66. Problemas

65 5 0
                                    

A melodia rude e grave ecoam pelo apartamento, com os dedos duros e sem jeito toco a tecla do piano. Com uma paciência de dar inveja, Noah observa e faz algumas caretas quando erro quase todas as notas.

- Meu amor você precisa relaxar os ombros, deixar o seu corpo e principalmente as suas mãos bem leves. - ele aconselha  ao fazer movimentos relaxantes com os ombros.

- Por hoje está mais que bom... - levanto da banqueta com as mãos nas costas.

Ficar uma hora em uma posição reta é um pouco dolorido ainda mais na minha situação. Ando até o sofá e Noah me acompanha, há duas semanas resolvi aprender a tocar piano e por mais engraçado que seja o resultado está sendo positivo.

- Você parece que está com dor... - ele franze a testa ao me ver deitar no sofá.

- É só cansaço meu amor, estou bem! - digo ao segurar o seu rosto.

- Se eu puder fazer alguma coisa para te ajudar...

- Noah! Eu estou bem, fica tranquilo. É que carregar dois seres humanos na barriga cansa um pouco... - sorrio para acalma-lo.

- Apesar da ignorância com que você trata as teclas do piano, está se saindo bem! - seu elogio deixa a minha noite mais feliz.

- Tenho dó dos nossos queridos vizinhos! - comento ao ressaltar o desastre de ser uma pianista em estágio inicial.

Ouço um barulho vindo da entrada do apartamento e Julie entra com sacolas em mãos.

- Eu sei que vocês estão curtindo um momento único e especial, mas eu estava me sentindo sozinha... - ela vai diretamente a cozinha sem olhar pra nós.

Sorrio dela e Noah apenas dar de ombros, Julie gosta muito de vir aqui e não me importo quando ela aparece sem avisar.

- O doutor está fazendo plantões no hospital Julie? - Noah pergunta já sabendo a reposta.

- É a quarta vez essa semana... - ela diz um pouco chateada. - Quem mandou eu me apaixonar por um médico!

- Pelo menos o meu advogado dorme em casa! - digo ao me levantar e alongar um pouco antes de subir para tomar um banho.

- Não precisa esfregar isso na minha cara dona Anna! - Julie finge aborrecimento. - Sua família chegaram bem no Brasil?

- Falei com ela hoje de manhã, eles chegaram bem!

- Que bom... Anna eu posso te fazer uma outra pergunta?

- Você já está fazendo Julie! - Noah provoca.

- Não enche Noah! - ela revira os olhos. - O nome do segundo bebê será Blake mesmo?

- Sim, conversei com Noah e decidimos que será esse o nome... Por que?

- Não gostei! Enfim, o filho é de vocês... - ela voltou para a cozinha e mais uma vez rir da minha cunhada.

Depois de me levantar do sofá, faço um breve alongamento. E lembro que preciso dar uma olhada no quarto de Daniel e Blake, é um ritual durante o dia, observar o quartinho deles é viciante.

Subimos juntos para o quarto dos bebês e deixamos Julie na cozinha fazendo sabe lá o quê. A porta do quarto é branca e de madeira, ainda não coloquei plaquinha e não pretendo, acho esquisito. O quarto é arejado e aconchegante, o lugar mais lindo de todo o nosso apartamento!

- Quem diria que estaríamos aqui, esperando os nossos filhos... - falo emocionada.

Noah se aproxima de mim e me abraça por trás. Seu cheiro, o calor do seu corpo, tudo dele me faz bem e deixa a minha vida mais calma.

- Sabia que na primeira vez que eu a vi no restaurante não tinha me interessado por você? - ele diz de forma contida.

- Ah é?! - perguntei curiosa, pois nunca tínhamos falado sobre como foi ter nos conhecidos.

- Naquela noite depois do jantar, Jake ficou me enchendo a paciência dizendo que eu tinha chamado a sua atenção. Depois você estava no meu escritório e achei muita coincidência! - ele diz sorrindo pelos olhos.

