38. Fuga

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Na maioria das vezes a vida fica tão complicada que você pensa em morrer. O irônico é que esse não é meu caso, eu passava por problemas medíocres e achava que o mundo ia acabar por causa disso. Nesse momento o que eu mais desejo é viver e sair desse lugar sã e salva, mas eu sei que no mundo real nenhum cavalheiro virá me buscar e eu não tenho nenhuma chance de fugir.

Minha cabeça lateja muito, não sei que horas são porque no lugar onde me puseram só há algumas frestas de luz vinda da janela que está tapada com madeiras. O local fede à mofo e meus punhos já não estão presos com a corda e sim com uma corrente, por isso que estava doendo tanto.

Meu estômago faz um barulho gutural reclamando por falta de alimento, minha boca está seca e nada podia ficar pior do que já está. Felizmente meus pés estão livres, pelo menos posso andar. Não sei quanto tempo fiquei apagada, depois que falei com o Noah fizeram questão de me espancar, ainda mais porque não fiz o que eles mandaram: Pedir o resgate.

Estou com tanta raiva de mim mesma, mas ouvir a voz do Noah foi uma das melhores sensações. Ele estava com a voz calma, provavelmente tentando me acalmar, mas eu percebi o seu desespero, Noah me prometeu que tudo vai ficar bem e eu acredito nele. O amo mais que tudo nessa vida e não vou me deixar por vencida nesse lugar.

Ouço passos e é difícil identificar a entrada dessa sala num lugar tão escuro. De repente a porta se abre e uma silhueta aparece há poucos metros de mim, a luz que invade a sala é muito forte e por isso fecho os olhos e fico encolhida. A pessoa que eu não consegui identificar começa a se aproximar e a porta se fecha atrás dela, estaria mentindo se dissesse que não estou com medo!

- Anna fica calma sou eu... - diz o traidor.

- Fica longe de mim Alejandro, já não me fez sofrer o suficiente? - respondi com medo disfarçado de arrogância. Eu confiava nele e agora percebo o quão fui ingênua por ter feito isso.

- Não tenho muito tempo para explicar, preciso que você coopere. - informou com paciência.

Já sei qual o joguinho dele, mas se eu quiser escapar desse lugar preciso fazer ele acreditar que eu o amo.

- Mas eu cooperei Alejandro... - disse com a voz manhosa.

- Você quase ferrou com o nosso plano! Você é idiota por acaso?! - ele fica frente a frente comigo e sua ferocidade me assusta.

- Eu tive que ficar desesperada, Noah age melhor sob pressão e ver o meu estado de sofrimento vai fazê-lo depositar o dinheiro mais rápido... - falei ao me aproximar mais perto do Alejandro.

- Mas... - ele ficou um pouco pensativo e me encarou por uns instantes. - Você sabe que Fernan vai te matar de qualquer jeito não sabe?

Não, eu não sabia! Droga! Agora eu estou ferrada, preciso pensar em algo rápido.

- Sim, eu desconfiei... - menti. - Mas o tempo que fiquei nesse lugar me fez pensar que não amo o Noah de verdade... Eu estava com ele por causa do dinheiro, precisava ir embora para a Europa, mas aí você apareceu naquela noite no meu apartamento e...

- E? - Alejandro fica na expectativa, acho que a minha conversa fiada está dando certo.

- E eu percebi que meus sentimentos por você não mudaram... - suspiro e abaixo a cabeça. - Mas do que adianta isso agora, já que estou presa e condenada a morte e quem me entregou foi a própria pessoa que eu amo! - choramingo para tornar a cena realidade.

Alejandro anda pela sala e passa a mão pelos cabelos, não sei o que se passa com ele nesse momento, mas acho que o meu plano súbito está dando certo.

- Eu ia te sequestrar porque não suportaria vê-la com aquele almofadinha e agora você diz que me ama? - ele diz perturbado com toda essa situação.

Infinita Liberdade ( Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora