**Agatha**A escuridão do meu quarto era o melhor lugar para uma menina como eu ficar, era lá onde eu me sentia segura e protegida, de todos os males que tinha lá fora. Eu ficava ali, sentada na minha cama, abraçada à minhas pernas. Eu tinha medo. Medo de que meus pés tocassem no chão. Tinha medo quando abriam a porta. Tinha medo dos humanos. Eles era as piores criaturas criadas por Deus! As mais podres de todas as carniças. Que nem o abutre teria coragem de comer. Mas eles sempre apareciam. vinham me ver. Me dá comida. Me dá remédios. Me matar aos poucos.
Mas eu não estava só. Eu tinha meus fantasmas, meus demônios, meu anjo. Ele estava do meu lado sempre. Me mandando sair, me socializar com os humanos. Enquanto meus demônios me ameaçavam e pediam para eu não pisar naquele chão. Dizia que ele era frio, e eu podia congelar. Então, ficava na cama, Sentada. No mundo que só eu tinha a chave para entrar, em outra realidade.A porta se abre. E a claridade do mundo lá fora ofuscava minha visão.
Ponho a mão no meu rosto incomodada com aquela luz.- Hora do seu remédio Agatha.
Disse a mulher de branco que vinha em minha direção com uma bandeja de aço. Chega perto e coloca a tal bandeja encima do criado mudo enquanto pegava a seringa e o frasco de remédio que continha nela. Prepara a dose e pressiona até o líquido meio azulado jorrar pela agulha.
Começo a ficar inquieta, sabia a reação que aquilo causava. Era horrível!
- Eu não quero tomar isso! – grito com ela.
- ó menina... Coopere comigo. Isso é para o seu bem...
- não! Nada é para o meu bem! Eles dizem que você quer me matar!
- enfermeiros! Me ajudem a aplicar esse medicamento nessa menina! – Gritou a mulher de branco fazendo três homens de azul entrar nas pressas.
- Não encostem em mim seus imbecis! Me deixem em paz! – berrei me contorcendo na cama enquanto os homens segurava meus braços e pernas tentando me deixar imóvel.
- quieta garota! Vamos enfermeiros! Amordacem ela!
- Não!!! – gritei. Vejo meu anjo me olhando ao longe. – Samuel! Samuel! Samuel!!! Me ajuda por favor!!! – clamava aos berros.
Foi então que brutalmente botaram aquele pano na minha boca e amarraram.
A mulher aplica a droga no meu pescoço fazendo eu grunhir de dor e começar a chorar. Olho de novo para o meu anjo da guarda e ele continuava imóvel. Então a mulher retira a agulha do meu pescoço e se afasta para pegar algo, e volta com um copinho com uns três comprimidos bem pequenos e bota na minha boca. Tento cuspir , mas ela aperta minhas bochechas fazendo eu engolir eles.
- Vamos pessoal. Solte ela. - fala dando um suspiro de alívio.
Eles me soltam. Mas eu não conseguia me mover. Era como se meu corpo estivesse leve como uma pena. Também não conseguia gritar. Então ela pega a bandeja e tira o pano da minha boca. Dando tapinhas de leve no meu rosto e saindo, em seguida fechando a porta, voltando a escuridão normal do quarto. A única coisa que eu ouvia nesse momento, era o barulho da minha própria respiração, e sentia as minhas lágrimas queimando meu rosto. Fechei os olhos tentando conte-las... Mas era em vão. Abro o olho novamente e vejo meu anjo se aproximando de mim.
- Me perdoa Agatha... Eu... Eu não podia fazer nada. Não posso interferir no mundo humano.
Ele abaixa a cabeça.
Continuo a olhar para ele e chorando mais que antes. Ele nunca me livrava daquilo. Por mais que eu pedisse e clamasse e mesmo ele sendo meu anjo da guarda, não me protegia dos humanos ruins que entravam no meu quarto.
- Agatha... – ele se aproxima de mim. – Seu tempo de sair daqui está próximo. Finalmente você vai viver uma vida normal. Sem tudo isso que você passa todos os dias... - ele se ajoelha perto de mim e alisa meus cabelos. – e eu vou estar com você nos momentos mais difíceis. E aquilo que o Lúcifer fez com você, nunca mais ele fará. Eu não permitirei. E o anjo que te botou a perder já foi banido. Então não há mais perigo. Finalmente você irá se recuperar totalmente e viver como um humano normal,
Tiro meu olhar dele e fico olhando para o nada. Ele sabia que não gostava da ideia de viver entre humanos.
- Agatha... Olha para mim, me
perdoa. Eu não quero ver você assim. Você tem que sair dessa. E todo esse sofrimento que você passa todos
os dias, vai valer a pena lá na frente. –
Ele se levanta e senta do meu lado na cama e pega minha mão. – eu confio em você. – e deposita um beijo na minha testa. Eu olho pra ele com um olhar meio triste e ainda cheio de lágrimas. E aos poucos, fecho os olhos. Mas dessa vez, eu sabia. Não iria abri-los mais. Hoje, não mais...
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A Inimiga da Morte
TerrorAs pessoas estão certas quando dizem: "Tenha cuidado com o que fala, pense bem antes de dizer algo, palavras podem destruir vidas. " Ou então quando falam : "Deixe os mortos em paz. Não fale mal deles. Eles podem te ouvir. " Mas Emmica nunca seguiu...