Está anoitecer este é o meu segundo dia aqui, em Bradford. Ainda não comi, nem dormi. Devo de ter umas olheiras até ao chão e a minha barriga está a fazer barulho. Já aguentei muito pior, isto não é nada para quem já passou três semanas só com água para sobreviver. Podia alugar um apartamento ou ir para uma pensão, mas não quero ser reconhecida sei que John tem alguns contatos aqui, por enquanto, tem que ser assim.Caminho pelas a ruas escuras de Bradford, vejo pessoas agasalhadas e um pouco cansadas, nota-se que estão a sair agora do trabalho e que estão a caminho dos seus humildes lares. Gostava de ter tido isso na minha infância estar em casa e ver os meus pais a chegarem dos seus trabalhos, mas eu nem se quer tive oportunidade de os conhecer.
Ao longe vejo um grupinho de rapazes, saíram agora da escola ou então faltaram às últimas aulas do dia. Ri para mim mesma. Pode parecer estranho, mas tenho saudades desses tempos. A esta hora eu estava na rua tal como eles. Mas eles têm cara de meninos ricos, de meninos da mamã. Aposto que vão ouvir um sermão por chegarem às, olhei de esquina para um relógio de uma velhota, ás 19h em casa. Passei no meio do grupinho senti as minhas costas a queimarem com os olhos deles postos em mim. Cambada de putos com as hormonas aos saltos, ri mentalmente, eu sei bem o que é isso. Também já fui uma adolescente e ainda hoje o continuou a ser.
Continuei a andar pelas ruas de Bradford, já estava completamente escuro, já não se via tantas pessoas na rua como há uma hora atrás, agora o que se vê é uma pessoa ali, outra acolá. Olhei para o céu havia estrelas, muitas até, isto fez-me lembrar quando eu ficava toda pedrada com os gajos do gangue do John, bons tempos. Sorri. Agora, estava numa rua onde só se via sem-abrigos, deitados no chão com os seus pedaços de papelão por cima deles para se tentarem aquecer. Dava pena de olhar. A maioria destas pessoas são velhas e tem um ar cansado e triste. Passei pelo meio de todos aqueles sem-abrigo, até lhes dava o meu dinheiro, mas depois eu morria? Não. Sempre me safei de tudo, sempre arranjei uma maneira para tudo. E talvez aqui eu conseguisse uma boa vida.
Parei no meio da rua, estou a ouvir um barulho de música. Ri e segui o barulho. Um bar num beco sem saída. Hm, muito espertos. Andei até a porta do bar que fica a meio do beco escuro. A porta do bar já se via miúdas a serem comidas por gajos que aposto que nem conhecem, gajos a fumarem drogas, gajas a vomitarem para todos o cantos do beco. Abanei a cabeça em desaprovação e entrei no bar. Luzes, musica alta e mais luzes. Isto sim é minha onda. Fui para o balcão.
"O que vai ser?" disse um gajo alto, moreno de olhos castanhos escuros, quase pretos, e com algumas tatuagens no seu braço, era engraçadinho mas não era o meu tipo.
"hm, um batido de morango com bastante álcool." Sorri no fim do pedido, ele assentiu e desapareceu atrás do balcão. Encostei-me ao balcão e olhei em volta para ver o ambiente. Pessoas podres de bebadas a dançarem na pista, quer dizer, estavam-se mais a roçar um nos outros do que propriamente a dançar. Havia mais pessoas sentadas com seus amigos, namoradas. Tem um bom ambiente. Senti uma mão quente no meu braço. Olhei.
"Aqui tens a tua bebida." Sorriu e eu sorri de volta. Levei a palhinha do meu batido a boca. Hm, bom. Bastante bom. Tirei uma nota da minha mala, cheia de notas, e pus em cima do balcão. Comecei a andar em volta da pista de dança tentando reconhecer a cara de alguém que estava a dançar,
mas não havia ninguem conhecido. Ainda bem. Era mau se alguém me encontrasse aqui, mas este não é o tipo de bares que os 'amigos' do John costumam frequentar.
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Survival // Z.M
FanfictionMia Petrova tem 18 anos. Não tem pai, nem mãe. Mia vivia com uma tia, mas esta morreu quando Mia tinha 16 anos. A partir daí, Mia, teve que se fazer à vida metendo-se em coisas ilegais nas quais saiu sempre ilesa. Todos os gangues a querem, por ser...