Infinita Liberdade ( Revisado)

13. Pedido

Caminho pelo parque tranquilamente, gosto de vir aqui. Me faz bem observar as pessoas a passear, os raios do sol atravessando as copas das árvores e toda aquela vida ao sentir o movimento e a alegria que emana de todos em volta. Ao andar mais um pouco, vejo duas meninas com seus quinze ou dezesseis anos conversando e rindo com alguns livros em mãos, elas sorriem como se tudo na vida fosse flores e que nada poderá tirar a alegria delas.

- Lana você já terminou as atividades de matemática? - perguntei para minha melhor amiga.

Eu não tinha tempo de fazer as tarefas dá escola quando estava em casa, Henrique dizia que eu não precisava estudar e sim trabalhar, então eu ficava limpando a casa e servindo ele como se eu fosse a sua empregada. Mas durante a madrugada, eu fazia minha tarefas da escola escondida e as que eu não terminava pedia para Lana me ajudar.

- Ficou estudando até altas horas de novo? - ela pergunta ao me repreender com seus olhos pretos e brilhantes, só ela tem esse olhar impressionante.

- Fiquei sim, ainda bem que você me ajuda, não sei o que faria sem você! - respondi.

Lana me ajudou quando eu mais precisei, às vezes eu não comia porque o marido da minha mãe não deixava. Lana levava comida para eu me alimentar ou simplesmente eu ia na casa dela.

Muitas pessoas têm uma vida maravilhosa, uma família, amor e às vezes não dão valor ao que importa. As lembranças boas que eu tenho estão indo embora e dando lugar a sentimentos e lembranças ruins, eu não quero ser uma pessoa que vive angustiada e deprimida, por isso faço de tudo para não ter pensamentos negativos.

Minha mãe foi fraca, não lutou pela felicidade. Eu não quero ser como ela e nem ter uma vida como a dela. Não a odeio, só não sinto mais o amor que eu sentia por ela. Catarina acabou com a minha juventude, tiver que viver sob comando de Henrique, ditador e covarde que agride mulheres para se sentir poderoso.

Não fui a festas da escola, gincanas, nem a noitadas que os colegas faziam. Sempre fui afastada de tudo isso, ninguém imagina pelo que eu passei, nem Charlotte! Nunca contei toda a história para ela, não quero que fique com pena de mim. Aprendi a não confiar nas pessoas, elas enganam, mentem e te descartam como se fosse lixo.

Sento no sofá e relembro o tanto que Lana chorou quando falei que iria fugir.
Foi um dia antes deu ir embora e ela tentou me fazer mudar de ideia mas eu não a escutei. Lana me deu dinheiro e falou que não iria se esquecer de mim e me prometeu fazer o mesmo.

                                ***

É manhã e me olho no espelho, passo a mão em meu lindo vestido tubinho em azul escuro, que realça bem as minhas curvas. Toco em meus cachos e decido soltá-los hoje, sabe aqueles dias que você se olha no espelho e se acha a mulher mais linda do mundo? Então, hoje é um desses dias!

Bom humor é tudo e traz boas energias, pelo menos é o que eu acho. Hoje quero que o dia seja melhor que ontem, sem estresse, sem briga, só paz e amor. Assim que chego no prédio dou bom dia para Adam que retribui com um sorriso.

Na recepção da empresa cumprimento Rachel e Chloé e como sempre elas me ignoram. Sigo para minha sala, deixo minha bolsa em cima da cadeira e vou para a copa onde encontro Kate, minha nova amiga.

- Bom dia Kate! Está animada o que foi?

- Bom dia Anna, hoje estou me sentindo bem! - ela respondeu. - É verdade que você foi almoçar com senhor Collins ontem?

- É sim... Eu esqueci de contar para você. - respondi sem jeito. Mas eu sabia que ela ia perguntar, Kate é muito curiosa, não é atoa que ela sabe de tudo o que acontece nesse edifício.