Giovana

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- Seja bem vinda ao mundo, pequenina princesa, dorme indefesa, minhas mãos vão te guiar. Seja bem vinda ao mundo, minha luz e meu encanto, dorme que eu canto a canção pra te ninar – eu canto para Sophia que finalmente dorme em meus braços e sorrio.

Não tem sido fácil, mas Deus tem me dado forças.

Realmente é muito cansativo trabalhar nos dois horários e por pouco eu não desisto na primeira semana, mas eu me mantive firme.

Já faz dois meses que estou trabalhando nessa nova rotina e as coisas até melhoraram, não ficamos tão apertadas com as contas e até pude comprar uma cômoda para colocar as roupinhas da Sophia separadas das minhas.

Deito minha neném com cuidado no berço e me despeço com um beijo na testa antes de deixar o quarto. Chego na sala e vejo minha vozinha e Douglas conversando, corro na cozinha e pego um pão que está pronto para eu ir comendo no caminho para o bar.

- Senta para comer menina – vozinha repreende.

- Sem tempo – falo com a boca cheia – Hoje a Sophia demorou para dormir, estou atrasada.

- Você está trabalhando demais - ela crítica.

- Estou fazendo o suficiente para dar o que vocês precisam – beijo seu rosto – Te amo, qualquer coisa me liga, tchau vozinha.

- Ei mal educada – Douglas segura meu braço – Oi.

- Oi gato – beijo seu rosto – Tchau gato.

- Eu te levo – oferece.

- Imagina, já está tarde - falo olhando a hora em meu celular.

- Bobagem, vou pegar uns papéis na sala do velho.

- Então vamos – o puxo para fora.

- TCHAU VÓ – ele grita atravessando a porta.

- Se acordar a Sophia, te mato – ameaço.

- Deixa de ser mal agradecida, estou indo te levar ao serviço - ela faz bico.

- Te mato mesmo assim.

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Durante o caminho inteiro, sou obrigada a ouvir Gustavo Lima, pois meu digníssimo amigo é super fã. Ele canta alto, chamando atenção de algumas pessoas quando paramos no farol.

- Canta gata – pede e eu viro os olhos.

- Não sei - falo pela milésima vez.

- Sem cultura – ele continua cantando e quando paramos em mais um farol, uma menina pequena vem na nossa direção.

- Uma ajuda? – seus olhinhos tristes e seu rosto sujo me deixa de coração partido, Douglas estende uma nota de dez reais e ela sai pulando de alegria depois de soltar um tímido ¨brigada¨

Meu coração aperta em pensar que se eu não tivesse ficado com a Sophia, daqui uns anos poderia ser ela nessa situação.

Quando Doug para em frente ao bar, esqueço esses pensamentos horrorosos e vou para mais um turno de aguentar homem bêbado e sem noção.

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São nove da manhã e falta muito para eu poder ir para casa.

Especialmente hoje, estou mais sonolenta que o normal, já servir diversos pedidos errados e claro o senhor Alano não gostou nada disso.

Douglas veio com o papo ¨EU AVISEI¨e por pouco não o mandei para puta que pariu.

- Moça eu pedi uma caipirinha de vinho – outro cliente veio no balcão me encher o saco.

Mãe por ACASOOnde histórias criam vida. Descubra agora