque eles pareciam preocupados naquela noite, era sobre isso que falavam, ele estava com ela o tempo todo. Por isso a tal cláusula era em papel mais novo, agora porque?

Coloquei meu telefone para recarregar, fechei todas a cortinas pesadas e aproveitei o silêncio do quarto pra dormir. A Judith me viu chegando, então ela que conte que já estou em casa.

Nataly

Estava conversando com meu pai, ele contava sobre como começou a vender armas e o porque. Não era o que eu queria ouvir do meu pai, era de fato preciso eu sei, no entanto eu queria apenas pensar em um modo de contar isso pro Tony, porque eu sei que quando ele descobrir pode vir pra cima de mim com acusações dizendo que eu já sabia desde o início. E ainda tem a tal cláusula que meio que nos obrigava a casar. Se ele achar que eu só queria entrar pra família dele? Sei lá. Preciso pensar em como contar de uma maneira que ele acredite que nem eu sabia, apenas desconfiei por um tempo curto e que só tive certeza a alguns dias atrás.

Claro que as coisas parecem não querer ser fáceis. Minha mãe aproximou-se chorando. Imaginei que fosse uma nova lembrança ruim, já que ultimamente tem sido assim. Eram todas as lembranças juntas. Ela disse que olhando o modo como o marido segurava a Letícia, lembrou de quando o Matheus entregou-me nos braços dela e então veio a incerteza que logo virou uma grande verdade, ela não se apaixonou de modo fácil pelo Bernard, seu corpo reconheceu o seu coração, aquele que ela havia entregue ao Matheus e que ainda estava com ele, sempre esteve.

Cheguei a pensar que ela surtaria, graças a sei lá... todos os Santos? que não. Ela se jogou nos braços do meu pai, e o beijou com tanto amor que desejei naquele momento que ao contar pro Tony fosse assim, sem rodeios e sem gritos ou acusações. Eu o amo de verdade, não me envolvi com ele por qualquer outro motivo, senão o meu amor.

Passavam das 9am quando entrei com as crianças. Subi para o quarto deles e providenciei um bom banho pra cada um. Estão grandes o bastante para fazerem uma bagunça na hora do banho, é a hora em que a Letícia deixa de ser uma bonequinha e vira uma bagunçeira de mão cheia. O Matheus parece relaxar na banheira, ele é todo o pai até nesses momentos.