Capítulo 38

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*** Agatha ***

Mas um dia trancada naquele quarto escuro. Aquela era a minha vida. Ouvi as almas dizendo que eu ia encontrar a luz, que iria me juntar aos humanos. Mas eu não queria. Não queria ser tirada da escuridão. Não queria ficar entre monstros.

- você tem que sair Agatha...

- Não. Não vou. Lá fora há monstros! É muito perigoso! – falo balançando a cabeça frenéticamente..

- Mas... Agatha! Pensa pelo lado bom. Você sairá dessa cama! – Samuel diz alegre.

- Eles não deixam eu botar o pé no chão Samuel. – respondo séria. – eu posso congelar.

- Não. Isso não existe. Tocar o chão não congela Agatha. – Ele chega perto de mim e pega no meu queixo. – você deveria me escutar.

Fico calada. Não poderia retrucar com um anjo. Só dou um suspiro.
Ele se afasta e vai até a porta.
Levanto minha cabeça e o sigo com o olhar.

- chegou minha hora? – pergunto tensa. Ele assentiu que sim.

Então, porta se abre, e a luz invade todo o meu quarto. Boto as mãos nos olhos devido a alta claridade, e espero a mulher de branco entrar, para poder olha-la. Ela entra e fecha a porta.

- Bom dia Agatha!!!

Não respondo. Observei-a. Ela estava bem feliz. Acho que era pelo fato de que eu iria sair daquele lugar.

- trouxe o seu remedinho!

Ela veio em minha direção com a bandeja de aço com um copinho com três ou mais comprimidos dentro e um copo de água.

- Sem injeções por hoje? – perguntei aliviada.

- está achando ruim? – me responde com ignorância.

Me ajeito na cama e espero ela me dá o copinho com os comprimidos. Pego eles e jogo de uma só vez na minha boca. Já sabia que tinha que tomar de um jeito ou de outro aquela droga mesmo! Ela me dá o copo de água e o tomo, logo em seguida entregando o copo a ela.

- Olha só... Está obediente hoje! – diz sarcástica. – será que só está assim porque vai sair daqui?

- Não enche.

Faço cara feia.

- Uhhh... Que medo...

Ela ri irônica.

- Me deixa em paz sua vadia!

- ai, "Carrie a estranha" já está dando seus chiliques?

Ela estava insuportável. Olho para Samuel.

- Samuel! Você vai deixar!?

Samuel bota uma cara de "eu não posso fazer nada". Revirei os olhos.

- ai Samuel, ai Samuel! Me come! – ela fala gemendo, desrespeitando ele.

- Não fala assim com ele sua vadia!

Sem ela esperar dou um pulo encima dela fazendo-a cair no chão. Começo a dar tapas na sua cara enquanto ia chamando ela de vadia a cada tapa. Até que chega dois homens de azul e me tiram de cima dela e me botam na cama.

- Moça, você vai para casa agora. - um dos homens diz.

Aceno que sim com a cabeça e não tirava os olhos daquela mulher. Ela era tão suja...

- Ei, garota... Isso não vai ficar assim. Ainda eu te pego! – ameaçou ainda ofegante e apontando o dedo bem no meio da minha cara.

- Espero ansiosamente e não perco por esperar. – digo sarcástica.

Ela sai do quarto sem olhar para trás e os dois homens de azul ficam comigo me ajeitando para me levarem até a sala de visitas.

- Ignora ela... Tem tanto tempo aqui cuidando de malucos que quem tá precisando de tratamento é ela. – um diz e os dois riem. Permaneço séria.

Olho para Samuel. Ele estava perplexo com o que tinha ouvido. Boto uma cara feia por ele nunca fazer nada. Nem ao menos para se defender. Os caras terminam de me arrumar e um me estende a mão para eu levantar.

- vamos? – ele sorri ainda com a mão estendida. Nego com a cabeça. – mas, porque?

Abaixo a cabeça e dou um suspiro.

- Tenho medo.

- medo? De que? – pergunta sem entender.

- Do chão...

Então o homem se senta do meu lado e bota a mão do meu queixo, levantando minha cabeça.

- não há o que temer... Não há nada no chão mocinha! – ele sorri. Olhei bem nos olhos dele.

- eles dizem, que se eu pisar no chão, eu posso congelar. E se eu congelar eu morro né?

Ele ri de novo.

- sim, se você congelar, você morre. Mas, o chão, não congela ninguém! Nem mesmo se fosse de gelo! E, não escuta o que eles dizem. – ele chega bem perto de mim e sussurra. – Isso é mentira...

O homem de azul se levanta e estende a mão de novo com um sorriso nos lábios. Dou a mão a ele e vou me levantando devagar. E aos poucos vou botando meu pé direito no chão. Sinto o frio e puxo meu pé de volta com um olhar de medo. Olho pra ele e ele diz "confia em mim". E eu tento de novo, ainda meio desconfiada. Até que consigo botar um pé no chão, mesmo com todo aquele gelo. Depois boto os dois. E ele me ergue, me deixando em pé.

- tá vendo! Não foi tão ruim assim! E você até agora não congelou! – ele diz satisfeito e sorrindo. Sorrio também.

- tem razão.

E ele me leva devagarinho até a sala de visitas, aonde estava as únicas pessoas que me restava na família.

Ao chegar lá, me deparo com um casal, que me olhava com estranheza. Me aproximei deles em silêncio.

Minha tia, sorriu ao me ver. Ao contrário do marido dela.

- oi querida! – falou contente. Não respondi. Ela ficou sem jeito. – ah... Vamos para casa? – acenti.

E caminhamos até o carro à caminho de casa.

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