21. Procurada

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Ofereço um pedaço de pizza para o Noah que recusa com um olhar de repulsa. Uma nota sobre ele: Noah só come alimentos recomendados pelo seu nutricionista e coisas saudáveis sem açúcar, sem glúten e sem graça. O bom de tudo isso é que vai sobrar mais pizza para mim, como ela inteira feliz e sorrindo.

Noah me deixa em frente ao prédio em que moro, me despeço dele e sigo até a portaria, mas paro quando vejo dois homens alto e esquisitos falando com o novo porteiro.
Engraçado, me lembro que quando sair para trabalhar hoje, era Alfred que estava na portaria. Meu instinto fala mais alto e escondo-me atrás de uma enorme planta com folhagens densas para poder escutar o que eles falam.

- Queremos saber se o senhor conhece uma mulher chamada Anna Flores Álvarez? - pergunta um dos homens com uma voz grossa bem intimidadora.

Quando escuto o meu nome, sinto que minhas pernas estão sem movimento e meu coração bate tão forte que meus tímpanos chegam a doer. O medo vai tomando forma dentro de mim e agora tenho certeza que eles não vão cansar até me capturar viva ou morta.

- Não senhor! Trabalho aqui há muito tempo e não conheço ninguém com esse nome... - o porteiro novo, Zac Barney, responde com paciência.

- Essa é a mulher. Tem certeza que nunca a viu? - diz mostrando uma foto ao Zac.

Minha consciência está em alerta e me avisa que tenho que sair daqui o mais rápido possível. Saio de fininho para que ninguém me veja, digito com os dedos trêmulos o número de Charlotte no meu celular. Assim que ela atende, explico por alto o que está acontecendo e peço para que venha me buscar.

- Calma Anna! Toma aqui esse chá. - ela diz ao me oferecer uma caneca com um líquido quente.

Estou muito nervosa, meu corpo está trêmulo e mal consigo segurar a caneca de chá, por isso a coloco em cima da mesinha que fica no centro da sala. Charlotte não sabe que me envolvi com uma facção para chegar aqui nos Estados Unidos, essa é a hora de contar a parte que eu omitir.

- Me conta o que aconteceu... Até pálida você está ! - Charlotte fala afagando o meu braço.

- Charlotte preciso te contar uma coisa que eu nunca te falei antes! - minha voz sai incerta e um pouco pesada, falar nesse momento é um grande esforço.

- Me conta, você sabe que pode confiar em mim. Estou ficando preocupada, não te vejo assim desde do dia em que te achei no Central Park! - minha amiga realmente está preocupada e odeio deixá-la desse jeito, de preferência quando eu sou o problema.

- Não sou uma residente legal, meus documentos são falsos e estou correndo perigo de vida... - falei de uma vez e solto a respiração, não tinha percebido que segurava o ar dentro dos meus pulmões.

Charlotte ficou mais branca do já era e seus olhos mal piscam de tanta confusão que se formou em sua mente.

- Como... Como assim? Por que você não me contou isso antes?! - ela pergunta com a mão na testa.

Charlotte não deixa o pânico da situação controlar os seus pensamentos, mas eu consigo ver nos seus olhos o peso da suas preocupações e a ansiedade que o meu problema está causando, era por isso que eu não queria contar. Ela é tudo o que eu tenho e não posso me dar o luxo de perdê-la, nem que por isso eu tenha que enfrentar os criminosos de frente.

- Eu estava com medo de que você me abandonasse! E ainda estou com muito medo... Até esse momento nunca achei que seria necessário eu te contar essa parte da minha história! - falei com a voz entrecortada.

- Anna eu sou a sua melhor amiga! Sua falta de confiança em mim, me deixa muito chateada... - Charlotte sempre foi honesta comigo e seu semblante fica triste e meu coração termina de se despedaçar.

Infinita Liberdade ( Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora