Acordo com vozes vindo dos cômodos de baixo. Risadas e mais risadas, acho estranho, não costumamos receber visitas, além do Doug e Lia.Me levanto da cama e vou para o banheiro, escovo meus dentes e lavo meu rosto.
Me observo no espelho e aliso minha roupa para desamassar um pouco antes de descer. Estou com um vestido branco curto e sem maquiagem alguma, na verdade é raro eu passar algum produto no rosto, além do meu hidratante.
Desço amarrando meu cabelo, ainda estou descalço, não me importo muito com quem vou encontrar, acredito que pelas risadas altas de vovó, deve ser Douglas.
Entro na cozinha e minha vozinha para de rir no mesmo instante, me olha receosa e coloca uma xícara na mesa.
- Oi, minha menina, te acordamos? - pergunta e meus olhos pairam no homem que lhe faz campainha.
Se eu fosse tentar descobrir quem inventou a beleza, certamente indicaria esse homem. Os olhos escuros, o sorriso branco e convidativo, corpo definido e quando ele levanta meu coração quase para. Moreno, alto, lindo, apaixonante.
Fecha a boca - meu consciente grita e na hora eu obedeço, desviando os olhos antes que eu pareça uma virgem desesperada.
- Boa tarde - diz com a voz rouca e se aproxima estendendo a mão para um cumprimento.
- Gio? - vovó vem na minha direção - Cumprimenta o rapaz.
Limpo a garganta e sinto meu rosto queimar por saber que fiz o maior papelão da minha vida, ao ficar feito uma estatua quase sem respirar diante desse homem maravilhosos.
- Boa tarde - sorrio sem graça e junto minha mão a dele.
Um arrepio toma conta do meu corpo, meu coração acelera e minha respiração fica descompensada. Meu rosto queima novamente e eu engulo seco, admirando os olhos negros que me encaram.
- Eduardo Reis - sua voz ecoa novamente.
- Gio... Giovanna Leal - ele sorri achando graça no meu nervosismo.
- Desculpe tê-la acordado - me olha dos pés a cabeça, me deixando ainda mais sem graça.
- Sem problemas, já ia levantar de qualquer jeito - arrumo o cabelo atrás da orelha.
Olho para minha avó e rapidamente me afasto do desconhecido, após ver a cara de más intenções de dona Dora.
- Ele me ajudou na saída do mercado - minha avó sorri para o homem explicando a presença do desconhecido - Ele viu que eu estava com muito peso e me acompanhou até aqui.
- Eu já disse que não é para senhora fazer esforço, me chama que eu acompanho ou vou sozinha ao mercado - repreendo e ela bufa impaciente.
- Eu sou velha, mas ainda estou viva menina e não ouviu quando disse que ele me ajudou? - responde malcriada e me joga o pano de prato.
Pego o pano no ar, rindo dos resmungos dela e volto meus olhos novamente para o homem.
- Obrigada - forço um sorriso.
- Não por isso - pisca.
- Aproveitando que acordou e já conheceu esse rapaz maravilhoso - vovó diz e se senta sorrindo - Ele precisa de ajuda, que tal fazer uma boa ação?
- Claro, se estiver ao meu alcance, ajudo com prazer - dou a volta e me sento ao seu lado, pegando um pouco de café fresco e a encarando esperando que fale.
- Ele foi despejado - fala com dó na voz.
Engulo o café queimando a garganta e olho para o rapaz que tem um olhar triste agora, fico sem saber o que falar.
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Mãe por ACASO
RomanceGiovana Leal, é uma jovem estudante de arquitetura, no auge dos seus vinte anos, sonha com o seu diploma e batalha para dar uma vida melhor para sua avó, a quem deve a vida e tudo o que se tornou hoje. Determinada a crescer na vida, se esforça traba...