44. Izaac e Adeline

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Nataly

Como sou burra, depois que saí de casa meio magoada pelas palavras que julguei serem de desconfiança, passei o resto da manhã e boa parte da tarde elaborando nada na mente. Quando cheguei na Rox, não precisei falar nada para que as minhas amigas soubessem o quanto eu estava imersa em meus pensamentos. Não vi quando a garota nova deixou o palco e foi embora. Nem sei se consegui passar algum novo movimento pra ela. Na verdade, não consigo pensar em nada além da possível merda que fiz mais cedo. Posso dizer que estou mais calma agora, depois de descarregar a minha frustração dançando, estou enxergando o óbvio, ele queria saber como eu me sentia. Afinal fui enganada pelo meu próprio pai a vida toda, fui no 'enterro' dele, vi minha mãe chorar várias noites seguidas por achar que havia perdido o grande amor da vida dela, mesmo achando estar casada com outro homem, ela sempre amou o Matheus e o pior é que o Bernard sempre soube disso, apesar de nunca ter se importado com isso, eu acreditava quê o que ele sentia por minha mãe era bem maior, quando na verdade ele não ligava porque ela amava ele de outro jeito sem saber. E agora posso me considerar uma idiota, porque a Izabella é muito esperta, se ela tiver entendido alguma coisa, se desconfiar que eu sei de alguma coisa? Se ela matar o Aron a culpa vai ser toda minha.

Não sei a quanto tempo estou aqui dançando, deve ser quase hora da casa abrir as portas, os garçons, seguranças e garçonetes já chegaram e estão arrumando as mesas, bebidas e todo o resto. Meu corpo está dolorido, posso apostar que amanhã minhas pernas estarão roxas na altura da coxa onde costuma ser o ponto de apoio de alguns movimentos no pole. Meus braços estarão tão pesados pelos movimentos repetitivos que é provável que me sinta sem força para levantar cada um deles. Merda, eu fiz merda!

- Acho que já chega por hoje. Você já suou bastante dançando nessa droga e não quero ter que te carregar a força pra casa, fora o fato de que você ainda não comeu nada desde a hora que saiu de casa. - o Antony falou tudo de uma vez e não parecia tão puto comigo como imaginei que estaria, olhei além dele e vi a Izabella aparentemente frustrada. Ele tem razão, já chega por hoje.

- Sinto muito Tony. Eu... por favor me perdoa pelo que falei antes de sair eu... - parei de falar quando ele encostou o indicador em meus lábios.

- Sem brigas, vamos pra casa, terminaremos essa conversa depois que você comer alguma coisa. Tudo bem? - assinto de leve, me afastei dele e peguei minha bolsa de academia. Ou pelo menos deveria servir pra frequentar uma.

Passamos pelos demais calados, apenas gestos simbolizando uma despedida, não sabia como me dirigir ao meu marido agora, principalmente por saber o tamanho da besteira que eu possa ter feito.

Assim que chegamos no estacionamento e entramos no carro dele, antes que ele desse a partida no mesmo, segurei a mão dele, precisava me desculpar e tentar concertar a burrada que eu fiz.

- Depois que saí de casa hoje cedo, eu entendi o seu ponto de vista. Fui enganada a vida toda. Nunca tive um padrasto. Me sinto horrível por ter falado o que falei sobre tudo e o modo como te respondi. Se eu tivesse pensado um pouco mais, juro que não teria falado aquilo, meu modo de agir pode ter feito a Izabella desconfiar de alguma coisa. Me perdoa? - ele ouviu tudo sem esboçar reação alguma.

- Não se preocupe com essas coisas agora. O Ângelo já deve ter contado tudo pra ela. Eles conversaram hoje é estavam juntos na Rox quando cheguei pra te buscar. Pelo menos eles se acertaram. Eu entendo seu ataque de mais cedo. Agora vamos pra casa, você precisa comer e descansar e eu preciso de você ao meu lado uma noite inteira. Sou seu marido e já me acostumei com as poucas vezes que você resolve surtar - deu um leve sorriso de lado - se bem que prefiro seus surtos devassos como o de hoje cedo.

- Safado! - bati de leve no ombro dele -Eu aqui me descupando por praticamente dar início a uma guerra familiar e você pensando em sacanagens.

- Vendo você suada desse jeito e usando quase nada como roupa é totalmente difícil não pensar nas muitas posições que podemos fazer - ele deu partida e saiu do estacionamento - acho que vamos parar na minha antiga casa pra usar aquele quarto especial. O que acha amor?

Rox Drinking (REPOSTADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora