FOURTY ONE

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    Todos pousamos no quintal dos fundos da minha casa, onde ninguém pode nos ver. Não controlo as lágrimas assim que meus pés tocam o chão.
    Eu saí daqui tão bobinha e voltei com a experiência que tenho agora - por mais que seja pouca -.

– Pare de chorar. -Taehyung murmura, passando a mão direita em meu rosto para secar minhas lágrimas. Ele age sem me olhar e nem virar-se para mim. Um ato de preocupação disfarçado de "eu não me importo".

    Ouço YoonGi rosnar atrás de mim, então agradeço à Tae com um movimento de cabeça e o mesmo se afasta. Logo volto à andar ao lado de YoonGi.

– Você é muito ciumento. -digo em tom baixo, para que só ele ouça.

– Ah, você acha? -ele ironiza, em tom elevado e revirando os olhos.

    Solto um breve riso, empurrando-o com o peso de meu corpo.
    Jin e os outros estão mais à frente, quase chegando na porta dos fundos.

– Esperem! -digo, então todos param. - Omma conhece vocês?

– Mais do que você conhece à si mesma. -Namjoon sorri, voltando sua atenção para a porta.

    Uma corrente de calor passa por meu corpo, por conta do nervosismo. YoonGi aperta minha mão tão forte que por um momento penso que meus ossos quebrariam. Estou apertando sua mão de volta na mesma intensidade, um passando confiança ao outro.

Vai dar tudo certo. -sussurro à mim mesma, erguendo a cabeça para que as lágrimas retornem aos meus olhos. - Por favor, permaneçam aí.

    Algo dentro de mim "desperta", então a vontade de chorar simplesmente some e sou consumida por uma coragem indescritível. Respiro fundo, aproveitando a sensação de confiança me consumir.
    Junto dela, sinto como se algo dentro de mim tivesse apagado. Não me imagino sentindo piedade, não me imagino sofrer. Não mais.

– O que está acontecendo? -pergunto à YoonGi, absolutamente confusa.

Acostume-se com essas maravilhosas mudanças. -ele sussurra, sorrindo.

    Seguimos os garotos até o interior de minha casa. Eles ficaram um tempo parados na porta antes de decidirem entrar - talvez pensando se entravam ou não. Decidiram entrar -.
    Assim que meu corpo cruza a porta, sinto uma corrente de energia atravessar meu corpo. Respiro fundo, passando os olhos por todos os cantos escuros da minha casa, que ainda está exatamente igual.
    Meus garotos já guardaram as asas dentro de seus corpos, porque obviamente não há espaço para elas dentro de minha pequena casa.

Onde ela está? -Hoseok sussurra.

– Provavelmente trabalhando. -digo em tom normal. Ela obviamente está trabalhando, seu turno é o noturno no trabalho.

    Atiro-me em meu antigo sofá, abraçando minhas almofadas e sentindo o cheiro inconfundível de minha mãe nelas. Sorrio com aquilo, de olhos fechados.

    Assim que abro os olhos, vejo os meus 7 garotos atirados um em cada canto da sala. Alguns lendo, outros no celular, outros observando cada canto da casa - como se estivessem relembrando cada detalhe de um lugar que não veem há tempos -.
    YoonGi está andando em passos curtos e lentos, observando atentamente cada um dos retratos espalhados pelas paredes e mesinhas da sala. Sorrio ao vê-lo sorrir para minhas fotos de quando criança.
    Este pega uma das fotos e senta-se ao meu lado no sofá. Ajeito-me para que ele se acomode, então ele se debruça sobre mim e mostra-me a foto.

– Lembra-de desse dia? -pergunta.

    Observo a foto, então lembro-me. Na foto, estou com uma roupa leve e um balão na mão esquerda, sorrindo para a câmera - qual minha mãe manuseava para tirar minha foto -.

– Sim. -digo, pegando o retrato em mãos e sorrindo para o mesmo. Deito-me de barriga para cima, para ver o retrato mais facilmente. - Eu estava voltando da minha primeira consulta ao psicólogo. Tinha 15 anos. Minha mãe me obrigou à ir, assim que eu disse estar vendo coisas. -rio soprado ao lembrar. - Por quê?

– Você já me conhecia nessa época e nem sabia. -diz, apertando os lábios em um sorriso. - Desculpe por ter sido o motivo de você ter de ir ao psicólogo. -ele força um tom de lamento.

Yah! Você me observa desde quando? -reclamo rindo, dando um tapa fraco em seu braço.

Ele se debruça sobre meu corpo, apoiado pelos braços e com nossos rostos próximos à ponto de nossos narizes se tocarem. - Desde a queda dos anjos. -responde, dando-me um beijo demorado.

    Ignoramos todos ali. É nosso primeiro beijo após eu quase salvá-lo, então nada em volta importa agora.

    Paramos assim que ouvimos o som da porta da frente se abrindo. Todos sentam-se direito no sofá ou cadeiras - missão complicada para Jin e Namjoon, que estavam já quase pelados -.
    Vejo o rosto sereno e moreno de minha mãe enquanto a mesma abria a porta, confusa. Sorrio à ela, e esta retribui assim que encontra meu rosto no meio deste monte de anjos.

Filha... -ela sussurra, já soluçando. Então entra e tranca a porta, pondo a mão sob sua boca enquanto desaba em lágrimas. Ponho-me em pé no lugar onde estou, então forço um sorriso simpático.

Oi, mamãe. -digo.

THE WRONG ANGEL » myg {1º temporada}Onde histórias criam vida. Descubra agora