5. Lembranças

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Estou correndo à quase duas horas ininterruptas. Decido parar em uma barraquinha que vende lanches, estou com muita fome. Ao chegar na fila paro de repente ao ver um bebê chorando dentro do carrinho e uma lembrança ruim me vêm a mente:

Coloquei Nicolas para dormir, ele parece um anjinho! Ponho travesseiros em volta dele para que ele não caia da cama. Vou até a cozinha para terminar de lavar a louça, e de repente escuto um choro agudo do Nicolas, minha mãe corre até o quarto para ver o que aconteceu.

Meu irmãozinho caiu no chão, mesmo com os travesseiros em volta dele. Henrique me chama para dentro do quarto, coloca Nicolas dentro do carrinho e tranca a porta. E começa a dar murros na minha mãe.

- Eu já falei pra tomar cuidado com esse menino! Quantas vezes vou ter que falar suas retardadas?! - ele vocifera.

- Para de bater nela seu animal! - berro e parto para cima dele.

Henrique é gordo e alto, e é bem mais forte que eu. A primeira coisa que ele pega é um relógio de parede e quebra em mim e  depois me socar várias vezes. Caio no chão e Nicolas não para de chorar, até que alguém toca a campainha e Henrique para de nos bater.

- Vocês se safaram dessa vez, mas ainda não terminamos...

Meus pensamentos vaguearam tanto que alguém atrás de mim pigarreou para que eu continuasse andando na fila, olho para trás e reconheço o rosto que me é bem familiar.

- Perdão... - digo e volto a olhar para a fila. Só tem duas pessoas na minha frente.

- Não tem problema, Anna. - ele falou meu nome com muita ênfase. O encaro com expressão de poucos amigos. - Ei não precisa me olhar assim.

- Tá, tanto faz.

- Se lembra de mim? Sou o Jake e... - o interrompo.

- Me lembro de você e não me interessa o seu nome, agora se me der licença... - falo um tanto grosseira.

Não gosto de ficar de conversinha com pessoas que não conheço, apesar dele ter me ajudado naquele dia não faço questão de conhecê-lo. Chega a minha vez e faço o meu pedido, vou andando e comendo o meu sanduíche natural em direção à minha casa. Não sei qual foi a expressão do Jake quando o respondi daquela forma, não olhei para trás e não parei um instante sequer.

São onze horas, estou fraca e com o corpo dolorido, é isso que dar ser sedentária! Escuto o toque do meu celular, é uma mensagem de Charlotte pedindo pra que eu vá ao apartamento dela hoje à noite.
Deixo o celular de lado e vou preparar o meu almoço, umas das coisas que mais prezo é a minha alimentação, as vezes saio da linha e como algumas besteiras, mas hoje vou cozinhar alguns legumes, arroz e filé de frango grelhado.

Já é noite e estou em frente ao apartamento de Charlotte esperando que ela abra.

- Ei morena! - diz ela animada ao abrir a porta.

- Então Charlotte, o que temos para hoje? - perguntei entrando no apartamento.

- Pedi comida japonesa para nós duas! E está aqui os papéis da sua demissão, é só assinar e estará livre para o seu novo emprego. Vamos comemorar, comprei um vinho maravilhoso! - estava demorando a Charlotte inventar alguma coisa.

- Vinho? Comida japonesa? - eu rir. - Vamos comemorar então!

Depois do jantar, ajudei Charlotte na cozinha e fui embora. Paguei um táxi dessa vez, está muito tarde e é perigoso pegar ônibus sozinha. Estou tão ansiosa que mal consigo dormir, amanhã vai ser meu primeiro dia na Collins & Associados.

Infinita Liberdade ( Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora