6. Reencontro

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Uma alegria imensa invade o meu ser, hoje é sexta feira e apesar do meu novo emprego ser ótimo, trabalhar é muito cansativo. Várias ligações e algumas ao mesmo tempo, às vezes Chloé pede um documento que eu não acho e descarrega toda sua fúria em mim e isso me deixa exausta. Jake continua paquerando Kate e tirando onda com a minha cara, mas ainda não mencionou nada sobre ajuda que me deu há algumas noites atrás.

Charlotte me ligou maiscedo dizendo que iria tomar café da manhã comigo. Então me aprontei depressa e preparei um café para Charlotte e um chá para mim, sentei no sofá à espera dela.

- Bom dia flor do dia! - diz Charlotte com muita animação ao entrar no meu apartamento.

- Bom dia Charlotte , espero que tenha trago uns daqueles bolinhos de queijo maravilhosos que você faz ou nossa amizade acaba por aqui. - falei brincando.

- É claro que eu trouxe, assei hoje de manhã. Vamos fazer uma festa do pijama hoje à noite? - ela perguntou. Sempre que Charlotte me chama para dormir em seu apartamento, ela diz que é uma festa do pijama.

- Que bom que você me convidou para dormir no seu apartamento! Ultimamente os pesadelos estão constantes. - falo antes de morder um bolinho.

- Achei que depois de cinco anos do que aconteceu, você nem teria mais pesadelos! - ela exclamo com preocupação.

Amanhã, dia quinze de agosto vai fazer cinco anos que eu sair do Brasil, eu tinha apenas dezessete anos quando cheguei nos Estados Unidos.

Minha mãe não queria separar-se de Henrique e eu não tinha muita escolha, não suportava mais ser humilhada, agredida tanto verbalmente quanto fisicamente. Quando completei quinze anos, conseguir um emprego como aprendiz em uma grande e renomada empresa financeira e Henrique tomava o meu dinheiro, mas eu sempre conseguia tirar metade e guardar na poupança.

Trabalhei durante dois anos, até que conheci a Flávia, ela era funcionária da mesma empresa que eu trabalhava. Depois que ela viu algumas marcas no meu braço precisei contar como era a minha vida e daí passamos a ser grandes amigas. Um dia quando estávamos conversando, ela me disse que tinha uma amiga que foi morar nos Estados Unidos sem ter que precisar de um visto, e foi aí que eu tive a ideia de fugir pra longe sem que ninguém soubesse onde eu estaria.

Pedi a Flávia o contato dessa amiga chamada Karen, que foi para os Estados Unidos. Karen me explicou como eu poderia fazer o mesmo, disse que tinha um pessoal que ajudava as pessoas a entrar no país ilegalmente e que eles cobrariam favores. E foi isso o que eu fiz.

Foi muito arriscado e perigoso, e a fuga saiu de um jeito totalmente diferente do que eu pensei. O pessoal que Karen tinha falado é uma facção do México que atua em alguns países da América Latina, essa facção mantinha negócios aqui no Brasil. Eu tinha planejado tudo, tinha dinheiro suficiente que daria pra uns dois meses até arranjar um emprego em Nova York, meu principal destino.

E um dia antes de fugir, Henrique pegou um galho de uma árvore e bateu tanto em mim que eu cheguei a desmaiar. Depois disso não tive mais dúvidas de que queria ir embora e nunca mais voltar. Nicolas, meu irmão, tinha apenas um ano de vida e não tinha culpa por ter um pai tão malvado, minha família por parte da minha mãe nunca me ajudou e eu não cheguei a conhecer o meu pai.

- Anna, eii! Você não tá me ouvindo? - disse Charlotte tirando-me dos meus pensamentos.

- Se eu responder que sim vai se sentir melhor? - falei.

Ela solta uma risada estranha. Apesar de Charlotte ser bonita a risada dela é esquisita e como eu não aguento começo a rir junto.

- Eu estava dizendo que você vai chegar atrasada se não comer rápido!

Infinita Liberdade ( Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora