Giovana

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Chegamos à delegacia e posso dizer que caos ainda é pouco para denominar a situação do lugar.

Muita gente gritando, presos agressivos e policiais sem paciência.

- Acho que não é boa hora - Douglas diz me puxando para um canto.

- Já estamos aqui, vamos resolver isso logo - falo decidida e vou para o balcão.

Uma mulher de cabelo loiro e cara de poucos amigos me encara, enquanto mastiga um chiclete.
O tanto que bate a caneta na madeira mostra o tanto que está sem paciência.

- Boa tarde - cumprimento.

- Não tão boa - diz carrancuda.

Engulo em seco e encaro Douglas que coça a cabeça e da um sorriso sem graça, acho que esta me incentivando a continuar a ¨conversa¨

- Eu preciso...

- Aqui todos precisam de alguma coisa queridinha - me corta.

- Ontem a noite eu estava voltando da faculdade e...

- Hoje não temos tempo para coisas insignificantes moça, olha a situação que isso está - aponta para o ambiente - Volta outro dia ou não volta, assim não toma meu tempo com bobagem.

Abro a boca chocada e encaro Douglas que está tão surpreso quanto eu, pela grosseria.

- Eu nem falei o que aconteceu, como você pode dizer que é insignificante? - me irrito.

- Só pela sua cara da para perceber que nada de tão interessante acontece na sua vida - zomba.

- Escuta aqui... - Doug tenta me defender, mas também é interrompido com estupidez.

- Escuta vocês - aponta o dedo em nossa direção - Para de tomar meu tempo e me deixa trabalhar, ou vou dar um jeitinho de vocês pararem numa cela nada confortável.

- Mas senhora...

- Rua - manda virando as costas e saindo em direção a uma porta.

- Mas .. - murmuro erguendo os braços indignada.

- Esquece gata, essa aí não vai nos ajudar - Douglas segura minha mão - Pelo jeito ninguém aqui vai.

Olho ao redor respirando fundo, frustrada vejo a bagunça do lugar e desisto de esperar.

Douglas tem razão, ninguém aqui está interessado em me ajudar ou me ouvir.

- Outro dia voltamos, hoje os ânimos aqui estão péssimos - ele abre a porta para que eu passe e com a cabeça baixa, passo por ele.

~~~~

Chegamos em casa e minha vozinha corre em nossa direção, vejo em seu rosto o tanto que está ansiosa.

- E então, conseguiram algo? Alguma ajuda?

- Não consegui falar com ninguém - sento fechando os olhos de tanta frustração.

- A delegacia está um caos vó, a mocreia da recepcionista se quer nos ouviu - Douglas explica.

- Hum - murmura e se senta ao meu lado, torcendo as mãos.

Sinal claro que tem algo para dizer, mas não sabe como.

Ficamos em silêncio por um bom tempo, cada um perdido em seus pensamentos. Volto a mim quando a bebezinha chora, chamando nossa atenção.

Caminho até ela e a pego no colo, beijo sua testa e sorrio quando ela para de resmungar e se aninha em meus braços.

- Porque não ficamos com ela? - minha vó diz e eu deixo de encarar a menina, para olhar a senhora a minha frente.

Mãe por ACASOOnde histórias criam vida. Descubra agora