Giovana

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- Mamãe, mamãe – me agacho e envolvo minha filha em um abraço apertado.

- Oi meu amor, como foi na escola? – pergunto olhando em seus olhos brilhantes e felizes.

- Foi muito maneilo – fala empolgada.

- Maneiro? – dou risada enquanto entramos em casa.

- Aham – se joga no sofá – O dindo que fala assim.

- Ah claro  – sorrio e toco em seu nariz pequeno.

Sophia está tão crescida, com quatro anos é a menina mais inteligente que conheço.

Meu tempo com ela é curto, mas eu sempre aproveito ao máximo, estar com ela é estar em paz.

Nesses anos que passaram, minha rotina não mudou muito, continuo trabalhando em dois horários, nossas dividas diminuíram bastante, mas ainda temos.

Faço questão de dar do bom e do melhor para minha filha, acho que devo isso a ela. Aquela noite eu achei que tinha salvo Sophia de um fim horrível, mas na verdade foi ela quem me salvou.

Ela me trouxe vida, novos sonhos, novas metas.

Sophia estuda em uma escola particular do bairro em horário integral. Optei por isso, já que minha vozinha já não consegue lidar com tanta energia.

- Mamãe, me da danone, por favorzinho – pede olhando a tv onde nem notei que tinha ligado.

- Ok, mas depois de tomar o danone...

- Direto para o banho – tenta imitar minha voz e eu dou risada.

- Menina abusada – dou um tapa de leve em sua bunda e vou na direção da cozinha.

Minha vozinha esta lá, sentada lendo o livro de oração que ela e as irmãs da igreja montaram com palavras de conforto para quem esta no hospital, elas fazem visitas três vezes na semana, acho um trabalho incrível e se tivesse tempo, participaria.

- Sophi chegou? – pergunta.

- Sim senhora, já esta em frente a tv.

- Vou lá da um beijo na minha bisnetinha – fala toda melosa e levanta.

Essas duas são um grude, a bisvovó é a bisnetinha são o motivo da minha alegria e eu me sinto honrada em ter as duas comigo, sendo minhas melhores amigas.

Volto para a sala e lá estão elas, agarradas, entrego o danone para Sophia e sento na outra poltrona, fico observando a ligação entre elas e me pego sorrindo feito boba ao notar mais uma vez que eu fiz a escolha certa.

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- Mamãe vai trabalhar – falo colocando Sophia na cama.

- Já? – faz bico – A gente nem blincou.

- Amanhã nós brincamos, minha princesa – beijo sua testa e deito ao seu lado – E domingo nós vamos com o dindo e a bisvovó ao parque.

- Vamos? – pergunta animada.

- Sim – sorrio – Vamos bem cedinho e vamos brincar muito.

- Maneilooo – me abraça de lado – Eu te amo mamãe.

- Eu também te amo minha princesa, você é a coisa mais importante da minha vida – falo emocionada.

- Canta pra mim? – pede manhosa.

- Canto meu amor – deito com ela nos braços - Se essa rua, se essa rua fosse minha, eu mandava, eu mandava ladrilhar, com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante, para o meu, para o meu amor passar. Nessa rua, nessa rua tem um bosque, que se chama, que se chama solidão. Dentro dele, dentro dele mora um anjo, que roubou, que roubou meu coração. Se eu roubei, se eu roubei teu coração, tu roubaste, tu roubaste o meu também. Se eu roubei, se eu roubei teu coração, é porque, é porque te quero bem.

Mãe por ACASOOnde histórias criam vida. Descubra agora