Mãe por ACASO

Douglas

Desistir da Giovana foi de perto minha maior dor. Mas como eu seria feliz sabendo que seu coração pertence a outro cara? 

Mesmo esse cara não a merecendo - meu lado egoísta fazia questão me de lembrar a todo momento. 

Várias coisas pesaram na minha decisão, várias conversas ou até mesmo discussões com a dona Dora, a tristeza que eu via em seus olhos e a dificuldade dela em se manter longe. Quando aconteceu aquela desgraça, onde nossa vozinha morreu cruelmente, eu vi realmente que eu estava num beco sem saída.

Giovana buscou consolo nele, foi em seus braços que ela chorou, foi no seu abraço que ela encontrou forças para lidar com tudo e eu fiquei de escanteio assistindo algo que eu já deveria saber, eles se amam e se pertencem.

Eu continuei com todas as ideias do casamento, eu não iria desistir apenas por isso, mas ao ver o jeito que ela ficou no dia em que ele a deixo na frente de casa, acabou comigo e ali eu tive certeza que ela jamais seria feliz, se não estivesse com ele.

Por isso guardei todo ressentimento, todo o amor que eu sinto por ela e bati em sua porta.

- Fala logo.

- Eu vim te pedi para casar com a Giovana - falo sentindo meu peito apertar, como doí entregar quem você ama para outro.

- Como é que é? - Eduardo pergunta perplexo.

- Isso aí que você ouviu - continuo o encarando.

- Isso é algum tipo de brincadeira? - fala irritado - Já sei, você veio zombar dá minha cara fazendo essa cena para no fim rir de tudo isso? - começa a se alterar.

- Eu estou fazendo o favor de desistir dela, então só vira a merda de um homem e vai dizer o sim que ela merece.

- Eu vou socar a sua cara - avança para cima de mim, mas João, seu cachorro de guarda o afasta.

- Você está falando sério? - Dara se aproxima - Depois de tudo o que você fez para ter a Giovana como mulher.

- O que eu fiz não foi metade do que seu amigo fez - acuso - Eu posso ter usado um medo dela para ganhar, mas eu nunca me aproveitei dela.

Eduardo contínua me encarando, pelo jeito que respira, se o coração não for bom, ele morre de infarto.

- Porque? - se aproxima de mim - Porque você está fazendo isso por mim?

- Não é por você, nada disso é por você - trato de explicar - Eu faço isso por ela, por amor a ela, eu sei que eu não a faria feliz, porque ela infelizmente te ama, eu não sou covarde para força-la a casar comigo.

- Você está me provocando - rosna - Eu sabia que isso era uma zoação desse maldito.

- Eu não estou aqui para brincadeira - cruzo meus braços - Faça o seu papel, o meu eu já fiz, eu prometi a ela que hoje seria o dia mais feliz da sua vida e vai ser, só depende de você.

- Eu não acredito - Dara sorri emocionada e que eu espere, ela me abraça - Essa é uma atitude linda.

Fico sem reação, até porque eu sempre a tratei muito mal, nunca esperei tal ato vindo dela.

- Ôh Dara, larga aí - Gustavo fala incomodado e ela ri se afastando de mim.

- Andaaaa - ela bate palma animada - Eduardo, vai se arrumar, daqui a pouco você precisa estar na igreja esperando o amor da sua vida.

- Gente não é assim, tem os documentos, as burocracias - Gustavo fala fazendo Dara murchar na hora.

- Eu cuidei de tudo - aviso e caminho até a porta - Você só precisa ir lá, dizer sim e faze-la feliz.

Eduardo contínua me encarando como se não acreditasse no que eu estou fazendo. Nem eu acredito.

- Ah e por favor, trate de arrumar algo azul, novo, velho e emprestado para ela, ela acredita nessa tradição - sorrio forçado e deixo a casa.

Entro no meu carro e pego o rumo da igreja, ainda falta o principal, olhar nos olhos da Giovana e ver sua felicidade, sentir que isso valeu a pena.

Preciso também enfrentar minha mãe e dizer que não é hoje que o sonho de ver seu filho casado irá se realizar.