Me assustei com a reação dela, ela olhava para minhas mãos com as suas mãos tampando a boca.Parecia apavorada. Então, levantei minhas mãos para vê-las e elas sangravam sem parar. Me apavorei também. Aonde eu teria me cortado?
- tenho que te levar para algum hospital agora Emmica! - gritava ela, estava pálida de pavor.
Me segurou pelo braço e me puxou com toda sua força. Eu estava confusa. E muito. Saímos correndo pelo corredor, até batermos de cara com alguém. Caímos todos juntos.
Minhas mãos não paravam de sangrar. Todos os meus dedos estavam cortados em vertical de cima para baixo e a Palma de minha mão havia muito sangue.
Quando eu olhei em quem Sarah havia batido, não falei nada, apenas o observava.
- Ai cara! Olha por onde... - disse Sarah antes de olhar aquela beleza pura na sua frente. - oi lindo, desculpa.
Olhei para Sarah com cara de "Quê?"
- porque a pressa? - perguntou ele.
- pressa, que nada lindo, não vamos a lugar nenhum.
- hum hum! - pigarreei para chamar sua atenção.
- ah, eu tenho que levar Emmica urgente para o hospital.
- o que aconteceu com você? - perguntou me observando com certa preocupação.
Não falei nada, apenas levantei minha mãos para amostrar a ele os cortes.
- Ai. - fez careta. - isso deve tá doendo muito.
Afirmei com a cabeça.
- então... Você vai me ajudar? - perguntei um pouco tensa.
- claro, espera só eu pegar a chave do meu carro.
- carro?? - Perguntou Sarah pasma.
- sim, disse se afastando de nós e entrando numa sala.
Sarah me cutucou.
- isso que é um anjo amiga!
Apenas ri com as bobagens dela. Foi então que ele nos chamou.
Caminhamos até a saída da escola, e pegamos uma carona para o hospital.
O carro dele era novo e muito lindo.
Fui o caminho inteiro quieta, sem falar nada, apenas escutando as entrevistas que Sarah dava no garoto.Como: a onde você mora? tem irmãos? tem namorada?
Ele respondia normalmente, como que não se incomodasse.
E eu ali, pensativa, olhando para a minha mão, atada por uma toalha que o garoto me deu. Queria saber de onde teria surgido tais cortes. O mais interessante é que na hora que saí do banheiro não estava doendo. Nem se quer notei. Interessante isso né?
Enquanto você não ver que tem um ferimento, ele não dói. Mas, se você descobrir que ele existe, é a pior dor que você pode imaginar. E foi essa dor que eu estava sentindo. E o pior que eram minhas duas mãos.
Chegando no hospital ela me obrigou a subir na maca e saiu correndo chamar alguma enfermeira, parecia uma maluca dentro do hospital berrando por um e por outro. Não demorou muito e um médico veio me atender. Quando ele se aproximou de mim e viu minhas mãos, entrou em choque. Mas preferiu não comentar nada, apenas pediu para a enfermeira trazer algodão, PVPI e ataduras para enfaixar a mão. Ele continuava em silêncio fazendo meu curativo e Sarah estava parecendo uma barata tonta de um lado para o outro, foi então que seu celular tocou, e ela teve que se retirar da sala. O silêncio continuou até o médico quebra-lo.
- O que aconteceu?
- aaah... Eu não sei... - disse com a voz falha.
- você pode me explicar?
- melhor não, doutor.
- eu só quero lhe ajudar. Esse é meu dever.
- mas... é impossível alguém me ajudar.
- Nunca fale que uma coisa é impossível.
- ahh! - disse fazendo uma cara furiosa.
- calma... desculpe pela insistência. Mas eu tenho muitos anos de Medicina, e sei que esses cortes não foram feito por algum acidente, nem por uma pessoa.
- Por incrível que pareça não fui eu quem fez isso! Nem acidente.
- E como isso aconteceu então!?
- aaah! Eu também não sei! E
termine o meu curativo rápido porque sua profissão é médico, não detetive! - gritei furiosa olhando bem dentro de seus olhos.Ele não falou mais nada, apenas continuou seu trabalho. Quando terminou, desci rapidamente da maca e fui atrás de Sarah, que me esperava na recepção.
- finalmente né! - falou dando um suspiro.
- o médico quase não deixava eu sair de lá! - falei indignada. Ela sorriu.
- ele queria te atacar foi? - falou maliciosa.
- Não sua vaca! Eu em! Ele estava apenas me interrogando de como isso aconteceu. - falei levantando as mãos mostrando com meus olhos.
- E como isso aconteceu?
- até você Sarah!?
- claro. Anda vamos. Temos que voltar para a escola, não avisamos que saímos.
- É verdade...
Saímos do hospital, e o galeguinho lindo nos esperava encostado no carro. Nos aproximamos dele.
- e aí? Como foi lá dentro?
- normal. - falei sóbria.
- e o que realmente aconteceu na sua mão?
- já disse que não sei.
Sem demora, entrei no carro, e me calei. Não queria papo, não queria falar sobre aquilo.
Chegando na escola, me despedi do garoto, e fui direto para a sala. E do nada fomos barradas pela diretora.
- qual foi o motivo das duas senhoritas ter saído da escola na hora da aula? - perguntou de braços cruzados.
- tivemos que ir ao hospital senhora diretora. - Sarah disse.
- por qual motivo?
- Emmica se cortou.
Quando Sarah falou isso, a diretora soltou um sorriso irônico e virou sua atenção para mim.
- querida Emmica, eu esperava isso de qualquer pessoa, menos de você.
- mas... diretora, não foi por que eu quis, pra falar a verdade eu nem sabia que minhas mãos estavam assim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Inimiga da Morte
HorrorAs pessoas estão certas quando dizem: "Tenha cuidado com o que fala, pense bem antes de dizer algo, palavras podem destruir vidas. " Ou então quando falam : "Deixe os mortos em paz. Não fale mal deles. Eles podem te ouvir. " Mas Emmica nunca seguiu...