54. Despedida

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- O que tanto procura? - Noah me olha confuso.

Ignoro a pergunta dele e tento alcançar o meu celular no fundo da bolsa. Ao pegá-lo tento recordar os números que treinei nos últimos sete dias para decorar. Digito alguns números enquanto a vejo partir no meio da multidão do aeroporto.

- Alô? - ela diz do outro lado da linha.

- Eu te amo mãe! - falo desesperadamente.

- Oh minha flor, eu também te amo! - ela para a certa distância e vira para trás.

Catarina me lança um sorriso adorável e encorajador, não vejo a hora dela voltar de novo. Nicolas e Paulo acenam em sinal de despedida e todos eles somem da minha visão ao descer a escada rolante.

No mesmo instante, sinto um vazio dentro de mim e meus olhos se enchem de água. Essa semana que eles passaram comigo foi a melhor de toda a minha vida, estou contando os dias para a minha festa de noivado, que é quando eles voltarão para Nova York.

- Vamos? - Noah pega na minha mão delicadamente e me guia até o seu carro.

Depois de colocar o cinto, encosto a cabeça no banco e observo a estrada sem dizer nada. Lembrar do Nicolas assaltando a geladeira a noite na mansão do Hamptons com o Benjamin me faz rir, eles dois estavam lambuzados de sorvete e farelos do bolo de chocolate cobriam o chão.

Fiquei tão feliz quando Noah e eu saímos para jantar com a minha família no Denver's, foi muito divertido. Meus antigos colegas de serviço, ficaram impressionados com a beleza da minha mãe e disseram que éramos muito parecidas. Hugh, pai de Charlotte, ficou maravilhado com Catarina, mas logo que viu que ela tinha marido, ficou chateado.

Infelizmente eles só poderiam ficar apenas uma semana, Paulo tem uma clínica e precisava voltar ao trabalho e minha mãe tinha pegado férias do hospital onde ela é supervisora dos outros enfermeiros. Achei incrível o modo como o meu "paidrasto" devota-se a Catarina, é a mesma forma carinhosa e amorosa que Noah cuida de mim.

Mamãe me confidenciou que estão querendo um bebê e Paulo mais do que ninguém quer ser pai, não posso dizer o mesmo do Noah, se depender dele nunca teremos filhos. Paulo trata Nicolas como um filho de sangue, até às repreensões que ele faz ao Nicolas tem firmeza e brandura e meu irmão obedece sem pestanejar.

Não perguntei muito sobre os meus tios e sobre a minha avó Helena, quando precisamos deles nunca se importaram conosco. E agora nesse momento estão partindo para o Brasil, e meu coração dói por ficar longe deles, a família do meu noivo se deu muito bem com a minha. Eleonor treinou inglês com a minha mãe e meu sogro juntamente com Abraham ensinaram Paulo a jogar golfe, nunca vou entender porque eles gostam tanto desse esporte.

Benjamim chorou ao ver Nick partir e confesso que estou chorando agora. Noah pega a minha mão e sorrir para mim.

- Não fica assim minha flor... Ligará para eles quando chegarem lá e no começo do mês que vem estarão aqui para o nosso noivado! - ele tentou me acalmar.

- Eu te amo Noah... - disse ao soluçar.

Noah para o carro e me abraça.

- Eu te amo mais! - ele diz com ternura.

Confesso que amo essa frase e confio nela.

    ***
Nunca achei que casar daria tanto trabalho! Ainda bem que a minha sogra ficou com a maior parte do trabalho, se dependesse de mim não ia ter essa trabalheira toda. Chamei as meninas para o meu apartamento, vou deixar elas entretidas discutidos coisas que eu deveria tomar partido, mas dizer sim ou não é bem mais fácil. Samantha está triste porque vai entrar no vestido de madrinha grávida, tanta frescura.

- Sam você decide! Estou sem paciência para seus ataques de estrelimos... - respondi irritada e ela mostra sua língua para mim.

