65. Presente

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Achei estranho Noah pedir para eu ficar o final de semana no Hamptons sem ele, mas não recusei. Estou precisando descansar, me sinto esgotada antes mesmo do dia acabar, às vezes fico sem respirar e o ar de Nova York não ajuda muito.

Belisco o bolo de morango enquanto Angelin tenta ensinar a minha sogra a fazer um sapatinho de crochê para os garotos.

- Eu sou péssima nesse tipo de trabalho! - ela diz frustrada. - Você aprendeu tão rápido com a nossa mãe...

- É só ter prática Eleonor... - Angelin tenta ajudá-la. - E que eu me lembre, você preferia ler com o nosso pai do que aprender a bordar e costurar!

Sorrio para mim mesma da cena tão familiar e engraçada, elas me divertem pra caramba e não sabem o quanto sou agradecida por tê-las em minha vida.

- Prontinho Anna, o suco de guaraná que você pediu! - Brooke deixa a bandeja com uma jarra de vidro e um copo.

- Obrigada Brooke... - ataco o suco logo de cara.

- Beba tudo! Quase não acho e tive que ir em Nova York para encontrar esse tal de guaraná, espero que essas crianças nasçam logo! - ela disse ao suspirar.

Angelin e Eleonor riram baixinho, não tive tempo de reclamar delas pois estava ocupada me deliciando do refresco natural de guaraná.

- Estava uma delícia! Meu apetite subiu de nível depois da gravidez. - Comento.

- É mesmo?! Ninguém aqui tinha percebido isso! - Julie entra de surpresa na sala.

- Julie! Você aqui? - falo com alegria.

- Então, sabia que vocês estavam reunidas e não quis ficar em casa, a obra dos meninos está muito barulhenta!

- Obra, no nosso prédio?! - franzo o cenho.

- Ah! Não... Quero dizer umas artes que uns amigos meus estavam fazendo, aqueles que estavam hospedados lá em casa, lembra?

Um pouco estranho a reação dela, mas não tenho o mesmo pique de antes de ficar discutindo sobre o que realmente está acontecendo e então eu decido deixar pra lá. Julie parece se sentir mais relaxada por eu não fazer mais perguntas.

***

- Eu preciso mesmo amarrar essa faixa ao meu rosto?

Ele me olha eufórico com um pano preto em mãos, mas fico com receio de tropeçar na escada.

- Sim, eu guio você, não se preocupe! - ele diz amarrando a faixa na altura dos meus olhos.

Sem enxergar nada, subo cada degrau devagar.

- Só mais alguns passos... - ele diz no meu ouvido.

Treinei muito para fazer essa encenação, ele nem desconfia que eu sei qual é a surpresa. Eu quero esses bebês mais que tudo, o engraçado é que Noah não queria nem um filho, imagina dois ao mesmo tempo!

- Pronto, agora pode olhar!

Assim que minha visão fica livre, abro os olhos devagar. Meu coração bate mais rápido e lágrimas embaçam as minhas vistas.

- Ah! Que lindo... - digo ao tocar o berço do meu pequeno.

O quarto é grande o suficiente para caber mais dois berços. A janela fica coberta com uma grande cortina dupla de tom bege e azul clarinho. Um lado do quarto fica a poltrona de amamentação e um apoio para os pés, o aparador contém um abajur e um livro infantil. Do outro lado do quarto estão os dois berços, um ao lado do outro com uma decoração simples, mas charmosa, Noah sabe que eu odeio exageros.

Infinita Liberdade ( Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora