Capítulo 71

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Anahi olhou o relógio de pulso sentando-se na beirada da cama de Gabriel e fechou os olhos derrubando outra porção de lágrimas frias, gélidas, lhe transmitindo o que se passava em seu interior. Chorou talvez como nunca havia chorado em sua vida, se ajoelhou e em sua mente, pediu desculpas àquele menino que tanto precisava de uma mãe. Se ajoelhou e pediu perdão à Deus por seus pecados. Doía-lhe o coração. Doía-lhe a alma e a razão lhe gritava de forma que nada pudesse apagar aquela voz sufocante que lhe enforcava todos os sentidos e a visão. Gabriel se mexeu abrindo os olhos, fez um bico, se levantando e observando Anahi. Estava assustado, nunca havia visto sua mãe daquela forma.

Gabriel: Mamãe? – murmurou choramingando, sentando-se no colo de Anahi, no chão, sendo que a mesma mantinha as costas encostadas na cama.

Anahi: E-s-cuu-tee, querido... – limpou as lágrimas.


Sua tola! Está assustando seu garoto.

Anahi: A mamãe precisa ir viajar...

Gabriel: Você me disse que não iria viajar, mamãe, que o papai estava cuidando de tudo. – fechou a cara, se pondo a chorar.

Anahi: Hey, filho. – fechou os olhos, controlando a dor – Preciso que seja o homem da casa enquanto eu estiver fora, compreende? – suspirou, deixando escapar um gemido baixo.

Gabriel: Por que ta fazendo isso, mamãe? Por que ta chorando? – fez um bico, abaixando a cabeça e mexendo nos cabelos presos de Anahi – Você prometeu que iria ficar comigo... Para onde vai?

Anahi: Eu vou viajar... Não vai demorar para que eu volte, querido. – sorriu, limpando as lágrimas de Gabriel – Mas não quero que você chore, porque você é o meu garoto bonzinho, é o homem mais forte da casa e precisa manter o controle por aqui.

Gabriel: Cadê o papai? Ele sabe que você vai viajar? Olhe, mamãe, espere até ele...

Anahi: Gabriel, filho... – elevou o tom de voz com os olhos cristalinos pelas lágrimas – Escute-me com atenção. – suas mãos subiram uma para cada lado rosto do menino – A mamãe precisa ir agora e quando for tempo, eu vou te explicar. É um trabalho, igual o do papai. – Gabriel arregalou os olhos, vendo-a se levantar com ele no colo – É necessário, querido, não chore!

Gabriel: Prometa que não vai se demorar. - Anahi fechou os olhos, franzindo a testa.

Anahi: Eu prometo! – sua voz saiu em um sussurro enquanto colocava o filho de volta na cama, debaixo das cobertas – Agora volte para os sonhos e quando você acordar o papai já vai estar em casa. – Anahi se virou vendo Nelita na porta com o rosto banhado pelas lágrimas – Prometa que vai ser um bom garoto. – Gabriel fechou os olhos, limpando as lágrimas – Prometa para mim, filho.

Gabriel: Eu prometo! - se aconchegou nos seios de Anahi que havia deitado ao seu lado.

Anahi: Isso filho, você é um bom menino! – fechou os olhos, controlando a tremedeira de seu corpo inteiro – Eu amo você, ok?! E nunca acredite se alguém disser o contrário, compreende? – Gabriel assentiu, vencido pelo sono, fechando os olhinhos –Durma... – fechou seus próprios olhos e em poucos minutos sentiu o garoto adormecido em seus braços.

Anahi se levantou com calma lhe dando um beijo na testa. Podia sentir o cheiro de sangue. Ela sangrava. Sua alma sangrava por todos os lados. Desceu e encontrou Nelita com os olhos arregalados, botou as malas no carro, voltando até a governanta.

Nelita: Escute, minha filha. – gaguejou pelo nervosismo – Eu sempre trabalhei nessa casa sabendo de tudo... – pegou Anahi pelos braços, a fazendo mira-la – Mas não faça isso, não o faça... O garoto, Anahi, Alfonso... – sua voz agora era trêmula de medo – Ele vai enlouquecer se chegar e não a encontrar aqui, Anahi, vai mover tudo para encontrá-la. Preste atenção, filha...

Uma Linda Mulher (Adaptada)Onde histórias criam vida. Descubra agora