Infinita Liberdade ( Revisado)

45. Perdão

Não queria ter que vir aqui novamente, mas a Charlotte disse que ver ele pessoalmente é melhor do que falar pelo telefone. Lembrei do dia em que ela me obrigou a ir no apartamento dele pedir desculpas, eu tinha dito várias coisas terríveis para ele e mesmo assim Noah me acolheu.

Fiquei esperando Noah aparecer em seu apartamento e nada da presença dele. Sei que ele é viciado em trabalho e que porventura estaria aqui na empresa.

Nunca estive tão nervosa para falar com ele e antes de sair do elevador solto uma longa respiração. Não há ninguém na firma, já se passam das 22h00 e em uma sexta feira todos procuram sair mais cedo.

Ao andar pelo caminho que leva a sala do sócio-presidente, vejo Kate na mesa de Samantha.

- Kate?! - digo surpresa por vê-la ali.

- Anna! Quanto tempo que não nos vemos! Que saudades, quando você volta em sua preguiçosa? - Kate perguntou e parece feliz em me vê.

- Depois dessa semana de Natal e ano novo volto a todo vapor... O Noah está?

- Sim... Mas eu já estou de saída, cheguei no meu limite hoje! Vê se consegue tirar o Collins desse escritório, são mais de dez horas da noite...

- Kate eu vou entrar, preciso falar com o Noah. Depois nós conversamos mais! - ela assentiu com a cabeça e eu entrei na sala.

Ele não está na sua mesa e suponho que esteja no banheiro, está tudo muito bem organizado, como sempre. Achava que todos os homens fossem desorganizados, mas Noah é diferente. Caminho até a grande mesa e vejo um porta-retrato e nele há uma foto de nós dois, foi o mesmo porta-retrato que deixei cair hoje de manhã quando desmaiei.

Ao analisar a imagem de nós dois juntos no parque High Line quando planejei passar a tarde com ele, meus olhos esquentam, mas não posso chorar agora. Ficamos tão lindo nessa foto, Noah é tão fotogênico e ele não precisa forçar muito o olhar ou o sorriso para se sair bem em alguma fotografia, é muito natural a beleza que emana dele.

- Anna!

O porta retrato quase cai e como reflexo, abraço a foto com medo de cair das minhas mãos. Noah está com a gravata frouxa e seu cabelo um pouco desgrenhado e isso me faz estranhar, porque o Noah que eu conheço sempre está impecavelmente arrumado.

- Oi Noah - disse colocando a foto de volta no lugar. - Precisamos conversar...

- Estou trabalhando... - ele retrucou friamente e uma pontada acerta o meu peito.

- É eu percebi, mas já passam das dez... Fui até o seu apartamento e você não apareceu e então pensei em vir aqui, sabia que iria te encontrar no escritório. - falei como se tivesse tudo bem.

Em nenhum momento vi emoção em seu rosto, quando Noah quer ser ruim, ele sabe ser.

- Você pensa que é assim que se resolve as coisas? - ele se aproxima devagar e fico um pouco nervosa. - Acha que vindo aqui com essa doçura em pessoa vai fazer eu esquecer tudo o que aconteceu hoje?! - Noah não altera a voz e se o faz eu nunca vi, mas ele sabe amendrontar com um tom de voz baixa e firme.

Até para ser intimidador Noah faz inveja, se fosse eu estaria berrando aos quatro cantos da terra. Estou fazendo o possível para manter as minhas emoções intactas, mas presumo que há qualquer instante estarei me desmanchando em lágrimas. Ele continua com o seu olhar fixo em mim e eu não o respondo.

- Anda Anna! Diz alguma coisa! - ele diz com a voz alterada, mas não chega a ser tão alto. Apenas o grave da sua voz me faz sentir medo.

Viro as costas e começo a chorar. Queria poder me controlar nesse momento, mas não consigo, ele pode achar estou usando como chantagem, e não é isso que eu quero transmitir.