Nina se sentou ao lado de Rodrigo. Não, não haviam viajado, ainda estavam no Arizona, no interior do Arizona. Rodrigo a observou detraída, mexendo com o garfo no prato sem nem tocar na comida e com a mão afastou os cabelos para trás, a observando nos olhos que há dias não eram os mesmo. Ian. a cabeça dela vagava entre ele e Ian. Entre ele e tudo o que ela havia deixado para trás. Deixou a comida de lado, respirando fundo, a observando.
Nina se deu conta e o olhou, dando um sorriso triste e tentando disfarçar o que sentia. Nesses dias, distante de tudo e de todos, somente com Rodrigo, Nina havia percebido que havia esperado bem mais de sua vida. Não que não gostasse, imagina, mas era como se lhe faltasse algo. Estava incompleta e sua metade talvez já não existisse mais. Rodrigo havia feito por dinheiro, ela havia feito porque sua consciência pesava mais do que podia suportar. Com Rodrigo ela podia ser a Nina que quisesse. Com Rodrigo ela poderia ser verdadeira e não se trancar no mundo de elegância, sofisticação e luxúria na qual vivia com Ian. Se algum dia ele soubesse que foi por anos casado com uma ex-prostituta, talvez ele mesmo se matasse.
Ela não podia conviver mais com mentiras, negou com a cabeça, perdida nos olhos de Rodrigo, ela não podia viver a vida fugindo de onde ela havia vindo: das ruas, dos homens. E agora, observando que a vida tem coisas bem piores para oferecer, não se sentia com peso na consciência. Havia lutado como pôde para viver a vida, até que um príncipe havia aparecido no cavalo branco e tinha lhe oferecido tudo do mais fácil e do melhor. Fechou os olhos, abaixando a cabeça. Ian poderia ter sido tudo, menos o príncipe encantado. Corpos que conversavam com perfeição, línguas que falavam a mesma língua. Paixão. Briga. Obsessão. Até quando uma paixão poderia sobreviver a tais sentimentos? Voltou a olhar nos olhos de Rodrigo, que a mirava, fazendo milhares de perguntas sem emitir nenhum som, se sentia na obrigação de responder. Sentia-se na obrigação de dizer que se sentia livre junto dele, mas que ser livre para ela não era a solução.Rodrigo não a amava. Ela não amava a Rodrigo. Ian não amava a ela. Fechou os olhos, afastando o contado de suas mão e de seus olhos.
Rodrigo: Você é livre para ir à qualquer parte, Nina, não estamos presos um ao outro.Nina: Me sinto livre com você, Rodrigo e com mais ninguém! – Rodrigo sorriu a olhando nos olhos.
Rodrigo: De qualquer maneira, Nina, liberdade podemos ter em qualquer parte. Não vou ser o bonzinho e te dizer que não me importa que pense em outro enquanto estamos na mesma cama, mas a verdade é que... – completou – Você não é feliz e para mim dá na mesma, compreende? Adoro sua companhia, adoro estar ao seu lado, seu perfume, seus olhos, seu corpo, mas não basta para você e eu sei que não. Você nasceu para ser venerada, Nina, e só Ian pode fazer isso. – a pegou pelas mãos novamente - Tudo o que fiz, não foi pelo bem de alguém, de maneira nenhuma! Minha vida sempre foi um jogo e nunca fui honesto. Fiz por dinheiro, porque eu precisava e porque sou uma pessoa que já não se vale à pena lutar - Escute, Nina, não quero que fique presa por algo que nós dois não sentimos. Você ainda tem alma, ainda tem coração, mas eu sou ciente de que já não os tenho mais... Vou te confessar algo. – sorriu, balançando a cabeça - Quando dormi com Anahi... – Nina baixou a cabeça – Quando dormi com ela, nunca havia sentido uma mulher mais distante e de alguma forma aquilo me tocou, entende? Não o fato de ter sido ela, poderia ter sido qualquer uma, mas ela fazia do mesmo jeito que você faz: fechava os olhos e se imaginava nos braços de alguém que não era real. Eu não preciso disso, Nina, você não precisa disso. – negou com a cabeça, a olhando no fundo dos olhos – Nunca fui e nunca vou ser o cara ideal para mulheres como vocês. Mulheres que venceram na vida. Vai ser um prazer seguir ao seu lado ao menos que quando estivermos lá em cima, no auge de todo o prazer, você possa olhar nos meus olhos e não ver os olhos azuis de Ian gritando por você - Nina baixou a cabeça, mordendo os lábios.
