Ver Giovana desistir e ir embora era o que eu queria desde o início, mas agora a dor que eu sinto esta me destruindo aos poucos.Agora eu consigo entender a forma que ela se sentiu.
Pedi para Keli subir com a Sophia e fui para meu escritório, trancando a porta, não quero Dara e Gustavo aqui, me perturbando e me lembrando que tudo isso é minha culpa.
Me sirvo de uísque e viro o copo de uma vez, sinto o liquido queimar minha garganta e fecho os olhos com força.
¨Eu queria que tudo se resolvesse só porque você esta pedindo perdão, mas isso não vai fazer as feridas cicatrizarem.¨
- O que eu fiz? – sussurro em desespero e jogo o copo na parede – Estúpido, eu sou a merda de um estúpido.
Com ódio de mim e consumido pela culpa, destruo tudo o que encontro pela frente, na tentativa vã de que isso vai amenizar toda merda que estou sentindo.
- Me perdoa - soluço e sento ofegante no chão, encostando na parede.
A única coisa inteira dessa sala é a garrafa de uísque na minha mão, que viro de gole em gole, até estar vazia. No fim seu destino é o mesmo que tudo, ela fica destruída quando a toca na parede.
Nada mais aqui dentro está inteiro, inclusive eu.
Horas se passaram e eu decido sair e ver como minha filha está. Tonto e desajeitado levanto e caminho para fora do escritório.
Na sala Gustavo e Dara me esperam, os dois sérios e aparentemente cansados.
- Estão aqui ainda porque? – sou grosso.
- Sabemos que você precisa da gente – levanta e se aproxima – Não te abandonamos antes, não vai ser agora.
- Eu quero ficar sozinho – sussurro.
- Você precisa colocar sua cabeça no lugar Eduardo, quebrar a casa toda não vai trazê-la de volta - aconselha.
- Nada vai trazê-la de volta - rosno.
- Se você tivesse me escutado, se tivesse se arrependido enquanto era tempo - lamenta.
- Isso não importa mais - solto uma risada - Eu me ajoelhei, implorei, eu disse que eu a amava e a foi mesmo assim, ela me deixou, deixou a nossa filha.
- Não seja injusto - ela me repreende - Você não é a vítima aqui Eduardo, as vítimas são Giovana e Sophia.
- É, eu sou um merda - subo o primeiro degrau da escada.
- Eu não disse isso, mas...
- Vão embora - mando - Me deixem sozinho.
Ela assente com a cabeça e se afasta, eu não volto a olhar meus amigos, apenas me viro e subo as escadas indo para quarto da minha filha.
Abro a porta e vejo minha filha chorando baixinho, encolhida na cama, enquanto Keli esta sentada na poltrona ao lado. Me aproximo e ela me olha, levanta com um sorriso no rosto e toca em meu peito.
- Amei que você mandou aquela vaca embora – morde o lábio – Agora somos apenas nós dois e essa casa imensa para foder em todo canto.
Sophia ergue a cabeça e nos olha com a carinha fechada, mais lágrimas caem dos seus olhos.
- Respeita a dor da minha filha - rosno e tiro suas mãos de mim - Não fale dessa forma na presença dela, muito menos da mãe dela.
- Ela vai se acostumar, isso só é birra de criança e enquanto a nós dois, podemos dormir juntinhos agora.
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Mãe por ACASO
RomanceGiovana Leal, é uma jovem estudante de arquitetura, no auge dos seus vinte anos, sonha com o seu diploma e batalha para dar uma vida melhor para sua avó, a quem deve a vida e tudo o que se tornou hoje. Determinada a crescer na vida, se esforça traba...