Capítulo 40

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** Sarah **

Havia se passado dois dias que eu não via a Emmica. Ela estava no hospital em estado de coma. Causado por uma coisa que eu não sei nem como explicar.

Eu também tinha sofrido algumas consequências. Na minha cabeça, ainda tinha uma faixa enrolada ao redor dela. A pancada foi muito forte.

Mamãe não deixava eu levantar para nada.  Então eu passava parte do tempo assistindo e comendo pipoca.

A minha prima Agatha, já tinha chegado, ela era mais estranha do que eu pensava. E o interessante era que eu não podia falar dela que "Puff"!  Ela aparecia.

Fico observando ela sentar no sofá. Desde que chegou, não ouvi a sua voz. Mamãe falou que era para eu fazer com que ela se sinta bem e dá a atenção que ela precisa.  O que era difícil, quando a criatura tinha um nível elevado de estranhosidade.

Fiquei olhando para ela enquanto ela olhava para o nada.

- Quer pipoca? - ofereci. Mas ela não teve reação alguma. Continuou olhando para o nada. - Okay né.

Prestei atenção de novo no filme. Mas aquele silêncio dela me perturbava.

- Qual é garota? Você não sabe falar? Ou o gato comeu sua língua? - pergunto estressada.  Mas ela não responde. - Idiota. - tiro a atenção dela e olho para a televisão.

- Faz diferença? - ela disparou.

Arregalei os olhos.

- Vo-você fala!

Ela revira os olhos e presta atenção no que estava passando na TV.
Então do nada minha mãe chega e bota a mão no meu ombro.

- e aí filha, conseguiu fazer amizade com a sua priminha?

- ah, claro mãe, estamos nos dando super bem!!!  - menti. Agatha botou uma cara incrédula.

- Ótimo. - ganho um beijo na
testa. - sabe o que eu estava pensando?

- o que?

- Que tal visitarmos aquela sua amiga no hospital?

- Boa! - sorri. - Estou com saudades dela.

- pois bem, vamos lá agora. Espera só eu trocar de roupa ok?

- Ok mamãe. - sorrio para ela e ela sai para o seu quarto.

Olho para Agatha, e ela gira seu pescoço quase 180 graus. O que fez eu sentir medo.

- Porque mentiu?

- e-eu?  Aonde?

- No que disse a sua mãe!

- so-sobre nós estarmos se dando bem?

- isso mesmo!

- ah...  É que...  Ela quer que eu me dê bem com você. Mas isso é quase impossível. Você mal fala!

Então ela se levanta de um jeito estranho e vem até mim ficando de frente. Ela pega no meu rosto, na altura das bochechas e aperta fazendo eu olhar para ela.

- Olha aqui humana, eu não quero que fale comigo por pena, ou só por causa que alguém está pedindo. Melhor, nem fale comigo. Finja que eu sou ninguém nessa casa. Finja que não existo!

Ela me encarava de uma forma sombria. Dava medo olhar muito tempo dentro dos olhos dela. Assenti freneticamente. Foi então que ela tirou a mão do meu rosto e voltou ao seu lugar, como se nada tivesse acontecido.  Então mamãe chega e toca no meu ombro de novo, me fazendo levar um susto dessa vez.

- E aí? Vamos?

- si-sim. - digo baixinho e olho pra Agatha.

- E você Agatha? Vai querer ir conosco? - pergunta mamãe.

- Não, valeu. Eu estou bem aqui.

- Tem certeza? A amiga de Sarah é um amor de pessoa, aposto que gostará bastante dela. - mamãe insistiu.

Agatha botou um olhar macabro para minha mãe.

- eu...  já... disse...  que...  não! - falou pausadamente e elevou a voz no final.
Mamãe me olhou assustada.

- ah, então está bem. Não vou insistir mais. Vamos Sarah?

- Vamos.

Levantamos e fomos embora deixando Agatha lá sozinha.
Demorou uns 15 minutos para chegar no hospital, me animei quando chegamos. Fomos procurar o quarto de Emmy e lá tinha uma grande algazarra.

- mamãe, quando uma pessoa está em coma, outras pessoas podem fazer barulho no quarto?

- Não filha. Não pode. Aliás, é  proibido barulho em hospital.

Fomos entrando no quarto que ela estava. E lá estava mãe, pai, muitos enfermeiros e uns três médicos ao redor dela. De início, pensei que o pior tinha acontecido. Mas quando olhei para Emmica sorrindo para o pai dela, me deu uma alegria imensa no coração. Naquele momento eu não consegui pensar. Eu apenas saí empurrando todo mundo para abraçar ela. E lhe abracei. Um abraço forte e caloroso. Um abraço que eu pensei que nunca mais iria ter. E ela me abraçou também. Ficamos um tempão abraçadas até que o médico me tirou de cima dela mandando eu me retirar da sala.

- Emmica, isso é um milagre! -  disse enquanto o médico me. Puxava pelo braço.

- eu sei. Eu vi. - Emmica sorriu, o que fez eu entender a referência e na mesma hora ficar mais confusa. Então eu sou arrastada para fora do quarto e eles me mandam esperar na recepção.

Eu vou pelo corredor inteiro resmungando. Nem minha amiga eu posso abraçar!  Que idiotas!

Me sento em uma das cadeiras e sustento minha cabeça nas minhas mãos amassando minhas bochechas. Até que um ser conhecido e com perfume inconfundível passa por mim.  Levanto a cabeça e vejo ele de jaleco. O galeguinho da escola. O anjo azul do meu céu. A coisa mais linda que Deus criou. Fico babando.

- Ah, oi moça.

Ele falou comigo mas eu não parava de babar. Eu nem escutava o que ele falava. Só via seus lábios mechendo e um sorriso mais lindo que o céu.

- moça.....

Ele fala comigo de novo e estala os dedos. Aí que eu consigo despertar.

- ah, oi. - pigarreei e dei um sorriso sem graça.

- você está bem?

- melhor ago...  ah..  estou ótima.

Eu ja estava ficando vermelha.

- E isso ai na sua cabecinha?

- ah... isso?  É...  uma faixa.

- Isso eu sei que é uma faixa! - gargalhou. -quis dizer, como foi isso.

- ahhhhhh! - sorri fraco - foi um acidente.

- o mesmo da sua amiga?

- ah, não.  Eu não sei o que ela teve para ficar assim. - menti.

- hum...  entendi. - disse desconfiado. - E você sabe em que quarto ela está?

- bem, acho que é o quarto 72.

- você pode me levar lá?

Era impossível negar um pedido dele. Mas...

- eu estava lá. Mas o médico me expulsou de lá.  - suspirei.

- E o que você fez exatamente? - ele começou a rir.

- nada dms!  Eu só corri e abracei a Emmica!  Isso é injusto!

Falo indignada. O que faz ele rir mais.
- mas não pode moça, ela está em fase de recuperação. Isso é altamente proibido!

- Tanto faz. - reviro os olhos.

- bem, vai me levar ou não? Eu posso me perder nesse corredor não acha?

Ele botou uma cara de cachorro sem dono que me fez derreter.

- ta bom vai!  Vamos! 

Me levantei e fui até o quarto dela com ele.

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