Ela sabia quem era Rodrigo, sabia do que era capaz, mas também sabia que ele a adorava, se pudesse enxergar o interior daquele homem... Alguma coisa havia acontecido para que ele se transformasse daquela forma. Podia ouvir Ian gritando por ela por onde ia, mas a pergunta era: aquilo era uma ilusão ou realidade?
~
Ian chegou em casa deixando a pasta no chão e afrouxou a gravata sentando-se no sofá. Por mais que o número de mulheres em sua cama tivesse aumentado, sentia-se como se nada bastasse, fechou os olhos mordendo os lábios enquanto retirava os sapatos e as meias. Qual é o seu problema, Ian? Perguntou a si mesmo enquanto se encaminhava para o chuveiro. O silêncio da casa, o escuro das habitações, a falta de alegria, de gargalhados, gritos e gemidos estava o deixando louco. Nina estava o deixando louco, e o sumiço dela também.
Iant havia a mantido sempre a vista, sempre por perto, com vigias nas costas, sem que ela percebesse, mas agora ela havia partido e para o seu pior desespero, com outro homem, Ian fechou os olhos após sair da ducha, se deitando, ainda molhado, no lençol imaculado e branco da cama. Podia ouvir ela gritar por ele. Era produto de sua imaginação ou algo estava realmente acontecendo. Mas, de qualquer maneira, havia algo nela do qual não podia confiar: um segredo do passado. Talvez aqueles olhos denunciavam que havia algo sendo escondido. Santo Deus! Aqueles olhos. Fechou seus olhos, a imaginando uma vez mais sobre si.Há algo errado com você, pensou Ian, há algo muito errado!~
Nina se sentou no ônibus com suas malas no chão, àquela hora da noite era quase impossível de encontrar algo descente. Acenou para Rodrigo que com as mãos no bolso fechou os olhos, sorrindo para depois o abrir e acenar também. Ela estava indo embora e ele ira seguir seu rumo para onde Deus quisesse o levar agora. O ônibus partiu e Nina fechou os olhos, abaixando a cabeça. Era hora de sentar e dizer a verdade à todos que quisessem ouvir. O táxi parou depois de mais uma hora de viagem na frente da casa magnífica. Nina desceu sentindo pela primeira vez que aquele lugar lhe pertencia, pegou sua mala e sua bolsa com a outra mão. Chovia, e o céu estava escuro e fúnebre. Sentiu medo caminhando pelo caminho de flores, após abrir o portão com sua chave esquecida, abriu a porta notando o silêncio da madrugada; eram quase mais de duas da manhã. Ela deixou as malas no chão, subindo as escadas de par em par. Já no corredor viu a porta de seu quarto entreaberta, o máximo que poderia encontrar era Ian com outra mulher, entrou no quarto prendendo a respiração e lá estava ele, na janela, de pé, ela parou na porta.
Ian: Acordei com o barulho do salto alto antes mesmo que você entrasse em casa. Não aprende que detesto o barulho de salto quando estou dormindo, Nina? – Nina sorriu, pois sabia que aquilo era a melhor "boas vindas" que poderia ter recebido – Estou obcecado por você. E se veio para partir novamente não se aproxime.
Nina: Há coisas que preciso lhe dizer, Ian... Mentiras que ficaram caladas por muito tempo. – Ian caminhou até ela com o roupão aberto – E depois que eu disser tudo o que tenho para te dizer, repetirá que me ama, se for verdadeiro, não que está obcecado por mim.
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Uma Linda Mulher (Adaptada)
FanfictionO Maravilhoso milionário Alfonso Herrera sempre teve tudo o que sempre desejou, mas perdido em seu próprio mundo de luxo, Poncho ajuda a uma prostitua! Ela trabalha no centro de Phoenix, mas ao decorrer da grande noite o contrato é feito - Uma seman...