- Anna com quem eu vou entrar? - Kate perguntou com expectativa.

Dei um sorriso cúmplice para ela.

- O nome dele é Marvin, primo do Noah e muito bonito por sinal...

- Claro que deve ser, Jake e Noah são uns deuses gregos, devo imaginar como deve ser o resto da família... - Kate diz pensativa.

- Você já o conhece... - digo ao olhar sobre três tecidos que preciso escolher para as mesas.

Eleonor disse para eu decidir sobre várias coisas e detalhes nesse fim de semana e essas três cores estão no meio. São iguais, não vejo diferença, são todas bege.

- Marvin Collins! Lembrei dele! - Kate bate palmas ao aprovar seu parceiro.

- Julie esses tecidos são da mesma cor! - falo sem muita paciência. - Por que preciso escolher se são iguais?

- Não Anna, não são iguais! - ela pega os panos das minha mãos. - Esse é café com leite, um bege mais escuro. Já esse, é o pérola, um bege com um tom mais claro e brilhoso! - ela levanta os respectivos tecidos.

- Devo ser daltônica! São todos beges! Escolha o que preferir, preciso de um brigadeiro urgente! - me levanto do chão e vou até a cozinha preparar o meu doce preferido.

Negociei com Eleonor um corte na lista de convidados, apenas 400 pessoas foram convidadas para o noivado e 800 para o casamento. É muita gente! Mas ela não aceitou tirar mais nenhum convidado e deixei assim, o Noah é o primeiro filho dela a se casar e não quero estragar a alegria de uma mãe.

Há duas semanas comecei a trabalhar, quase não sinto mais tonturas, falei para o Noah que elas desapareceram, não quero ele preocupado comigo o tempo todo. O ano mal começou e recebo pressões de todos os lados, Noah quer que eu faça alguma faculdade e que eu esteja preparada para entrar em uma universidade, sem contar que já estou estudando que nem louca para as avaliações. Eleanor me liga quase todos os dias perguntando sobre as minhas ideias do casamento e sinceramente, estou pensando em fugir.

- Anna, acorda! - Sam chama a minha atenção.

- Prefere azul ou rosa? - Kate mostra a imagem em seu celular com dois vestidos.

- Nenhum dos dois... - falo com demasiado cansaço. - Que tal falarmos sobre isso amanhã durante o café da matina?

Elas ficaram contentes e quase não pararam de falar, deito no sofá com um copo cheio de brigadeiro de colher e tento descansar um pouco a minha mente. Decidi fazer Direito já que me dou bem com essa área, e com o meu noivo enchendo a paciência eu iria fazer de qualquer forma.

Em uma tarde bem movimentada aqui na empresa, Noah precisava de uma solução rápida para resolver o caso de um cliente ou perderia a causa. E como eu apareci na sala para levar alguns documentos, escutei a conversa dele com Samantha e Chloé por acaso, além de me intrometer na conversa, citei uma lei descrita na Constituição americana. Eles me olharam perplexos e perguntaram onde eu tinha aprendido. Quando estava sem trabalhar, passava o dia inteiro deitada no chão do escritório do Noah lendo esse tipo de livro e além do mais aprendi muito aqui na empresa. Desse dia em diante ficou decidido que eu seria advogada.

Depois que as garotas dormiram, criei coragem para fazer uma limpeza na cozinha. Chamei elas para dormirem no meu apartamento, eu amo a companhia delas, me deixa mais alegre. São quase uma da manhã e ouço batidas de leve na porta.

- Não acredito!! - olho para ela surpresa por estar aqui.

- Antes tarde do que nunca! - Charlotte me abraça.

- Pensei que voltaria amanhã à noite...

- Achou que eu ia perder o sábado das garotas? Estou animada para te ajudar com os preparativos do grande dia! - Charlotte diz animada ao entrar com sua mochila.

- Quanto mais ajuda, melhor para mim! - ainda bem que tenho elas para resolver as maiores pendências.

Infinita Liberdade ( Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora