Assim que mamãe saiu, me
concentrei no que tinha acontecido.
Era óbvio que eu sabia, apenas não tinha certeza.Fiquei sentada na cama por um bom tempo encaixando cada peça desse quebra-cabeça do mal.
Até que do nada, lembrei-me que naquela noite algo havia me machucado.
É muito confuso quando se tem muitos acontecimentos em uma só noite. Você não consegue distinguir a fantasia do real, mas no meu caso, tudo estava sendo real, por mais dúvida que deixava. Aquela dúvida sempre me provava ao contrário, fazia eu acreditar que aquilo apenas era fruto da imaginação.
Então, fui tirar minhas conclusões.Levei minha mão vagarosamente, até o local que havia sido lesionado.
Botei minha mão encima. Não sentia nada.Foi então que decidir apertar.
Mas, quando eu pressionei, deu uma forte dor. Tirei minha mão depressa ainda bem assustada.Pronto. Agora eu acredito. Tudo o que aconteceu, não foi fruto da minha imaginação. Foi realidade! E eu sei muito bem quem foi, ainda lembro.
Me levantei da cama, e fui em direção ao banheiro, devo admitir que não foi fácil entrar nele.
Depois que tomei o meu banho, saí do quarto apenas de toalha, pois havia deixado a minha roupa encima da cama.
Caminhei em direção a cama para pegar minha roupa, que era um vestidinho preto rendado, me inclinei para pegá-lo, e na mesma hora, senti um vento gelado bater em minhas costas.
Me virei rapidamente, e o que vi, foi apenas a janela aberta e o vento estava forte. Fui fecha-las, e voltei para pegar meu vestido.
Vesti, e calcei meu all star. Eu me aprontei super rápido. Em menos de 30 minutos eu estava pronta.
Peguei minha mala e a mochila.Antes de sair daquele quarto de hotel, eu o observei pensativa, lembrei de todas as coisas malucas que aconteceu nele, nas torturas, tormentos.
Desviei minha atenção para o chaveiro.
"Será que números tem algo em comum com coisas do mal? " - pensei.
Minha mãe sempre diz que 666 é o número do demônio. Mas o 66 também é? Será que tudo que tiver esse número é amaldiçoado?
- Para Emmica, são apenas números. Você já está levando isso a sério demais. - me repreendi.
Saí do quarto e dei uma última olhada.
- Esse é o único quarto, que eu não sentirei falta! - falei e bati a porta com toda a força, trancando-a.
Eu sabia que meus pais não estavam mais no quarto, então, nem me dei o trabalho de ir lá. Saí pelo corredor e entrei no elevador, para chegar na recepção.
Logo assim que o elevador fechou, senti um grande aperto no coração. Um mal pressentimento. Cheguei na recepção e minha mãe estava sentada lendo uma revista, e meu pai, estava ao telefone. Me aproximei deles e sorri, papai devolveu com um sorriso largo, já mamãe me olhou dos pés a cabeça e deu um sorriso fraco.
- Então? Vamos? - perguntou papai depois de ter desligado o celular.
- você já chamou o táxi, querido? - perguntou mamãe sem desgrudar os olhos da revista.
- Estava falando com ele nesse exato momento.
- Mas porque você não falou no idioma inglês pai? - perguntei.
- Por que ele fala nosso idioma filha, ele não é brasileiro, mas, tem fascínio pelo português.
- interessante. - concluí.
Saímos do hotel e pegamos o táxi para irmos ao aeroporto. O tal taxista foi o caminho inteiro escutando a mesma música. Se eu não me engane foi uma de U2 - take on me.
Ele se inspirava tanto para cantar que eu não pude disfarçar uma risada. Papai não riu, e sim acompanhou o taxista.
Chegando ao aeroporto, fui a primeira a sair do carro. Dessa vez, minha mãe não esperou o taxista abrir.
Meu pai continuava a conversar com o homem. Era verdade. O taxista falava português, mas seu sotaque americano falava mais alto.
Papai pagou a ele, e caminhamos para dentro do aeroporto. Dessa vez não chegamos atrasados.
Eu e papai estávamos radiante por saber que daqui a alguns minutos voltaríamos para o Brasil.
Eu estava feliz por que iria se livrar do tormento, mas papai, não faço a mínima ideia. Ao contrário da gente, mamãe resmungava baixinho e perguntava a meu pai quando voltaríamos para Nova York.
- calma amor! Nós ainda nem saímos de Nova York, e você já quer voltar?
-claro meu querido! Você acha que qualquer pessoa pode? Eu não sou fraca não! - disse orgulhosa. Papai só balançou a cabeça em reprovação e sentou ao meu lado.
- E você minha princesa? vai querer voltar um dia?
- por mim, não pisaria aqui mais nem que me pagasse! - falei seca, me ajeitando na cadeira.
- hum. Então tá. - disse assustado, e levantou.
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A Inimiga da Morte
HororAs pessoas estão certas quando dizem: "Tenha cuidado com o que fala, pense bem antes de dizer algo, palavras podem destruir vidas. " Ou então quando falam : "Deixe os mortos em paz. Não fale mal deles. Eles podem te ouvir. " Mas Emmica nunca seguiu...