- E quando foi que a morena conseguiu fisgar o solteiro mais cobiçado da cidade? - falei ironicamente.

- Na boate... Você estava tão linda e me olhava de um jeito tão inocente, estava nítido que aquele lugar a incomodava. E quando vi o quão bebâda você ficou, resolvi ir atrás de você... - seus olhos azuis brilham e suas mãos acariciam as minhas costas.

- E desde então você cuida de mim e o amo muito por isso! Está perto de mim quando mais preciso... - falo o encarando.

- Engraçado que você não ia muito com a minha cara enquanto eu rastejava aos seus pés, não é mesmo? - ele arquea as sombracelhas.

- O que eu senti quando via você pelas primeiras vezes guardarei somente para mim! - o beijo para ele não ter tempo de rebater.

- Anna isso não vale! Eu quero saber. - ele fala inconformado.

- Eu fiz o nosso jantar! - Julie diz ao nós interromper. - Ops... acho que estou atrapalhando os papais.

Eu e Noah começamos a rir e Julie entra maravilhada no quarto.

- Este lugar me deixa tão encantada... - ela comenta ao contemplar os objetos infantil.

- Noah e Jake fizeram um belo trabalho, tenho que admitir! - falo ao segurar a mão dele.

- Não vejo a hora dos meus sobrinhos nascerem! Eu estou muito feliz por vocês dois! - Julie diz com os olhos cheios de água.

- Ah que linda! - a abraço um pouco desajeitada por causa da minha barriga.

- É um momento muito importante e especial Julie, eu estava com tanto medo que não queria enxergar o outro lado disso tudo... - Noah comenta.

- Mas chega né! Não quero chorar agora, vamos comer? - minha cunhada diz mudando de assunto e sai do quarto apressada.

Olho para o homem mais lindo do mundo e agradeço por tê-lo ao meu lado.

- Eu te amo! - falo ao tocar seu rosto.

- Amo vocês também! - uma mão joga uma mecha do meu cabelo para trás e a outra alisa o meu ventre.

                                  *** 
Não deixo de ficar preocupada, Noah não termina a ligação e a cada expressão sua, fico mais apreensiva. Algo muito ruim aconteceu e essa não é uma boa hora para eu ficar nervosa.

- O que aconteceu? - pergunto aflita.

Noah me encara sério e respira fundo.

- Fernan está morto e Alejandro voltou para o México, parece que está retomando os negócios por lá!

- Alejandro conseguiu fugir... - sussurro.

- Ele está longe, mas eu não sei por quanto tempo. Enquanto Alejandro viver estaremos em perigo... - Noah me abraça e me agarro a ele.

Antes eu não tinha medo de encarar Alejandro, mas temo pela vida do Noah e dos meus bebês que ainda não nasceram.
Eu disse que não queria ficar a par do que está acontecendo nas investigações, mas eu não consigo me segurar. Seguro a mão do Noah com firmeza enquanto caminhamos pelo corredor da delegacia até a sala de reunião onde estão a nossa espera o Sr. e a Sra. Collins, alguns agentes e o delegado.

- Ainda não tenho uma prova concreta, mas certamente os Los Siete tem comparsas pela região e o meu último informante citou uma mulher, mas que não sabe a origem dela e muito menos o nome. - o Agente Larsson nos explicou.

- O importante agora é focar na segurança de vocês, desmontar uma cadeia de tráfico tão grande e influente como a deles traz sérias consequências, ainda mais quando se tem um caso passional no meio... - delegado Frantz me encarou por alguns segundos.

Ele tem razão nossa segurança é prioridade agora. Noah aperta mais o os seus dedos nos meus. Acabou as gracinhas de querer sair sem o Matt e o Bruce, preciso obedecer as instruções deles para a segurança dos meu filhos.

Infinita Liberdade ( Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora