Difícil arte de manter a ética - Parte 02

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- Bosta? Olha, bem se não é a iguaria na qual você é viciado?

Braz pega a caixa em suas mãos e diz:

- O que tem de errado com esse chocolate, eu vendo esse produto no mercado, ah Túlio, para. – Braz está bravo e parece que vai me socar. – Olha, esse cara foi um lance antes de eu te conhecer. Onde arrumou isso?

- Um lance? Tipo eu? Ele me disse que teriam um encontro hoje. Tá todo acabado porque?

- Te fiz uma pergunta. – Braz me cobra.

- Eu te fiz várias. – Cruzo os braços - Sou um lance? Teve um encontro com ele? E porque está cansado?

- Tenho uma só resposta para todas essas perguntas. – Ele sorri para mim, amolecendo meu coração. – Vai tomar no seu cu.

Que cara grosso! Fico perplexo a olhar aquele canalha traidor saindo pela porta do meu quarto batendo-a com força, o que me acorda daquela espécie de transe. Desta vez nem me rebaixo em ligar para ele e finalmente tenho certeza que fiz a coisa certa. Coloquei um ponto final naquela palhaçada. Sou um homem e não é direito apaixonar-me por outro homem, menos ainda sofrer por este e muito menos ainda sentir ciúmes e virar um idiota infantil.

Espera, esse homem é meu.

Esquecendo que ainda é frio nessa época eu desço correndo a escada só com a toalha na cintura. Quando abro a porta que ele nem chaveou, eu corro até seu carro onde ele mal entrou.

Braz abaixa o vidro elétrico e me olha dos pés a cabeça.

- Ficou louco? Entra no carro. – Ele acha que manda em mim. Mas entro só porque estou congelando. – Porque está se prestando a esse tipo de coisa?

- Que tipo de coisa?

- Ciúme, desconfiança, insegurança, estupidez, imaturidade, fora essa de sair pelado e descalço no inverno para correr atrás de um macho na rua.

- Ah Braz, chega. – Peço com certa vergonha e dou-lhe toda razão do mundo. Ele liga o ar quente e tira sua jaqueta para me cobrir. – Não estou com ciúme do Carlinho.

Falo com tanto desprezo o nome que ele começa a rir.

- Sim, eu acredito. – Pela cara dele, não é verdade o que acabou de dizer. – Entra que preciso ir embora. Amanhã é dia de namorar, não hoje.

- Fica.

- Não dá, meu namorado me disse que só posso dormir aqui nas quartas, sextas e finais de semana que seus filhos não vêm. E... – Ele faz uma pausa. - Meu namorado não confia em mim e isso me deixou triste, logo não posso ficar.

- Por favor. – Não quero ficar sozinho.

- Olhos verdes. Na noite passada nós dormimos pouco... Não fica me olhando com essa cara.

- Quer ir vai. – Eu cruzo os braços, porra, que homem irritante.

Ele abre a porta do carro do meu lado e eu fecho.

- Vamos. Eu fico essa noite, mas se ouvir aquele nome com C... Vou coloca-lo um mês de castigo de novo. – Ele me ameaça como se eu fosse uma criança, esse filho da puta. – Estou cansado, nada de sexo.

Já no quarto.

Braz despe-se completamente e pede-me uma toalha. Eu fico do lado de fora do banheiro querendo estar com ele sob a água quente do chuveiro.

Não quero só dormir com ele, quero transar com meu homem e pouco importa se ele não o quer. Ligo o ar quente e uma música para podermos relaxar. Um vinho? Em plena quinta feira a noite? Porque não? Desço e subo correndo com o vinho e as taças e sorrio quando ele sai do meu banheiro.

Ativo e Passivo - No sentido não contábil - ORIGINALOnde histórias criam vida. Descubra agora